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IMPACTO
Aumenta risco na concessão de créditos bancários
Mudança cambial prejudica governo
ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local
David Thomas, presidente da
Câmara Britânica de Comércio e
do Lloyds Bank, no Brasil, disse
ontem que "a perda da virgindade" da, até então, "intocável" política cambial do Brasil aumentou o risco da concessão de créditos bancários ao país.
"O governo, que jurou que a
política cambial não ia mudar,
perdeu a credibilidade. Hoje, a
palavra de que não vai mudar
mais, vale menos do que valia na
semana passada."
"Como não existe meia virgindade, a possibilidade de uma nova mudança no regime cambial
vai ter mais peso nos cálculos dos
agentes econômicos, aumentando o risco Brasil, principalmente
no mercado interbancário", afirmou o executivo britânico.
Segundo Thomas, os bancos
que atuam no Brasil tiveram ontem muita dificuldade para captar linhas de crédito dos bancos
estrangeiros no mercado interbancário.
Thomas acha, porém, que ainda é cedo para uma avaliação final sobre o impacto da nova política cambial na credibilidade da
política econômica do país.
Para ele, o resultado pode ser
positivo, se o mercado achar que
a mexida foi adequada para resolver parte do desequilíbrio nas
contas externas.
"Se estimular as exportações,
diminuir as importações e dificultar a concorrência de produtos importados no mercado interno, a desvalorização terá um
impacto positivo no nível da atividade econômica do país."
"Mas o resultado será negativo,
se os investidores interpretarem
a mudança como o começo de
sucessivas desvalorizações, significando a falência do Real."
Thomas disse que o real não
corre o risco de ser alvo de um
ataque especulativo. O país, disse, conta com o poder de fogo do
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Thomas é um dos que participam da corrente de opinião segundo a qual o país precisa ter
pressa no ajuste fiscal.
"A desvalorização do real pode
ajudar a diminuir o desequilíbrio
nas contas externas e a reduzir os
juros, mas os problemas da fuga
de dólares e da escassez de crédito para o país só serão resolvidos
por meio da eliminação do déficit estrutural das contas públicas."
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