São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

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Reajuste em termelétrica de MT pode custar até US$ 68 mi

Confirmada alta de preço de gás para usina em Cuiabá

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL

O acordo com a Bolívia para reajustar o preço do gás vendido para a usina termelétrica de Cuiabá (MT) deve gerar uma receita extra de US$ 44,8 milhões a US$ 68 milhões anuais, segundo as estimativas do governo de Evo Morales.
Esse valor é também o prejuízo potencial (ou aumento de custo) para a Pantanal Energia, empresa privada à qual pertence a usina, que tem ainda como sócias as multinacionais inglesas Shell e Ashmor. A termelétrica gera energia usando gás natural boliviano e vende para a estatal brasileira Furnas, que repassa ao mercado.
Atualmente, a Pantanal Energia paga pelo gás US$ 1,19 por milhão de BTU (British Termal Unit, medida de energia) -mas o governo boliviano afirma que o preço é US$ 1,09.
Ontem, conforme a Folha havia antecipado, o preço foi elevado a cerca de US$ 4,20 por milhão de BTU, o mesmo que a Petrobras paga atualmente pelo gás exportado via gasoduto Brasil/ Bolívia. Segundo o Ministério de Minas e Energia brasileiro, o preço entrará em vigor em meados de abril.
Só há dois caminhos para esse aumento de custo: ou vai parar na conta dos consumidores de energia ou é absorvido por Furnas -nesse caso, será pago pelos contribuintes, já que o Tesouro Nacional é o acionista controlador da estatal.
No caso de impacto tarifário, a tendência é que ele seja muito pequeno, porque a quantidade de energia vendida pela termelétrica de Cuiabá não é muito grande em relação ao mercado total e o custo é rateado por todos os consumidores.
A usina tem capacidade instalada de 480 MW, mas tem gerado apenas 135 MW porque as chuvas encheram os reservatórios das hidrelétricas. Essas usinas, por terem custo de produção mais baixo, têm prioridade para atender ao mercado. Na última terça, o consumo no país foi de 51.131 MW médios.
Procurada ontem por meio de sua assessoria, Furnas não comentou os possíveis efeitos do acordo dos governos brasileiros e boliviano.

Repasse
De acordo com Carlos Baldi, presidente da Pantanal Energia, o aumento de custo seguirá adiante em cadeia. "Isso será transferido para os contratos com Furnas", afirmou. O executivo explicou que Furnas se beneficiou, ao longo do tempo, por poder colocar no mercado uma energia termelétrica que estava com preços muito competitivos, por conta do preço do gás comprado da Bolívia.
"Esse benefício do preço diferenciado foi transferido a Furnas", disse. Segundo ele, o contrato de compra de gás da Bolívia terminaria em 2019, mas há cláusulas prevendo renegociação de preços. "Isso está sendo feito com suporte do governo brasileiro", afirmou.
Na avaliação do executivo, o que explica a diferença de preço entre o valor pago pela Petrobras e pela pela Pantanal Energia é a cláusula de correção dos contratos. "Esses contratos são antigos, de 1997. O da Petrobras foi corrigido com base na variação de uma cesta de óleos e, o nosso, com base no dólar", afirmou.
(HUMBERTO MEDINA E FABIANO MAISONNAVE)

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