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Procuradoria ainda avaliará negócio; administrador descarta veto de credor
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A venda do controle da FRB
(Fundação Ruben Berta), controladora da Varig, ao empresário
Nelson Tanure ainda depende da
aprovação da Procuradoria de
Fundações do Rio Grande do Sul
e do colégio deliberante da FRB.
O colégio deliberante da fundação, que possui 165 membros, já
foi convocado e tem um prazo
mínimo de oito dias para se reunir e dar seu parecer sobre o negócio (a avaliação é que deve aprová-lo). Depois disso, a Procuradoria de Fundações do RS também
se pronunciará sobre a venda.
Se a procuradoria acreditar que
o negócio é prejudicial à fundação, ela pode embargá-lo na Justiça. "Vou examinar se a operação é
viável do ponto de vista da fundação ou não", diz Antonio Carlos
de Avelar Bastos, procurador de
fundações do RS. Segundo ele, o
negócio pode ser vetado pela procuradoria se o comprador, no caso o grupo Docas, presidido pelo
empresário Nelson Tanure, deixar as dívidas da Varig para serem
honradas pela FRB, por exemplo.
Por outro lado, o administrador
judicial da Varig, a consultoria
Deloitte, informou ontem que os
credores não poderão vetar a proposta de compra. Segundo Luiz
Alberto Fiore, da consultoria, a
negociação não passa pelo aval
dos credores porque foi feita diretamente com a FRB e envolve o
bloco de controle.
De acordo com a juíza Márcia
Cunha, da 2ª Vara Empresarial do
Rio, os credores não podem opinar porque a FRB-Par não está em
recuperação judicial: "Os credores podem interferir em negociações da Varig, da Rio Sul e da Nordeste, mas não do controle".
Os credores vão analisar a participação de Tanure de forma indireta. Isso porque o plano de recuperação desenhado pela administração da companhia deve sofrer
alterações do novo gestor.
Caso os credores não concordem com as modificações, poderão reprová-lo na próxima assembléia, marcada para o dia 19. Essa
decisão, no entanto, teria como
conseqüência a decretação de falência da companhia aérea.
Segundo a Folha apurou, o grupo Docas já iniciou os contatos
com os credores da Varig para
tentar garantir a aprovação do
plano de recuperação da aérea.
Tanure já conta com alguns
apoios, como o fundo de pensão
Aerus e o Sindicato Nacional dos
Aeronautas. Enfrenta resistência,
entretanto, de alguns setores do
governo e de outros sindicalistas,
como a associação TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) e os aeroviários de São Paulo.
Segundo Cunha, caso o plano
seja rejeitado, a companhia só não
vai à falência se a Justiça entender
que houve abuso de direito ou em
condições específicas -se o plano for reprovado por apenas uma
classe de credores, que tenha um
terço a favor do plano.
A assembléia marcada para ontem foi adiada por falta de quórum. Era necessário que mais de
50% dos credores da aérea estivessem representados.
A nova administração elaborou
um plano que prevê a transformação de dívidas em ações, que
seriam transferidas para quatro
fundos de investimento e participações. "A princípio, já existe algo
desenhado, temos que sentar com
os credores e o novo gestor para
ver se é necessário algum aperfeiçoamento", afirmou Bottini.
Negociação
O novo gestor da Varig, o grupo
Docas, poderá negociar participações nas empresas do grupo FRB-Par (Fundação Ruben Berta Participações) para chegar a um acordo com os credores, informou o
presidente do Conselho de Curadores da Fundação, Cesar Curi.
Com a aquisição do controle da
FRB, Tanure poderá incluir na negociação qualquer um dos ativos
do grupo, composto por 14 empresas. Curi citou como hipótese
a possibilidade de o novo gestor
negociar participações acionárias
nas empresas como parte do pagamento de dívidas ou ainda aumentar o capital dessas empresas.
Segundo ele, Tanure apresentou
garantias de que poderia arcar
com as despesas referentes à compra do controle da FRB-Par e das
subsidiárias Varig Log e VEM,
mas Curi especificou quais.
A preservação da integridade
do grupo de empresas pesou na
escolha da proposta de Tanure
pela FRB, segundo Curi.
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