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Lula sinaliza reformas de trabalho e Previdência
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou ontem a
sindicalistas e integrantes de
movimentos sociais que ainda
pensa em propor ao Congresso
propostas de reformas trabalhista e da Previdência Social.
Em encontro fechado de
duas horas no Palácio do Planalto, Lula disse que seu próximo passo na área previdenciária é criar, no segundo mandato, um fórum nacional para discutir o tema. O objetivo, segundo relato à Folha de alguns dos
presentes, é buscar um consenso entre empresários, trabalhadores e governo para, a seguir,
encaminhar nova proposta à
Câmara e ao Senado.
Apesar de o Planalto propagandear que somente avalia
mudanças administrativas, não
constitucionais, ontem Lula
lançou algumas dúvidas sobre
o atual modelo. Falou, por
exemplo, sobre a questão da
idade mínima. "Será que é justo uma pessoa de 45, 48 anos de
idade se aposentar? Isso será
possível continuar?", questionou o petista, que completou:
"De repente essa pessoa vai
passar mais tempo da vida aposentada do que trabalhando".
No encontro de ontem, após
colocar em pauta a idade mínima para a aposentadoria, Lula
falou também sobre a possibilidade de cobrança da contribuição patronal para o INSS sobre
o faturamento, e não mais o valor da folha de pagamentos das
empresas. "Vamos continuar
discutindo isso até chegarmos
a um consenso", teria dito aos
cerca de 30 representantes de
entidades e movimentos.
A discussão acerca da Previdência é espinhosa para o Planalto. Isso porque tanto a
maioria dos movimentos e sindicatos que o apóiam como alguns partidos da nova "coalizão" de governo, como o PDT,
são contrários a uma nova reforma constitucional.
Ontem mesmo, a CUT já se
opôs a eventuais alterações na
Previdência. "Queremos uma
reforma para incluir quem está
fora, não para tirar direitos de
quem está dentro", disse João
Felício, secretário de Relações
Internacionais.
Por conta dessas resistências, Lula tem mantido um discurso dúbio sobre o assunto.
No mês passado, por exemplo,
afirmou à cúpula pedetista que
uma nova reforma não estava
em seus planos. Ontem, apesar
de não ter sido direto, sinalizou
que ainda trabalha com a possibilidade de mudanças.
Sobre a reforma trabalhista,
o discurso foi o mesmo. Disse
que é preciso um consenso entre todos os setores da sociedade, como empresários, trabalhadores e governo, antes de
encaminhá-la ao Congresso.
Prometeu manter o tema na
discussão do Fórum Nacional
do Trabalho.
Lula recebeu um documento
assinado pelas entidades e movimentos da CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais)
que diz que há "claras manifestações de setores empresariais
e de setores que participam da
base governamental no Congresso, pressionando para que
haja reformas na Previdência,
nos direitos trabalhistas e sindicais, além de uma reforma
tributária" e que os movimentos sociais se mobilizarão "para
garantir que todos os direitos
sociais sejam preservados e
ampliados".
No início da noite, no Planalto, Lula falou rapidamente de
eventuais reformas. Sobre a
previdenciária, disse: "Quando
você fala em reforma da Previdência, você precisa pensar a
reforma para a próxima geração. Porque você não pode mexer em direitos adquiridos".
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