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Boliviano vem ao Brasil em avião emprestado pela Argentina
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Além de confirmar a viagem
ao Brasil só na véspera, a comitiva do presidente Evo Morales
criou outro constrangimento
ao Itamaraty: o governo da Bolívia recusou a oferta de empréstimo de avião brasileiro
-foi o oferecido o "Sucatinha",
um 737- e viajou a Brasília a
bordo do Tango 2, um Boeing
da Força Aérea da Argentina.
Morales embarcou antes da
maior parte da comitiva na madrugada, em um pequeno avião
particular, acompanhado do
chanceler David Choquehuan
ca e do ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas.
Alegando falta de espaço, o
governo boliviano excluiu, na
última hora, o embaixador brasileiro em La Paz, Frederico
Cezar de Araújo.
O embaixador foi orientado a
viajar depois, com ministros
menos importantes e outros integrantes da comitiva. Araújo
só soube que seria uma aeronave argentina pouco antes de
embarcar.
O avião argentino não conseguiu descer para reabastecimento em Santa Cruz por causa do mau tempo e foi obrigado
a voltar a La Paz, atrasando todo o cronograma da visita.
A Bolívia não dispõe de aeronaves para viagens presidenciais longas. Na maioria das vezes, Morales empresta o avião
do aliado Hugo Chávez, como
na posse de Rafael Correa, em
Quito. Na visita de ministros
bolivianos a Brasília, em dezembro, foi emprestado um
avião da Força Aérea Brasileira.
Venezuela e Argentina
Membros do governo boliviano disseram à Folha que
Morales tem demonstrado
proximidade bem maior com
Caracas e Buenos Aires, sobretudo em temas energéticos, em
detrimento do Brasil. A preferência específica por Néstor
Kirchner tem um grande motivo: o preço do gás. Morales tem
exigido, até agora sem sucesso,
que a Petrobras pague pelo gás
o mesmo que a Argentina, US$
5 o milhão de BTU, contra US$
4,3 que a empresa brasileira
paga. Recentemente, o governo
de Morales promulgou resoluções que privilegiam o abastecimento da Argentina, contrariando acordo de venda de com
o Brasil.
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