São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

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TENSÃO PRÉ-COPOM

Tendência em fevereiro, no entanto, é de alta, aponta Procon

Juro ao consumidor recua em janeiro

FABIANA FUTEMA
DA FOLHA ONLINE

Os juros médios cobrados do consumidor interromperam a trajetória de alta iniciada em setembro de 2004 e voltaram a cair em janeiro. No mês passado, a taxa média caiu para 7,59% ao mês, segundo levantamento da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças). No entanto pesquisa da Fundação Procon-SP sinaliza que a trégua na escalada dos juros durou pouco tempo. As taxas médias do cheque especial e do empréstimo pessoal subiram novamente em fevereiro.
Para o presidente da Anefac, Miguel de Oliveira, a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária), no final de janeiro, foi um divisor de águas nas expectativas do mercado. "Houve uma inversão de expectativas. Foi uma ata muito negativa. Os bancos que ainda não haviam elevado seus juros promoveram ajustes após a divulgação da ata."
O BC indicou na ata de janeiro que o ciclo de alta da Selic não havia acabado e que os patamares poderão permanecer elevados por "um período suficientemente longo". A ata foi divulgada depois de o Copom elevar os juros de 17,75% ao ano para 18,25%.
"Em janeiro, muitos bancos acharam que o BC não iria promover novos aumentos na Selic e chegaram a baixar as taxas para o consumidor. Após a ata, o cenário mudou", afirmou Oliveira.
Em janeiro, a queda da taxa média foi pressionada pelo recuo nos juros cobrados no crediário, no cheque especial, no CDC (Crédito Direto ao Consumidor) e no empréstimo pessoal em financeiras.
As maiores quedas foram verificadas nos juros médios do CDC bancário -que caíram 15,89%, de 3,84% em dezembro para 3,23% ao mês em janeiro- e no empréstimo pessoal concedido por financeiras -que passou de 12,65% para 11,67%.
A elevação da oferta de crédito também influenciou na redução da taxa média em janeiro. "A concorrência entre bancos foi muito forte na oferta de linhas de crédito para financiamento do IPVA e material escolar. Tudo isso puxou o juro para baixo", diz Oliveira.
Segundo ele, essa fartura de crédito barato não deve se repetir em fevereiro. "Tudo indica que os bancos vão continuar a repassar as elevações da Selic."

Procon
A pesquisa do Procon-SP já captou os efeitos negativos da ata do Copom. Segundo o órgão, a taxa média mensal de juros do cheque especial subiu de 8,10% em janeiro para 8,12% ao mês em fevereiro. Trata-se do maior patamar de juro desde dezembro de 2003, quando a taxa média mensal estava em 8,20%. Já os juros médios do empréstimo pessoal passaram de 5,22% para 5,25% ao mês.
A diferença entre o resultado da pesquisa da Anefac e do Procon-SP pode ser explicada pela base de comparação: uma usa dados de janeiro, e a outra, de fevereiro. A Anefac acompanha a variação das taxas médias de juros de crediário, cheque especial, CDC bancário, empréstimo pessoal em financeiras, empréstimo pessoal de bancos e cartão de crédito em 30 bancos e instituições financeiras. Já o Procon verifica os movimentos do cheque especial e empréstimo pessoal em dez bancos.


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