|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EM SILÊNCIO
Entidades de classe e empresariado devem aguardar até segunda-feira para avaliar a crise
Empresários não vão se manifestar
FREDERICO VASCONCELOS
da Reportagem Local
Não estão previstas manifestações ou articulações de entidades
empresariais, nos próximos dias,
de apoio ou crítica ao governo
por causa da turbulência na economia. Os empresários estão
mais dedicados a avaliar prejuízos e a projetar os efeitos da desvalorização. As entidades de
classe também deverão guardar
silêncio até segunda-feira.
A "Ação Empresarial", movimento que reúne os maiores empresários do país -como Jorge
Gerdau Johannpeter e Emilio
Odebrecht-, não pensa em reeditar iniciativas para tentar elevar o astral da sociedade.
A campanha do "Alto Astral"
-peças de publicidade das empresas, maquiadas com mensagens de otimismo e fé no Plano
Real- foi abortada e se esgotou
no período em que pretendia
ajudar a reeleição do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Curiosamente, a saída de Gustavo Franco da presidência do
Banco Central trouxe à tona o
mito de que entidades como a
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo) teriam
recuperado o poder de derrubar
autoridades do governo. As declarações de Horácio Piva, ao negar que a Fiesp tenha pedido a cabeça de Franco, escondem a realidade de que estão longe as condições que permitiram a fritura,
por exemplo, do ministro Dilson
Funaro, no governo Sarney.
No sentido inverso, quem caiu
foi o então diretor do Departamento de Economia da Fiesp,
Mário Bernardini, em julho de
1994. Ele perdeu o cargo ao afirmar que o nível das taxas de juros
davam caráter recessivo ao Real.
A previsão de Bernardini
-que se confirmaria depois-
obrigou o então presidente da
Fiesp, Moreira Ferreira, a telefonar ao ministro Rubens Ricupero pedindo desculpas.
A Fiesp, agora sob o comando
de Piva, não teria pedido a cabeça
de Franco. As manifestações nesse sentido foram consideradas
isoladas, tendo partido do diretor Roberto Nicolau Jeha, que, ao
lado de Bernardini, é um dos críticos da política econômica.
A incontinência de Jeha também já lhe havia custado, na gestão Moreira Ferreira, a perda da
coordenação do grupo de política industrial. Reconduzido à
Fiesp por Piva, Jeha, anteontem,
evitou pronunciamentos.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|