São Paulo, quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Próximo Texto | Índice

MERCADO ABERTO

Bird avalia clima para negócios no país

O Bird (Banco Mundial), por meio de seu braço para investimentos no setor privado, a IFC (Corporação Internacional de Finanças), anuncia amanhã, em Brasília, o lançamento de um projeto para avaliar o ambiente de negócios em 25 das maiores cidades do país.
A avaliação, que resultará em um índice, será semelhante ao estudo "Fazendo Negócios", divulgado anualmente pelo organismo e que classifica mais de 150 países, com base em dez indicadores das principais cidades de cada um. Na última edição, o Brasil ficou à frente de só quatro países em "tempo gasto para abrir um negócio" (152 dias).
Denominado "Projeto Municipal Scorecard", o programa será lançado no Brasil em parceria com a ABM (Associação Brasileira de Municípios), com apoio da CNC (Confederação Nacional do Comércio) e da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Será um projeto-piloto da IFC. Além do Brasil, outros quatro países da América Latina foram escolhidos para participar inicialmente da medição, que deve ficar pronta em junho próximo: Bolívia, Honduras, Nicarágua e Peru. Mas a previsão é que mais sete nações participem em 2006.
"A falta de informações atrapalha tentativas de melhorar os trâmites para negócios. A experiência mostra que a existência de índices e rankings sobre o desempenho de países ou cidades serve como motivador para governantes, além de permitir que o setor privado reivindique melhorias", diz Luke Haggart, diretor do departamento de ambiente de negócios do escritório da IFC para América Latina e Caribe.
Segundo a IFC, cerca de 66% do tempo necessário para a abertura de uma empresa é gasto na esfera municipal, o que demonstra a importância de desburocratizar o ambiente das cidades.
Após a conclusão do índice, que será calculado por ao menos três anos, para que seja possível comparar os dados, serão formados grupos para assistir os municípios que mais necessitem de ajuda, afirma José Carlos Rassier, diretor-executivo da ABM.

LUCRO FANÁTICO
Uma das principais redes de varejo de artigos de futebol do país, a Roxos e Doentes amplia seu campo de atuação no próximo ano, quando começa a administrar a loja de mais um clube da primeira divisão e lança um programa de franquias. A empresa, hoje responsável pela gestão das lojas de Corinthians, Internacional, Atlético-MG e Cruzeiro, passará a cuidar da loja do Goiás a partir de janeiro. Outro plano em análise é abrir pontos-de-venda dos clubes, hoje concentrados em sedes ou estádios, em regiões comerciais ou centrais. A rede deve encerrar o ano com crescimento de 35% nas vendas, ante 20% em 2004, impulsionado pelo título do São Paulo na Libertadores e do Corinthians no Campeonato Brasileiro, diz Eduardo Rosemberg, sócio da Roxos e Doentes. Para 2006, ele mantém o otimismo, devido à Copa do Mundo. "Teremos outro Natal no primeiro semestre." Já o programa de franquias prevê a abertura de seis lojas em SP no próximo ano e 30 até 2009.

ANÁLISE

"OMC virou cartório de ricos"

Pratini de Moraes, presidente da Abiec (associação dos exportadores de carne) e ex-ministro da Agricultura, diz que se tem dado uma importância exagerada à reunião da OMC em Hong Kong. Ele não espera grandes mudanças no comércio internacional. "A reunião é um exercício de enxugamento de gelo."
Para o Brasil, seria importante que os europeus reduzissem o subsídio agrícola, mas ele vê poucas chances de sucesso.
Para ele, essa redução não faria muita diferença. O grande mercado do agronegócio para o Brasil, hoje, são os países emergentes, que já compram mais da metade das exportações agrícolas. Em 2006, esses países devem passar a importar 60%, e, no final da década, entre 78% e 80%.
Pratini recomenda pragmatismo ao Brasil. "A OMC está se tornando cada vez mais um cartório de registro dos interesses agrícolas dos países ricos."

NÃO, NÃO E NÃO
Sobre as declarações de Guido Mantega de que o empréstimo do BNDES concedido à TAP (no caso Varig) não será transferido para o Docas, o empresário Nelson Tanure afirma que "não pediu, não está pedindo e não vai pedir dinheiro ao BNDES".

MAIS UM
Mario Cilento, vice-presidente da Carbocloro, ficará mais um ano na presidência da Abrace (associação dos grandes consumidores de energia). Será seu segundo mandato na entidade.

RACHA NA CERVEJA
A "Operação Cevada", que, em junho, prendeu funcionários da Schincariol e da Itaipava, ainda movimenta o setor. As duas empresas acabaram de pedir desfiliação do Sindicerv (Sindicato das Indústrias de Cerveja), que tem defendido o combate à sonegação fiscal. A entidade defende, por exemplo, ao lado da Receita Federal, a instalação de medidores de vazão em todas as fábricas de cerveja do país. Também anunciaram a saída do sindicato as empresas Conti e Convenção. O mercado de cerveja deve crescer 5% neste ano, segundo projeções do sindicato.

SEGMENTO LUXO
Youssef Nasr, diretor-geral do HSBC na América do Sul, inaugura hoje um Premier Centre na USP, em São Paulo. O investimento na agência, voltada a clientes de alta renda, será de R$ 1,3 milhão. Segundo Nasr, a aposta no segmento levou o banco a atingir a meta de 120 mil clientes "premier" no país. Para 2006, a expectativa é elevar em 10% a base. Serão investidos mais R$ 10 milhões no segmento, em novas agências e ações de fidelização. Neste ano, o banco inaugurou suas duas primeiras unidades nesse modelo no país.

LOGÍSTICA
A Editora Moderna inaugura na semana que vem um centro de distribuição avançado em Recife, que elevará em até 120% a movimentação anual da empresa e vai agilizar o atendimento aos Estados do Nordeste.

PARCERIA
O Conselho Federal de Contabilidade, com o Sebrae, investirá R$ 22 milhões em 2006 no programa "Contabilizando Sucesso", o dobro deste ano. O projeto forma contadores que ajudem pequenas e microempresas também na gestão dos negócios.

Moreno volta à Bombril

O ator Carlos Moreno voltará a protagonizar, em março, as campanhas da Bombril. As negociações, conduzidas pelo publicitário Washington Olivetto, começaram em outubro. Na segunda-feira, a diretoria bateu o martelo. A figura do "Garoto Bombril" foi criada por Olivetto em 1978. Mas, em 2004, a campanha fora suspensa.
Apesar da campanha, a empresa ainda enfrenta dificuldades. A diretoria executiva vai solicitar hoje ao conselho de administração a suspensão do contrato com o Trend Bank, instituição financeira que, desde 2003, responde pela reestruturação da Bombril.
A direção diz que o banco não tem cumprido vários itens do contrato, entre eles a redução de taxas de juros, o lançamento de debêntures, a captação de recursos de longo prazo e a renegociação de dívidas.
Entre as acusações, a de que o Trend Bank não liberou R$ 12 milhões de fomento e privou o caixa da empresa de cerca de R$ 28 milhões, a título de juros e cobrança de serviços.
Em paralelo, o Trend Bank estaria reduzindo o limite de crédito à empresa. Em janeiro, eram cerca de R$ 50 milhões. Hoje, são R$ 15 milhões. Pelo contrato, o limite não deveria ser inferior a R$ 20 milhões.
Uma das conseqüências dessa disputa é que ela tira fôlego da Bombril, num momento em que ela busca se recuperar.


Próximo Texto: Governo decide quitar toda a dívida com o FMI
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.