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FRUTAS
Variedade tem sabor mais doce, é menos ácida e não precisa ser descascada
Instituto cria abacaxi em gomos
DA REDAÇÃO
A expressão "descascar o abacaxi", utilizada para tarefas complicadas, pode cair em desuso. Isso porque chega ao mercado uma
nova variedade da fruta, denominada "IAC gomo de mel", que não
precisa mais ser descascada para
ser consumida.
De origem chinesa, o produto
começou a ser desenvolvido no
Brasil em 1992 pelo IAC (Instituto
Agronômico) e agora chega ao
consumidor. Em gomos, macio,
muito doce e com baixa acidez, o
novo abacaxi é tudo o que os consumidores querem de uma fruta,
diz José Guedes, produtor da região de Rio Claro (SP).
Segundo o produtor, os dois
principais entraves para o consumo do abacaxi são eliminados
com o novo produto: a acidez e o
inconveniente de descascá-lo.
O brix -aferição do teor de
açúcar numa fruta- de um abacaxi tradicional é de 15. No caso
do "gomo de mel", é de 21 -em
algumas análises, chegou a 26.
Para consumi-lo, basta cortar a
coroa (parte superior da fruta) e
separar os gomos de cima para
baixo com uma faca pontiaguda.
Quando a fruta está bem madura,
a faca pode até ser dispensada.
Guedes explica que os gomos do
"gomo de mel" são bastante proeminentes, o que facilita sua retirada. Para consumir, basta segurar
pela casca e comer o restante do
gomo. O caule central também é
mais mole do que o da fruta tradicional e pode ser comido.
Mercado promissor
O "gomo de mel" abre novos
mercados para os agricultores. É
um produto de maior valor agregado e, assim, pode render mais.
Um abacaxi normal rende cerca
de R$ 0,70 por fruto ao produtor.
O "gomo de mel" rende de R$ 1 a
R$ 3, dependendo do tamanho.
Guedes diz que a procura interna pelo novo abacaxi é grande,
mas a oferta ainda é pequena. Por
ora, o produto é vendido apenas
na região de Campinas (SP).
O produtor tem atualmente 200
mil pés da fruta, mas pretende
avançar para 1 milhão de pés,
substituindo, aos poucos, sua lavoura de cana-de-açúcar. Guedes
diz que é importante a evolução
da produção também para fora de
São Paulo, principalmente para os
Estados de Minas Gerais, Paraíba,
Ceará e Tocantins, tradicionais
regiões produtoras.
Segundo o produtor, sua empresa, a JG Empreendimentos, de
São Carlos, já foi procurada por
exportadores, mas ainda não tem
condições de manter a regularidade da oferta.
De olho no exterior
O mercado externo é importante para os produtores. Guedes diz
que, no mercado europeu, o produto deve chegar a US$ 15 por
unidade. Mas o produtor deve entregar ao mercado externo um
produto com qualidade e isento
de resíduos. A regularidade da entrega e o cumprimento dos contratos são também indispensáveis
para as exportações, segundo ele.
Guedes tem 2 milhões de mudas
em viveiro. Ele quer elevar a área
própria e vender parte das mudas
para outros Estados.
Com isso, a oferta do produto
vai aumentar e os produtores poderão manter uma linha direta de
fornecimento do abacaxi para o
mercado externo.
Ademar Spironello, pesquisador do IAC, diz que o "gomo de
mel" deverá ter boa aceitação no
mercado externo. O peso da fruta
-de 800 g a 1.200 g- atende a
uma exigência mundial de preferência por frutos menores, acrescenta. O abacaxi tradicional tem
de 1,5 kg a 2 kg.
Uma recomendação do pesquisador do IAC aos novos interessados no plantio desse tipo de abacaxi: o clima deve ser quente. Essas condições são encontradas na
região do centro do Estado de São
Paulo até o norte do país. Spironello diz ainda que o solo deve ser
arenoso ou pouco argiloso e bem
drenado.
(MZ)
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