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São Paulo, sábado, 15 de março de 2003

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ANO DO DRAGÃO

IPCA registrou taxa de 1,57% no mês passado; INPC, de 1,46%

IBGE também diz que a inflação caiu em fevereiro

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A inflação oficial de fevereiro, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), ficou em 1,57%, caindo 0,68 ponto percentual em relação a janeiro. O índice acumulado em 12 meses passou de 14,47% em janeiro para 15,85% em fevereiro. O IPCA é calculado pelo IBGE.
"Foi uma agradável surpresa. Ficou um pouco abaixo do esperado", disse o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), em relação ao índice mensal. Dependendo da fonte, a variação do IPCA de fevereiro iria até 1,80%. Cunha disse que, se não houver "surpresas na área dos combustíveis", o índice deste mês deverá ficar na faixa de 0,60%.
O mesmo otimismo cauteloso foi manifestado pela economista Eulina Nunes, da equipe de índices de preços do IBGE. "A inflação não caiu por acaso. A inflação do ano passado foi eminentemente de custos, provocada pela alta do dólar", disse.
Nunes acrescentou que os efeitos retardados do câmbio ainda não cessaram. "A economia tem contratos indexados, e esses itens podem provocar aumentos pontuais no futuro", disse. Mesmo sem falar em números, a técnica do IBGE afirmou que somente uma alta inesperada dos combustíveis fará com que o IPCA deste mês não seja menor do que em fevereiro.
O gás de botijão, com queda de 3,73%, deu a maior contribuição individual para a queda do IPCA de fevereiro, com 0,07 ponto percentual. O preço do gás chegou a cair 14,79% em Recife e 12,66% em Curitiba.

Ônibus pressionam
No outro extremo, as tarifas de ônibus urbanos responderam sozinhas por 0,28 ponto percentual na composição do índice de fevereiro. Somente em Brasília, os ônibus subiram 31,58%, com a maior parte do impacto (25,79%) sobre o índice de fevereiro. No conjunto das 11 regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, os ônibus urbanos subiram 5,91%.
Os alimentos deram contribuição importante para a desaceleração inflacionária, com a alta geral do grupo caindo de 2,15% em janeiro para 1,22% em fevereiro.
Mas dentro dos alimentos ainda há áreas de clara pressão inflacionária, seja por problemas climáticos, como é o caso do tomate (subiu 17,91% no mês), seja por efeitos ainda derivados da alta do dólar, como nos casos do café (alta de 6,63%) e da farinha de mandioca (4,55%).
A pressão sobre o café deve-se à maior atratividade do mercado externo, por conta do câmbio favorável. No caso da farinha de mandioca, ela tem sido usada como substituta da farinha de trigo, encarecida pela alta do dólar, até para fazer pão em algumas regiões, segundo detectou o IBGE.
O aumento das passagens de ônibus fez com que Brasília tivesse a maior alta do IPCA entre as regiões pesquisadas pelo IBGE, com 2,44%. A menor foi em Recife, com 0,53%. Em São Paulo, a alta foi de 1,61%, contra 2,28% em janeiro.

INPC
Outro índice de inflação pesquisado pelo IBGE, o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), apresentou em fevereiro alta de 1,46%, com queda de 1,01 ponto percentual em relação aos 2,47% de janeiro.
O INPC e o IPCA são calculados no mesmo período (do começo ao final de cada mês) e têm como diferença básica a cesta de consumo pesquisada.
O IPCA é um índice mais para a classe média. Pesquisa a variação da cesta de consumo das famílias que ganham até 40 salários mínimos (até R$ 8.000 mensais). Já o INPC reflete os custos para as camadas mais pobres, as famílias que ganham até oito mínimos (até R$ 1.600 por mês).


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