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FMI aceita renovação "preventiva"
DA SUCURSAL DO RIO
O vice-diretor gerente do FMI
(Fundo Monetário Internacional)
Agustín Carstens afirmou ontem
no Rio que o Brasil poderá renovar o acordo com o organismo,
caso entenda que fazê-lo o auxiliará a continuar com seu programa de ajuste fiscal.
A importância, para o FMI, da
"consolidação fiscal" também foi
mencionada por Carstens ao falar
da América Latina, ocasião em
que afirmou que parte da vulnerabilidade na região se deve à forma como crises deixaram de ser
solucionadas. O mexicano é um
dos dois "número 3" na hierarquia do organismo -depois do
diretor-gerente Rodrigo Rato e da
vice Anne Krueger.
Em seminário sobre a economia
mundial e brasileira, ele afirmou
que uma eventual renovação do
acordo do país com o FMI teria
caráter preventivo. "O Fundo ajuda países a consolidar sua situação macroeconômica. Na medida
em que continuemos a ser úteis
nesse sentido, podemos, sim, seguir com o Brasil."
Carstens, porém, destacou o
avanço do país: "O Brasil não é
nosso favorito "de pronto", mas
sim porque realizou muito bem
seu programa de ajuste [fiscal]. O
país tem uma grande vantagem
que não existia dois [três] anos
atrás, está em situação melhor e
tem como decidir se quer seguir
ou não com o Fundo."
Apesar dos elogios, ele afirmou
que a região -incluindo o Brasil- não pode prescindir do ajuste fiscal. "O problema fundamental da região é a propensão à dívida pública elevada, que leva ao
aumento dos juros e acaba por limitar o crescimento."
Outro desafio, disse Carstens,
são as "taxas de crescimento ainda extremamente baixas", em
parte devido a crises que não foram solucionadas de forma adequada. "Muitas vezes, na solução
de uma crise fica a semente para
outra crise [...], e isso deixa os países vulneráveis." Ele pediu reformas setoriais e a abertura da economia como medidas que "detonariam a expansão na região".
Em relação às commodities, o
diretor do Banco Mundial para o
Brasil e a América Latina, Otaviano Canuto -também no seminário-, afirmou discordar dos que
apontam a queda nas cotações como fator de ameaça aos latino-americanos. "É necessário considerar a composição das commodities que cada país exporta, senão surgem conclusões generalizadas. Há uma diversidade grande nessa pauta de venda."
Ameaças globais
O vice-diretor-gerente destacou
que, embora seja "provável que o
crescimento mundial continue
em ritmo bastante aceitável em
2005", as condições já não estão
tão favoráveis neste ano.
"É provável que o ritmo não seja
tão alto como 5%, sobretudo porque as brechas entre o crescimento potencial e o observado já se fecham e também porque a expansão de 2004 incluiu políticas fiscais e monetárias muitos expansionistas em alguns dos países industrializados. E esses estímulos
deixaram de existir." Os déficits
fiscal e em conta corrente dos Estados Unidos e os "desequilíbrios
globais" foram apontados por
Carstens como ameaças, além do
preço do petróleo. Ele afirmou
acreditar que as cotações do óleo
continuarão em níveis elevados.
(MS E GW)
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