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INVESTIMENTOS
Bancos apostavam contra a desvalorização da moeda brasileira e foram pegos de surpresa na quarta
Fundos dão prejuízo de até 51% em um dia
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
Fundos de investimentos que
apostavam contra uma desvalorização do real
deram aos seus
cotistas prejuízos de milhões
na última quarta-feira, quando o
governo mudou o sistema cambial
e o real caiu 8,26%. Em alguns casos, a perda foi de 51% em um único dia.
As perdas estão sendo trazidas a
público hoje pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), que acompanha a variação das cotas dos fundos e fornece
o material publicado pelos jornais
diariamente.
O mau desempenho dos fundos
foi um dos ingredientes do nervosismo que tomou conta do mercado financeiro brasileiro, ontem,
aumentando a insegurança e alimentando boatos, como o de que
os resgates haviam sido suspensos
por alguns bancos.
Os bancos cariocas Boavista,
FonteCindam e Marka registraram
os piores resultados.
O caso mais extremo é o do fundo Boavista Hedge 60, que caiu
51,02% na quarta-feira. Após a
queda, o fundo ficou com um patrimônio de R$ 17,3 milhões, metade do que tinha um dia antes.
Outros dois fundos do Boavista
tiveram perdas expressivas. O
Boavista Derivativos 60 caiu
29,17%, ficando com patrimônio
de R$ 32,9 milhões, e o Boavista
Derivativos caiu 23,52%.
O fundo FonteCindam Jaguar,
com patrimônio de R$ 63,9 milhões, desabou 29,87%.
Já o FonteCindam Derivativos
caiu 14,8%.
Dois fundos do banco Marka
também deram grande prejuízo
aos seus cotistas.
O Marka Nikko Derivativos Plus
caiu 29,88%, ficando com patrimônio após a queda de R$ 58,9 milhões. O Marka Nikko Derivativos
recuou 14,46% e seu patrimônio
foi a R$ 61,4 milhões.
Perdas menores, mas ainda expressivas, foram registradas por
outros fundos.
O Bozano Top Plus caiu 9,86% e
o Bozano Portifólio Derivativos
baixou 6,95%, ambos são do banco
Bozano, Simonsen.
O BBV Bradies caiu 9,5%. O fundo, do banco Bilbao Vizcaya, aplica em títulos da dívida externa renegociada do país.
Procurados pela Folha, nem todos bancos quiseram comentar sobre a performance de seus fundos.
Pega de surpresa
A Marka Nikko Asset Management, administradora de recursos
do banco Marka, informou que foi
pega de surpresa pela desvalorização pois no curto prazo acreditava
na estabilidade do real, prevendo
problemas apenas no segundo semestre do ano.
A empresa avalia que as perdas
de seus fundos ocorreram na proporção do grau de agressividade de
cada um, ficando dentro da média
de mercado.
A Marka Nikko também informou que os eventiuais resgates que
seus clientes queiram fazer serão
totalmente atendidos.
Atraso no resgate
A assessoria de imprensa do
FonteCindam informou que os
eventuais resgates de seus fundos
estão sendo feitos em um prazo de
até cinco dias.
Isso porque, ainda segundo a assessoria, o banco encontrou dificuldades em calcular o ajuste da
cota de seus fundos, já que os contratos futuros de câmbio na BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros)
estão suspensos.
Segundo o banco, os clientes foram devidamente informados e o
resgate em até cinco dias não é irregular porque está previsto pelo
estatuto dos fundos do banco.
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