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MERCOSUL
Alpargatas demite funcionários
Argentina estuda novas restrições
VANESSA ADACHI
de Buenos Aires
A secretária de Indústria e Comércio argentina, Débora Giorgi,
disse ontem que o governo estuda
um conjunto de medidas para
evitar que mais indústrias migrem da Argentina para o Brasil.
A desvalorização da moeda brasileira, há um ano, barateou os custos de produção no país e desencadeou a transferência de empresas em busca de condições mais
competitivas de produção.
Em entrevista à rádio Continental, a secretária disse que está em
análise a possibilidade de "manter proteções, salvaguardas contra países membros da Organização Mundial de Comércio".
Segundo a secretária, as reivindicações de medidas protecionistas feitas por setores como têxtil,
de calçados, automotivo, entre
outros, têm o objetivo de "compensar os efeitos negativos da
desvalorização brasileira". A secretária não deu maiores detalhes
das medidas a serem adotadas.
Segundo a União Industrial Argentina, mais de 60 empresas já
deixaram o país desde a desvalorização. As declarações de Débora
Giorgi foram uma reação às demissões na Alpargatas e às pressões da empresa para que o governo proteja a indústria nacional.
A Alpargatas, tradicional empresa do setor têxtil e calçadista
do país, anunciou a demissão de
240 funcionários de sua fábrica de
Florêncio Varela, a 30 quilômetros da capital do país. A demissão, que atinge metade dos empregados dessa planta, seria apenas o início de uma reestruturação que pode chegar ao corte de
3.000 de seus 6.000 funcionários.
Existem rumores de que a empresa poderia transferir quase todas suas operações para o Brasil.
As ameaças visam forçar o governo argentino a manter cotas à importação de sapatos. A medida foi
desaconselhada pela OMC.
A Alpargatas tem seis fábricas
na Argentina e por causa de uma
dívida de US$ 650 milhões com
bancos seu controle acionários
está trocando de mãos. Os bancos
receberão 93% de suas ações, que
hoje pertencem às famílias Zavalía Lagos e Clutterbuck.
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