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VAREJO
Cadeia americana adquire lojas e absorve diretor-presidente da rede portuguesa; dinheiro servirá para pagar dívidas
Wal-Mart acerta com Sonae e muda direção
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O acordo de venda do grupo de
varejo português Sonae Distribuição à rede norte-americana Wal-Mart foi assinado na manhã de
ontem. O anúncio pode acontecer
hoje. No acordo, o atual diretor-presidente do Sonae no país, Sergio Maia, ocupará a posição de vice-presidente do Wal-Mart e ficará logo abaixo do presidente da
rede no Brasil, Vicente Trius. O
diretor administrativo financeiro
da rede portuguesa, José Dimas
Gonçalves, também será absorvido no processo de aquisição, apurou a Folha.
O mercado esperava que o
anúncio fosse feito em novembro,
mas existiam detalhes ainda não
definidos e que foram acertados
nos últimos dias. Os "detalhes" tinham relação direta com o preço
do negócio. As partes não entravam em acordo em relação ao volume a ser pago. Belmiro de Azevedo, presidente da cadeia em
Portugal, deixou claro durante as
negociações que não aceitaria
menos de 800 milhões pelas lojas -todas localizadas no Sul do
país. Ele chegou até a afirmar que
não havia nenhum negócio em
evolução meses atrás.
Informações preliminares dão
conta de que o último valor proposto pelo Wal-Mart era de 700
milhões (US$ 1,8 bilhão). Mas
ainda estava aberto a discussão,
apurou a Folha.
A importância do valor está no
fato de que o Sonae deve utilizar
esse caixa para reduzir o seu endividamento lá fora. Os recursos
que entraram vão ajudar a abater
uma dívida do Sonae Distribuição
no mundo que está exatamente
nesse valor - 702 milhões, segundo dado de setembro de 2005.
Insatisfação
A saída do grupo português
também reflete a insatisfação da
empresa com os ganhos no país,
segundo analistas de varejo. A direção admite, em comunicado recente sobre o desempenho de
suas vendas, que "o contexto de
forte instabilidade política e desaceleração no ritmo de crescimento econômico" no Brasil refletiu
num "abrandamento" dos resultados da rede.
A demanda interna enfraquecida, afirma, resultado de juros altos, somada "à expansão de um
mercado informal fortemente
enraizado, também tem punido o
desempenho da empresa", diz comunicado encaminhado pela empresa ao mercado financeiro em
Portugal. De janeiro a setembro,
as vendas brutas da rede somaram R$ 3,4 bilhões, uma expansão
de 12% em relação a 2004.
Procuradas pela Folha, Wal-Mart e Sonae dizem não comentar rumores sobre negociações.
Recentemente, o grupo europeu
vendeu ao Carrefour, por 114
milhões (R$ 317 milhões, na época), dez hipermercados na capital
paulista, região do ABC e litoral,
cujo faturamento atingia R$ 579
milhões ao ano.
Com a venda em junho dessas
dez lojas de São Paulo, o número
atual de pontos-de-venda, declarado pela empresa portuguesa em
sua página na internet, cai para
134 -que equivalem ao total de
lojas restantes a serem negociadas
para a venda a cadeia norte-americana, portanto.
Com o negócio, o faturamento
anual bruto do Wal-Mart deve alcançar no país -com base em
dados do ano passado- quase
R$ 10 bilhões. O grupo norte-americano continua, no entanto,
na terceira colocação no ranking
geral do setor supermercadista,
atrás de Pão de Açúcar e Carrefour, nessa ordem. É o segundo
grande negócio da rede no país e o
maior do varejo neste ano. Por
US$ 300 milhões (R$ 867 milhões), o Wal-Mart já havia comprado a cadeia nordestina Bompreço, em março de 2004.
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