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Reajuste em termelétrica de MT pode custar até US$ 68 mi
Confirmada alta de preço de gás para usina em Cuiabá
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL
O acordo com a Bolívia para
reajustar o preço do gás vendido para a usina termelétrica de
Cuiabá (MT) deve gerar uma
receita extra de US$ 44,8 milhões a US$ 68 milhões anuais,
segundo as estimativas do governo de Evo Morales.
Esse valor é também o prejuízo potencial (ou aumento de
custo) para a Pantanal Energia,
empresa privada à qual pertence a usina, que tem ainda como
sócias as multinacionais inglesas Shell e Ashmor. A termelétrica gera energia usando gás
natural boliviano e vende para
a estatal brasileira Furnas, que
repassa ao mercado.
Atualmente, a Pantanal
Energia paga pelo gás US$ 1,19
por milhão de BTU (British
Termal Unit, medida de energia) -mas o governo boliviano
afirma que o preço é US$ 1,09.
Ontem, conforme a Folha
havia antecipado, o preço foi
elevado a cerca de US$ 4,20 por
milhão de BTU, o mesmo que a
Petrobras paga atualmente pelo gás exportado via gasoduto
Brasil/ Bolívia. Segundo o Ministério de Minas e Energia
brasileiro, o preço entrará em
vigor em meados de abril.
Só há dois caminhos para esse aumento de custo: ou vai parar na conta dos consumidores
de energia ou é absorvido por
Furnas -nesse caso, será pago
pelos contribuintes, já que o
Tesouro Nacional é o acionista
controlador da estatal.
No caso de impacto tarifário,
a tendência é que ele seja muito pequeno, porque a quantidade de energia vendida pela termelétrica de Cuiabá não é muito grande em relação ao mercado total e o custo é rateado por
todos os consumidores.
A usina tem capacidade instalada de 480 MW, mas tem gerado apenas 135 MW porque as
chuvas encheram os reservatórios das hidrelétricas. Essas
usinas, por terem custo de produção mais baixo, têm prioridade para atender ao mercado.
Na última terça, o consumo no
país foi de 51.131 MW médios.
Procurada ontem por meio
de sua assessoria, Furnas não
comentou os possíveis efeitos
do acordo dos governos brasileiros e boliviano.
Repasse
De acordo com Carlos Baldi,
presidente da Pantanal Energia, o aumento de custo seguirá
adiante em cadeia. "Isso será
transferido para os contratos
com Furnas", afirmou. O executivo explicou que Furnas se
beneficiou, ao longo do tempo,
por poder colocar no mercado
uma energia termelétrica que
estava com preços muito competitivos, por conta do preço do
gás comprado da Bolívia.
"Esse benefício do preço diferenciado foi transferido a
Furnas", disse. Segundo ele, o
contrato de compra de gás da
Bolívia terminaria em 2019,
mas há cláusulas prevendo renegociação de preços. "Isso está sendo feito com suporte do
governo brasileiro", afirmou.
Na avaliação do executivo, o
que explica a diferença de preço entre o valor pago pela Petrobras e pela pela Pantanal
Energia é a cláusula de correção dos contratos. "Esses contratos são antigos, de 1997. O da
Petrobras foi corrigido com base na variação de uma cesta de
óleos e, o nosso, com base no
dólar", afirmou.
(HUMBERTO MEDINA E FABIANO MAISONNAVE)
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