São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

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CÂMBIO

Com a entrada contínua de capitais no país, moeda americana segue trajetória de queda e fecha em R$ 2,58, menor valor desde 2002

Cotação do dólar fica abaixo dos R$ 2,60

Lula Marques - 2.fev.05/Folha Imagem
O ministro Furlan, que anunciou ontem incentivos à exportação


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Passados mais de dois anos e oito meses, o dólar voltou a encerrar os negócios abaixo de R$ 2,60. Ontem, a moeda americana perdeu mais um pouco de seu valor e acabou o dia vendida a R$ 2,58, em baixa de 0,92%. Essa é a menor cotação da moeda desde junho de 2002.
Fatores como o contínuo fluxo de capitais para o país e a trajetória declinante do dólar em relação às principais moedas internacionais fizeram com que a moeda americana seguisse derretendo diante do real. Além disso, o mercado espera que haverá uma nova elevação da taxa básica de juros (Selic) nesta semana.
Ontem, houve um número maior de instituições financeiras que preferiram se posicionar à espera de uma elevação de 0,75 ponto percentual na taxa Selic. Mesmo assim, a maioria dos analistas ainda aposta em alta de 0,50 ponto na taxa. Mas ninguém tem dúvidas de que os juros vão subir pela sexta vez seguida.
Com isso, as projeções futuras dos juros subiram na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) no pregão de ontem.
O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) anuncia amanhã como fica a nova taxa Selic, hoje em 18,25% ao ano.
Com os juros brasileiros em trajetória de alta, a tendência de dólar enfraquecido se mantém firme. No ano, o dólar já tem desvalorização acumulada de 2,79%.

Ganhos fáceis
Um dos movimentos que têm ocorrido é o seguinte: investidores emprestam dinheiro lá fora, a taxas bem baixas, e aplicam os recursos no mercado brasileiro, ganhando com as diferenças entre os juros, que são bem mais altos por aqui. Esse tipo de operação aumenta o volume de dólares em circulação, em um momento em que há poucos interessados em comprar a moeda americana.
Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, aposta em uma elevação de 0,50 ponto na Selic. "Esse movimento já estava claro na argumentação contida na ata da última reunião do Copom", diz.
Ontem, o mercado conheceu o IPCA -que é o índice que serve de parâmetro para as metas de inflação do governo- de janeiro, que ficou em 0,58%, bem abaixo da taxa de dezembro (0,86%).
Para a LCA Consultores, o "arrefecimento do IPCA pode ser considerado um fator positivo para a trajetória esperada da inflação em 2005".
Mas nada que altere as previsões de que os juros voltam a subir nesta reunião do Copom.
O Banco Central comprou dólares ontem, o que ajudou a moeda a fechar um pouco acima da mínima do dia (R$ 2,574).

Juros ainda mais altos
O contrato DI (que considera as taxas praticadas entre os bancos) com vencimento em janeiro de 2006, o mais negociado na BM&F, fechou com taxa de 18,94%, ante 18,70% de sexta.
No contrato com vencimento no último dia de abril, a taxa foi de 18,90% para 19,01%. Isso indica que o mercado já começa a se preparar para uma nova elevação da Selic no mês de março.
Para o governo, o dólar mais baixo tem um lado positivo, que é o de representar menor pressão inflacionária. Por outro lado, encarece o preço de produtos brasileiros no exterior, o quê pode diminuir o volume de exportações.

Estrangeiros
Na Bolsa de Valores de São Paulo, a entrada de recursos vindos de fora também é forte e tem sido importante para o desempenho recente do mercado.
Nos primeiros dez dias de fevereiro, as compras de ações feitas pelos estrangeiros foram maiores que as vendas em R$ 1,056 bilhão, quase o dobro do resultado de todo o mês passado.
Ontem, a Bovespa encerrou com baixa de 0,52%. A ação preferencial do Bradesco foi a que mais subiu, 3,8%, seguida por Itaú PN, com alta de 3,5%.


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