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ÁGUIA EM TRANSE
Investidores têm dúvidas sobre solidez da economia dos EUA e abandonam parte das aplicações em dólares
Euro atinge sua maior cotação em 3 anos
DA REDAÇÃO
Foram dois meses de trégua e
de ligeiro otimismo, em que as
ações norte-americanas recuperaram 20% de seu valor depois de
terem tocado o pontos mais baixo
em cinco anos, mas os investidores voltaram a pôr à prova a solidez econômica dos EUA. O dólar
caiu à menor cotação ante o euro
em quase três anos, e as Bolsas fecharam a semana no vermelho.
A cotação do euro subiu ontem
para US$ 1,0221, o maior valor
desde janeiro de 2000. A divulgação de alguns indicadores positivos não bastou para conter a depreciação do dólar, e o euro subiu
0,6% no dia. No ano, a moeda européia já acumula alta de 14,3%.
"O dólar está caindo porque há
mais e mais dúvidas sobre a solidez da economia norte-americana e sobre o retorno das aplicações", disse Kevin Logan, economista sênior em Nova York do
banco Dresdner Kleiwort Wasserstein. De acordo com Logan,
isso está fazendo com que os investidores internacionais abandonem parte de suas aplicações
em dólares, o que faz a moeda
perder valor.
Para os analistas, ainda que não
pareça provável que a economia
dos EUA entre em um novo ciclo
recessivo, a recuperação tem sido
bem mais lenta do que o previsto
e, mais grave, não tem criado empregos. As previsões de crescimento para o próximo ano, que
oscilam entre 2% e 2,5%, deverão
ser revistas para baixo, dizem os
economistas.
Um dado preocupante é o endividamento das famílias norte-americanas, que está hoje no
maior nível dos últimos 15 anos. A
menos que o mercado de trabalho
melhore rapidamente, poderá haver uma queda no consumo, que
é a locomotiva da economia e gera
dois terços do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
"Há um sentimento de que, a
menos que a economia comece a
criar empregos, o vigor nos gastos
dos consumidores vai evaporar
em breve", afirmou Michael Lewis, do Deutsche Bank em Londres. "Há o temor de que as companhias continuem fechando vagas, com o objetivo de recuperar a
lucratividade."
Em 2000, no auge do boom das
empresas de alta tecnologia, a taxa de desemprego recuou para
3,9%, mas hoje está em 6%. Mais
de 2 milhões de postos foram fechados no período.
Os riscos geopolíticos também
voltaram a preocupar. O presidente dos EUA, George W. Bush,
não se mostrou satisfeito com a
concessões feitas pelo Iraque até
aqui. Se a guerra contra Saddam
Hussein vier, as já elevadas cotações do petróleo tenderiam a disparar. O projeto nuclear da Coréia
do Norte promete se transformar
em outro foco de instabilidade.
Vôo da galinha
Em agosto, os mercados mundiais caíram aos seus níveis mais
baixos em cinco anos. As causas
foram basicamente três: a crise de
confiança detonada pelas fraudes
contábeis, a estagnação nas principais economias do planeta e os
riscos geopolíticos.
Durante outubro e novembro,
os temores se dissiparam, e a economia norte-americana parecia
dar sinais de que finalmente retomaria o vigor perdido. O resultado foi uma recuperação nos preços das ações, e o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York chegou a atingir os 9.000 pontos.
Mas, agora, o humor voltou a se
deteriorar, e o Dow Jones já está
abaixo dos 8.500 pontos. Ontem o
índice teve queda de 1,22%. A
Nasdaq perdeu 2,64%, enquanto
o índice Standard & Poor's 500
recuou 1,34%.
Com agências internacionais
e "Financial Times"
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