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Morre Nobel de Economia Paul Samuelson, aos 94 anos
Professor do MIT, norte-americano ajudou na criação das bases da economia atual
Apesar dos convites, nunca ocupou cargo no governo, mas atuou como conselheiro dos presidentes John Kennedy e Lyndon Johnson
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O economista americano
Paul Samuelson, 94, morreu
ontem em sua casa em Belmont, Massachusetts. Ele foi o
primeiro americano a ganhar o
Nobel de Economia, em 1970.
Seu trabalho ajudou a criar as
bases da economia moderna.
Na entrega do Nobel, a academia sueca afirmou à época
que ele foi laureado "por seu
trabalho científico no qual desenvolveu teorias nos campos
da economia estática e dinâmica, contribuindo ativamente
para aumentar o nível da análise da ciência econômica".
Samuelson era famoso pela
aplicação da análise matemática rigorosa ao equilíbrio entre
preços, oferta e demanda. Ele
foi professor do MIT (Instituto
de Tecnologia de Massachusetts) durante décadas, atraiu
acadêmicos notáveis para lecionar na instituição e formou
economistas de renome.
Alguns dos economistas famosos formados pelo MIT são
o presidente do Fed (Federal
Reserve, o banco central americano), Ben Bernanke, o ganhador do Nobel e colunista do
"New York Times", Paul Krugman, e Christina Romer, do
grupo de conselheiros econômicos da Casa Branca.
Samuelson declarou que em
1932, quando começou a assistir aulas na Universidade de
Chicago, "nasceu o economista". Na academia, disse que percebia uma diferença entre o
que era ensinado nas salas de
aula e "o que era ouvido do lado
de fora das janelas e nas ruas",
em referência aos efeitos da
Grande Depressão.
Samuelson insistia em que a
matemática era essencial para
a análise econômica. Dizia que
os economistas eram "atletas
altamente treinados que nunca
ganharam uma corrida".
Seu livro sobre análise econômica vendeu mais de 4 milhões de cópias desde o lançamento, em 1948. Sobre o sucesso do livro-texto, disse: "Penso
que a economia -e isso é o que
tentei transmitir- tem uma
tremenda quantidade de interesse humano".
O livro ensinou a diversas gerações de estudantes as ideias
de John Maynard Keynes. Nos
anos 1930, ele desenvolveu a
teoria de que economias de
mercado podem entrar em depressão e que precisam nestes
casos de um forte impulso do
governo, em gastos ou corte de
impostos. A lição foi fartamente empregada após a explosão
da crise financeira em 2008.
Além da variedade de temas
abordados em sua pesquisa
acadêmica, Samuelson era famoso pelo senso de humor. Em
discursos, proferiu frases como: "É verdade que os mercados de ações podem prever os
ciclos econômicos. O mercado
de ações previu nove das últimas cinco recessões". Ou ainda
sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres que
exercem a mesma atividade:
"Mulheres são homens sem dinheiro".
Conselheiro
Samuelson atuou como conselheiro econômico dos presidentes John F. Kennedy e de
seu sucessor, Lyndon Johnson.
Apesar dos convites, nunca
quis assumir um cargo do governo porque queria ter a liberdade de escrever sobre o que
quisesse e da maneira que quisesse, segundo ele.
Mesmo assim, atuou como
consultor para o Tesouro, o Escritório do Orçamento e como
conselheiro do presidente.
Depois da eleição de 1960, o
professor avisou Kennedy de
que o país estava caminhando
para uma recessão e que ele deveria cortar impostos para superar aquele momento. "Uma
redução temporária nos impostos pode ser uma arma poderosa contra a recessão", disse o
economista na época.
Samuelson citou em entrevistas a reação do presidente.
"Acabei de fazer campanha
com uma plataforma de responsabilidade fiscal e você está
aqui me dizendo que a primeira
coisa que devo fazer é cortar
impostos?" Kennedy não chegou a tomar medidas concretas
sobre o assunto porque foi assassinado, em 1963, mas seu sucessor, Johnson, seguiu o conselho e o corte de impostos ajudou a revigorar a economia.
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