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TRIBUTOS
2000 será um ano mais difícil, diz o secretário Everardo Maciel
Arrecadação da Receita cresce 2,06% em 1999
da Sucursal de Brasília
A Receita Federal arrecadou R$
164,055 bilhões no ano passado,
recorde histórico de arrecadação,
em valores corrigidos pelo IGP-DI, um dos índices de inflação da
Fundação Getúlio Vargas. A cifra
mostra que houve um aumento
real da arrecadação de 2,06% em
1999 em relação ao ano de 1998.
Embora não tenha concordado
em indicar sua previsão de arrecadação total para 2000, o secretário da Receita Federal, Everardo
Maciel, afirmou que este será "um
ano mais difícil".
"O crescimento da economia
vai concorrer em favor da arrecadação. Mas não vamos contar
com as receitas extras que entraram no caixa do ano passado",
afirmou Maciel.
De fato, o total da arrecadação
de 1999 foi "inflado" por R$ 9,740
bilhões em receitas que não são
administradas pelo fisco. Boa parte desses recursos dificilmente será repetida neste ano.
Contribuintes que desistiram
da contestação do pagamento de
tributos dos anos anteriores na
Justiça participaram com R$ 4,5
bilhões nessa cifra. Os R$ 5,2 bilhões restantes foram gerados pela concessão de serviços de telecomunicações, por depósitos abandonados nos bancos, entre outras
fontes adicionais.
Crescimento
Excluídos esses R$ 9,740 bilhões, as receitas administradas
pelo fisco -impostos, contribuições e algumas das taxas federais- somaram R$ 154,315 bilhões e foram 8,52% superiores às
de 1998. Em relação a 1994, o aumento foi de 35,12%.
Segundo Maciel, sem o desempenho mais favorável da arrecadação da Receita no ano passado,
o Brasil "teria se convertido em
uma Rússia americana".
"Se não fosse o desempenho da
Receita, o país não alcançaria as
metas fiscais firmadas com o FMI
(Fundo Monetário Internacional)", afirmou o secretário.
O crescimento econômico inferior a 1% no ano passado foi responsável pela queda na arrecadação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de 9,3%.
Mesmo assim, o fisco elevou seu
resultado geral em todo o ano em
razão de três fatores.
O primeiro deles foi a desvalorização do real em relação ao dólar,
que interferiu favoravelmente em
alguns tributos.
O segundo fator favorável foi o
aumento de alíquotas de alguns
impostos em razão das metas de
ajuste fiscal do governo federal
acertado com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
De acordo com o secretário da
Receita, o terceiro fator favorável
foi a eliminação de brechas para a
sonegação e o maior controle da
fiscalização.
Um dos exemplos é o desempenho do IRRF (Imposto de Renda
Retido na Fonte) sobre remessas
de capital ao exterior. A arrecadação passou de R$ 2,349 bilhões,
em 1998, para R$ 3,742 bilhões, no
ano passado.
Desvalorização
Esse aumento, de 59,30%, decorreu tanto da desvalorização do
real quanto da ampliação dessa
tributação, que passou a atingir os
instrumentos de proteção de investidores contra movimentos do
câmbio (os hedges).
O aumento de 53,23% na receita
da Cofins (Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social), na mesma comparação, foi
resultado da elevação de um ponto percentual na sua alíquota
-uma das medidas constantes
do último pacote.
Esse recolhimento aumentou
de R$ 22,632 bilhões para R$
34,678 bilhões. O tributo "gêmeo"
da Cofins, o PIS/Pasep, também
apresentou uma arrecadação adicional de 17,71%.
Como esse aumento de alíquota
da Cofins podia ser compensado
no valor devido da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), esse tributo apresentou
uma queda de 14,18% na sua arrecadação anual.
A mudança nas regras do IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras) no começo do ano -inclusive com aumento das alíquotas até julho- garantiu uma arrecadação 25,10% maior, de R$
5,347 bilhões.
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