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TELEFÓNICA
Troca das ações seria vantajosa para os acionistas, mas há dúvida sobre impacto nas Bolsas do país
Proposta espanhola divide os analistas
MAURO TEIXEIRA
da Reportagem Local
Os analistas e profissionais de
mercado acreditam que os acionistas da Telesp e da Tele Sudeste
Celular serão beneficiados na troca de suas ações por papéis da
holding da Telefónica, mas têm
dúvidas sobre o impacto da operação nas Bolsas brasileiras.
Para a troca das ações das operadoras brasileiras, a Telefónica
promete pagar um prêmio de
40% sobre a média dos últimos
cinco pregões antes da operação.
A principal ressalva feito pelos
analistas é a de que a empresa espanhola estará trocando suas
ações num momento em que esses papéis estão em seu "pico de
preço", depois da forte valorização ocorrida no ano passado. Por
outro lado, os papéis da Telesp estariam baratos, na opinião de boa
parte do mercado.
"O acionista brasileiro não será
prejudicado, mas está claro que a
holding será a maior beneficiada", avalia Gabriel Jafet, gestor de
renda variável da corretora Oryx.
A mesma opinião tem Gregório
Mancebo, gerente de Corporate
da corretora Socopa, que ressalta
o fato de que o acionista da Telesp
e da Tele Sudeste estará trocando
ações de uma empresa regional,
de atuação específica, por papéis
de uma companhia multinacional
com negócios em várias áreas.
Assim como a maioria dos analistas, Mancebo está intrigado a
respeito do propósito da operação e dos critérios adotados pela
holding espanhola.
"Por que um ágio de 40%, e não
de 60% ou 70%? Talvez tenham
concluído que os ativos brasileiros estivessem subavaliado, mas é
difícil saber", afirma Macebo.
O analista de papéis da Supra
Corretora Wagner Soares de Andrade também vê a proposta como interessante para o acionista
minoritário, mas tem dúvidas sobre a intenção da Telefónica.
"Acho estranho essa operação
em nível mundial, apesar de a empresa já ter o controle dessas operadoras", diz Andrade.
As opiniões divergem quando o
assunto é o mercado acionário.
Parte dos profissionais e analistas
acha que a operação vai prejudicar as Bolsas brasileiras, na medida em que poderá gerar uma
transferência do volume negociado para outros mercados.
O presidente da Bovespa, Alfredo Riskallah, criticou a operação,
observando que desaparecerá
uma ação (Telesp) com potencial
para virar uma "blue chip".
Mais otimista, Gabriel Jafet
acredita que a operação "vai profissionalizar mais a Bolsa".
Para alguns analistas, os papéis
da holding poderão se tornar os
principais da Bolsa. Ontem a Bovespa divulgou que vai criar dois
novos recibos de teles, os RCTB32
e RCTB42, em razão da troca de
ações da Telesp e da Tele Sudeste
Celular por BDRs da Telefônica.
Informações
O Ministério da Previdência pediu à CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) mais informações
sobre a operação proposta pela
Telefónica, com o objetivo de
analisar a situação dos fundos de
pensão detentores de ações de
empresas brasileiras controladas
pelo grupo espanhol.
Em nota oficial, o ministério
afirmou que não há "incompatibilidade" na troca de ações por
BDR, mas a questão ainda está
sendo analisada. A nota cita uma
resolução do Conselho Monetário Nacional que proíbe a aplicação de recursos de fundos de pensão no exterior, para impedir a
saída de capitais provenientes de
contribuições feitas no país.
O presidente Fernando Henrique Cardoso recebe na segunda-feira, em Brasília, o chairman da
Telefónica, Juan Villalonga.
Com FolhaNews e Sucursal de Brasília
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