São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ÁGUIA EM TRANSE

Investidores têm dúvidas sobre solidez da economia dos EUA e abandonam parte das aplicações em dólares

Euro atinge sua maior cotação em 3 anos

DA REDAÇÃO

Foram dois meses de trégua e de ligeiro otimismo, em que as ações norte-americanas recuperaram 20% de seu valor depois de terem tocado o pontos mais baixo em cinco anos, mas os investidores voltaram a pôr à prova a solidez econômica dos EUA. O dólar caiu à menor cotação ante o euro em quase três anos, e as Bolsas fecharam a semana no vermelho.
A cotação do euro subiu ontem para US$ 1,0221, o maior valor desde janeiro de 2000. A divulgação de alguns indicadores positivos não bastou para conter a depreciação do dólar, e o euro subiu 0,6% no dia. No ano, a moeda européia já acumula alta de 14,3%.
"O dólar está caindo porque há mais e mais dúvidas sobre a solidez da economia norte-americana e sobre o retorno das aplicações", disse Kevin Logan, economista sênior em Nova York do banco Dresdner Kleiwort Wasserstein. De acordo com Logan, isso está fazendo com que os investidores internacionais abandonem parte de suas aplicações em dólares, o que faz a moeda perder valor.
Para os analistas, ainda que não pareça provável que a economia dos EUA entre em um novo ciclo recessivo, a recuperação tem sido bem mais lenta do que o previsto e, mais grave, não tem criado empregos. As previsões de crescimento para o próximo ano, que oscilam entre 2% e 2,5%, deverão ser revistas para baixo, dizem os economistas.
Um dado preocupante é o endividamento das famílias norte-americanas, que está hoje no maior nível dos últimos 15 anos. A menos que o mercado de trabalho melhore rapidamente, poderá haver uma queda no consumo, que é a locomotiva da economia e gera dois terços do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
"Há um sentimento de que, a menos que a economia comece a criar empregos, o vigor nos gastos dos consumidores vai evaporar em breve", afirmou Michael Lewis, do Deutsche Bank em Londres. "Há o temor de que as companhias continuem fechando vagas, com o objetivo de recuperar a lucratividade."
Em 2000, no auge do boom das empresas de alta tecnologia, a taxa de desemprego recuou para 3,9%, mas hoje está em 6%. Mais de 2 milhões de postos foram fechados no período.
Os riscos geopolíticos também voltaram a preocupar. O presidente dos EUA, George W. Bush, não se mostrou satisfeito com a concessões feitas pelo Iraque até aqui. Se a guerra contra Saddam Hussein vier, as já elevadas cotações do petróleo tenderiam a disparar. O projeto nuclear da Coréia do Norte promete se transformar em outro foco de instabilidade.

Vôo da galinha
Em agosto, os mercados mundiais caíram aos seus níveis mais baixos em cinco anos. As causas foram basicamente três: a crise de confiança detonada pelas fraudes contábeis, a estagnação nas principais economias do planeta e os riscos geopolíticos.
Durante outubro e novembro, os temores se dissiparam, e a economia norte-americana parecia dar sinais de que finalmente retomaria o vigor perdido. O resultado foi uma recuperação nos preços das ações, e o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York chegou a atingir os 9.000 pontos.
Mas, agora, o humor voltou a se deteriorar, e o Dow Jones já está abaixo dos 8.500 pontos. Ontem o índice teve queda de 1,22%. A Nasdaq perdeu 2,64%, enquanto o índice Standard & Poor's 500 recuou 1,34%.


Com agências internacionais
e "Financial Times"


Texto Anterior: Aviação: Cai presidente da Bombardier no Canadá
Próximo Texto: Venezuela leva petróleo a pico em dois meses
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.