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CAPITAIS
Fluxo de recursos de estrangeiros voltou a ficar positivo, depois da queda de US$ 2,5 bilhões em 98
Bolsas receberam US$ 1,1 bilhão em 99
PAULO CABRAL
do FolhaNews
O fluxo de recursos estrangeiros
para as Bolsas brasileiras ficou
positivo em US$ 1,1 bilhão em
1999, contra um saldo negativo de
US$ 2,462 bilhões em 1998. Os números fazem parte das estatísticas
do Anexo 4 (instrumento pelo
qual os recursos estrangeiros chegam às Bolsas brasileiras) divulgadas mensalmente pela CVM
(Comissão de Valores Mobiliários).
O resultado do ano passado tem
o aspecto positivo de apresentar
um superávit de recursos, mas ao
mesmo tempo retrata uma redução nos volumes de recursos que
circularam pelo país.
As entradas em 1999 somaram
US$ 12,396 bilhões, contra saídas
de US$ 11,296 bilhões. Por outro
lado, em 1998 o saldo negativo foi
resultado de um movimento que
ficou perto do dobro do registrado no ano passado: entradas de
US$ 21,887 bilhões e saídas de
US$ 24,349 bilhões.
O ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni considera o
saldo positivo no Anexo 4 um sinal de confiança dos estrangeiros
nos ajustes macroeconômicos
brasileiros.
"Os recursos do Anexo 4 são em
geral de alta volatilidade e, portanto, muito sensíveis às variações de confiança. Também a estabilidade cambial reduz as saídas
líquidas de capital", diz Langoni.
O ex-presidente do BC ressalta,
no entanto, que o Brasil ainda não
conseguiu se recuperar das interrupção do fluxo de recursos provocada pela crise russa em 1998.
"A partir da crise na Rússia houve
de fato uma drástica redução dos
volumes de recursos e esse patamar nunca foi completamente recuperado."
Interesse cai
Langoni observa que o interesse
pelas debêntures brasileiras (papéis emitidos por empresas privadas como forma de captar dinheiro) também se reduziu muito depois da crise.
Os números da CVM mostra
que em dezembro de 1998 as debêntures representavam 1% das
carteiras de Anexo 4, com um total de US$ 173,43 milhões. Em dezembro do ano passado a participação aumentou em números absolutos, ficando em US$ 189 milhões, mas em termos relativos
caiu para 0,82% do total.
O economista acredita em uma
tendência positiva para o fluxo de
recursos neste ano, apesar do saldo negativo de US$ 27,75 milhões
registrado pela CVM no mês de
dezembro de 99 (entradas de US$
1,216 bilhão e saídas de US$ 1,244
bilhão).
"Isso é sazonal e pode representar algum efeito do bug. A tendência para o ano 2000 é positiva,
principalmente com a consolidação do ajuste fiscal", avalia Langoni.
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