São Paulo, sexta, 15 de janeiro de 1999

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BANCO CENTRAL

Diretor de Fiscalização pede demissão

da Sucursal de Brasília

O diretor de Fiscalização do Banco Central, Cláudio Mauch, decidiu deixar o cargo e foi obrigado a soltar nota negando que sua saída tenha relação com eventuais problemas com bancos.
Mauch anunciou sua decisão no meio da tarde e, momentos depois, o mercado financeiro começou a especular se a saída do diretor tinha relação com boatos que circulavam desde a manhã sobre eventuais prejuízos que bancos teriam sofrido com a desvalorização.
No início da noite, Mauch divulgou uma nota. "Jamais deixaria o cargo se o sistema financeiro estivesse vivendo um momento de instabilidade", afirma.
Ele afirmou considerar "um desrespeito" as insinuações de que estaria deixando a instituição em razão de possíveis problemas existentes em bancos.
"Em vários momentos adiei a decisão de deixar o cargo porque os problemas vividos pelo sistema financeira exigiram total dedicação", afirma a nota. As especulações sobre quebra de bancos ficaram mais fortes após entrevista em que Mauch anunciou sua saída.
Mauch disse não recear que sua decisão de deixar a diretoria do BC vá ampliar o nervosismo no mercado. Mas ele não descartou de forma veemente a possibilidade de prejuízos em algumas instituições isoladas em decorrência da desvalorização. "É um sistema com duzentos e tantos bancos. Vai dizer que nenhum teve problema? Vai depender de cada um. Mas não tem nada que está para explodir."
Segundo Mauch, hoje os níveis de capitalização, de provisão para perdas, de exposição a riscos e de liquidez são muito mais favoráveis que em crises passadas.
Quando anunciou sua decisão, durante a tarde, ele afirmou que a saída se deve a motivos pessoais, e não à substituição de Gustavo Franco por Francisco Lopes na presidência do BC ou às mudanças do sistema de câmbio.
"Não tenho divergências com ninguém nem com o que foi feito", disse. Ele acrescentou que mantém boa relação com Lopes e que sua relação com as políticas monetária e cambial é reduzida. "Cuido da fiscalização, uma parte completamente distinta. O Brasil tem a particularidade de reunir fiscalização e política monetária no BC. Em outros países são separadas."
O diretor de Assuntos Internacionais do BC, Demósthenes Madureira de Pinho Neto, é muito mais próximo do presidente demissionário, Gustavo Franco.
Pinho Neto foi convidado por Franco para a diretoria que antes ele próprio ocupava. Por isso, é forte a especulação de que Pinho Neto deixará o BC. Mauch afirmou que havia acertado a saída em setembro de 98, afirmando que havia passado seis anos distante da família, que mora em Porto Alegre.



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