São Paulo, Sábado, 15 de Janeiro de 2000


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CAPITAIS
Fluxo de recursos de estrangeiros voltou a ficar positivo, depois da queda de US$ 2,5 bilhões em 98
Bolsas receberam US$ 1,1 bilhão em 99

PAULO CABRAL
do FolhaNews

O fluxo de recursos estrangeiros para as Bolsas brasileiras ficou positivo em US$ 1,1 bilhão em 1999, contra um saldo negativo de US$ 2,462 bilhões em 1998. Os números fazem parte das estatísticas do Anexo 4 (instrumento pelo qual os recursos estrangeiros chegam às Bolsas brasileiras) divulgadas mensalmente pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
O resultado do ano passado tem o aspecto positivo de apresentar um superávit de recursos, mas ao mesmo tempo retrata uma redução nos volumes de recursos que circularam pelo país.
As entradas em 1999 somaram US$ 12,396 bilhões, contra saídas de US$ 11,296 bilhões. Por outro lado, em 1998 o saldo negativo foi resultado de um movimento que ficou perto do dobro do registrado no ano passado: entradas de US$ 21,887 bilhões e saídas de US$ 24,349 bilhões.
O ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni considera o saldo positivo no Anexo 4 um sinal de confiança dos estrangeiros nos ajustes macroeconômicos brasileiros.
"Os recursos do Anexo 4 são em geral de alta volatilidade e, portanto, muito sensíveis às variações de confiança. Também a estabilidade cambial reduz as saídas líquidas de capital", diz Langoni.
O ex-presidente do BC ressalta, no entanto, que o Brasil ainda não conseguiu se recuperar das interrupção do fluxo de recursos provocada pela crise russa em 1998. "A partir da crise na Rússia houve de fato uma drástica redução dos volumes de recursos e esse patamar nunca foi completamente recuperado."

Interesse cai
Langoni observa que o interesse pelas debêntures brasileiras (papéis emitidos por empresas privadas como forma de captar dinheiro) também se reduziu muito depois da crise.
Os números da CVM mostra que em dezembro de 1998 as debêntures representavam 1% das carteiras de Anexo 4, com um total de US$ 173,43 milhões. Em dezembro do ano passado a participação aumentou em números absolutos, ficando em US$ 189 milhões, mas em termos relativos caiu para 0,82% do total.
O economista acredita em uma tendência positiva para o fluxo de recursos neste ano, apesar do saldo negativo de US$ 27,75 milhões registrado pela CVM no mês de dezembro de 99 (entradas de US$ 1,216 bilhão e saídas de US$ 1,244 bilhão).
"Isso é sazonal e pode representar algum efeito do bug. A tendência para o ano 2000 é positiva, principalmente com a consolidação do ajuste fiscal", avalia Langoni.



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