São Paulo, Sábado, 15 de Janeiro de 2000


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TELEFÓNICA
Troca das ações seria vantajosa para os acionistas, mas há dúvida sobre impacto nas Bolsas do país
Proposta espanhola divide os analistas

MAURO TEIXEIRA
da Reportagem Local

Os analistas e profissionais de mercado acreditam que os acionistas da Telesp e da Tele Sudeste Celular serão beneficiados na troca de suas ações por papéis da holding da Telefónica, mas têm dúvidas sobre o impacto da operação nas Bolsas brasileiras.
Para a troca das ações das operadoras brasileiras, a Telefónica promete pagar um prêmio de 40% sobre a média dos últimos cinco pregões antes da operação.
A principal ressalva feito pelos analistas é a de que a empresa espanhola estará trocando suas ações num momento em que esses papéis estão em seu "pico de preço", depois da forte valorização ocorrida no ano passado. Por outro lado, os papéis da Telesp estariam baratos, na opinião de boa parte do mercado.
"O acionista brasileiro não será prejudicado, mas está claro que a holding será a maior beneficiada", avalia Gabriel Jafet, gestor de renda variável da corretora Oryx.
A mesma opinião tem Gregório Mancebo, gerente de Corporate da corretora Socopa, que ressalta o fato de que o acionista da Telesp e da Tele Sudeste estará trocando ações de uma empresa regional, de atuação específica, por papéis de uma companhia multinacional com negócios em várias áreas.
Assim como a maioria dos analistas, Mancebo está intrigado a respeito do propósito da operação e dos critérios adotados pela holding espanhola.
"Por que um ágio de 40%, e não de 60% ou 70%? Talvez tenham concluído que os ativos brasileiros estivessem subavaliado, mas é difícil saber", afirma Macebo.
O analista de papéis da Supra Corretora Wagner Soares de Andrade também vê a proposta como interessante para o acionista minoritário, mas tem dúvidas sobre a intenção da Telefónica.
"Acho estranho essa operação em nível mundial, apesar de a empresa já ter o controle dessas operadoras", diz Andrade.
As opiniões divergem quando o assunto é o mercado acionário. Parte dos profissionais e analistas acha que a operação vai prejudicar as Bolsas brasileiras, na medida em que poderá gerar uma transferência do volume negociado para outros mercados.
O presidente da Bovespa, Alfredo Riskallah, criticou a operação, observando que desaparecerá uma ação (Telesp) com potencial para virar uma "blue chip".
Mais otimista, Gabriel Jafet acredita que a operação "vai profissionalizar mais a Bolsa".
Para alguns analistas, os papéis da holding poderão se tornar os principais da Bolsa. Ontem a Bovespa divulgou que vai criar dois novos recibos de teles, os RCTB32 e RCTB42, em razão da troca de ações da Telesp e da Tele Sudeste Celular por BDRs da Telefônica.

Informações
O Ministério da Previdência pediu à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) mais informações sobre a operação proposta pela Telefónica, com o objetivo de analisar a situação dos fundos de pensão detentores de ações de empresas brasileiras controladas pelo grupo espanhol.
Em nota oficial, o ministério afirmou que não há "incompatibilidade" na troca de ações por BDR, mas a questão ainda está sendo analisada. A nota cita uma resolução do Conselho Monetário Nacional que proíbe a aplicação de recursos de fundos de pensão no exterior, para impedir a saída de capitais provenientes de contribuições feitas no país.
O presidente Fernando Henrique Cardoso recebe na segunda-feira, em Brasília, o chairman da Telefónica, Juan Villalonga.


Com FolhaNews e Sucursal de Brasília

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