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ANO DO DRAGÃO
IPCA registrou taxa de 1,57% no mês passado; INPC, de 1,46%
IBGE também diz que a inflação caiu em fevereiro
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A inflação oficial de fevereiro,
medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo), ficou em 1,57%, caindo
0,68 ponto percentual em relação
a janeiro. O índice acumulado em
12 meses passou de 14,47% em janeiro para 15,85% em fevereiro. O
IPCA é calculado pelo IBGE.
"Foi uma agradável surpresa.
Ficou um pouco abaixo do esperado", disse o economista Luiz
Roberto Cunha, da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro), em relação ao índice mensal. Dependendo da fonte, a variação do IPCA de fevereiro iria até 1,80%. Cunha disse que,
se não houver "surpresas na área
dos combustíveis", o índice deste
mês deverá ficar na faixa de
0,60%.
O mesmo otimismo cauteloso
foi manifestado pela economista
Eulina Nunes, da equipe de índices de preços do IBGE. "A inflação não caiu por acaso. A inflação
do ano passado foi eminentemente de custos, provocada pela alta
do dólar", disse.
Nunes acrescentou que os efeitos retardados do câmbio ainda
não cessaram. "A economia tem
contratos indexados, e esses itens
podem provocar aumentos pontuais no futuro", disse. Mesmo
sem falar em números, a técnica
do IBGE afirmou que somente
uma alta inesperada dos combustíveis fará com que o IPCA deste
mês não seja menor do que em fevereiro.
O gás de botijão, com queda de
3,73%, deu a maior contribuição
individual para a queda do IPCA
de fevereiro, com 0,07 ponto percentual. O preço do gás chegou a
cair 14,79% em Recife e 12,66%
em Curitiba.
Ônibus pressionam
No outro extremo, as tarifas de
ônibus urbanos responderam sozinhas por 0,28 ponto percentual
na composição do índice de fevereiro. Somente em Brasília, os
ônibus subiram 31,58%, com a
maior parte do impacto (25,79%)
sobre o índice de fevereiro. No
conjunto das 11 regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, os
ônibus urbanos subiram 5,91%.
Os alimentos deram contribuição importante para a desaceleração inflacionária, com a alta geral
do grupo caindo de 2,15% em janeiro para 1,22% em fevereiro.
Mas dentro dos alimentos ainda
há áreas de clara pressão inflacionária, seja por problemas climáticos, como é o caso do tomate (subiu 17,91% no mês), seja por efeitos ainda derivados da alta do dólar, como nos casos do café (alta
de 6,63%) e da farinha de mandioca (4,55%).
A pressão sobre o café deve-se à
maior atratividade do mercado
externo, por conta do câmbio favorável. No caso da farinha de
mandioca, ela tem sido usada como substituta da farinha de trigo,
encarecida pela alta do dólar, até
para fazer pão em algumas regiões, segundo detectou o IBGE.
O aumento das passagens de
ônibus fez com que Brasília tivesse a maior alta do IPCA entre as
regiões pesquisadas pelo IBGE,
com 2,44%. A menor foi em Recife, com 0,53%. Em São Paulo, a alta foi de 1,61%, contra 2,28% em
janeiro.
INPC
Outro índice de inflação pesquisado pelo IBGE, o INPC (Índice
Nacional de Preços ao Consumidor), apresentou em fevereiro alta
de 1,46%, com queda de 1,01 ponto percentual em relação aos
2,47% de janeiro.
O INPC e o IPCA são calculados
no mesmo período (do começo
ao final de cada mês) e têm como
diferença básica a cesta de consumo pesquisada.
O IPCA é um índice mais para a
classe média. Pesquisa a variação
da cesta de consumo das famílias
que ganham até 40 salários mínimos (até R$ 8.000 mensais). Já o
INPC reflete os custos para as camadas mais pobres, as famílias
que ganham até oito mínimos
(até R$ 1.600 por mês).
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