São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

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FMI aceita renovação "preventiva"

DA SUCURSAL DO RIO

O vice-diretor gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional) Agustín Carstens afirmou ontem no Rio que o Brasil poderá renovar o acordo com o organismo, caso entenda que fazê-lo o auxiliará a continuar com seu programa de ajuste fiscal.
A importância, para o FMI, da "consolidação fiscal" também foi mencionada por Carstens ao falar da América Latina, ocasião em que afirmou que parte da vulnerabilidade na região se deve à forma como crises deixaram de ser solucionadas. O mexicano é um dos dois "número 3" na hierarquia do organismo -depois do diretor-gerente Rodrigo Rato e da vice Anne Krueger.
Em seminário sobre a economia mundial e brasileira, ele afirmou que uma eventual renovação do acordo do país com o FMI teria caráter preventivo. "O Fundo ajuda países a consolidar sua situação macroeconômica. Na medida em que continuemos a ser úteis nesse sentido, podemos, sim, seguir com o Brasil."
Carstens, porém, destacou o avanço do país: "O Brasil não é nosso favorito "de pronto", mas sim porque realizou muito bem seu programa de ajuste [fiscal]. O país tem uma grande vantagem que não existia dois [três] anos atrás, está em situação melhor e tem como decidir se quer seguir ou não com o Fundo."
Apesar dos elogios, ele afirmou que a região -incluindo o Brasil- não pode prescindir do ajuste fiscal. "O problema fundamental da região é a propensão à dívida pública elevada, que leva ao aumento dos juros e acaba por limitar o crescimento."
Outro desafio, disse Carstens, são as "taxas de crescimento ainda extremamente baixas", em parte devido a crises que não foram solucionadas de forma adequada. "Muitas vezes, na solução de uma crise fica a semente para outra crise [...], e isso deixa os países vulneráveis." Ele pediu reformas setoriais e a abertura da economia como medidas que "detonariam a expansão na região".
Em relação às commodities, o diretor do Banco Mundial para o Brasil e a América Latina, Otaviano Canuto -também no seminário-, afirmou discordar dos que apontam a queda nas cotações como fator de ameaça aos latino-americanos. "É necessário considerar a composição das commodities que cada país exporta, senão surgem conclusões generalizadas. Há uma diversidade grande nessa pauta de venda."

Ameaças globais
O vice-diretor-gerente destacou que, embora seja "provável que o crescimento mundial continue em ritmo bastante aceitável em 2005", as condições já não estão tão favoráveis neste ano.
"É provável que o ritmo não seja tão alto como 5%, sobretudo porque as brechas entre o crescimento potencial e o observado já se fecham e também porque a expansão de 2004 incluiu políticas fiscais e monetárias muitos expansionistas em alguns dos países industrializados. E esses estímulos deixaram de existir." Os déficits fiscal e em conta corrente dos Estados Unidos e os "desequilíbrios globais" foram apontados por Carstens como ameaças, além do preço do petróleo. Ele afirmou acreditar que as cotações do óleo continuarão em níveis elevados. (MS E GW)

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