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São Paulo, sábado, 15 de março de 2003

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PROTESTO

Movimento dos Atingidos por Barragens reivindica que dívida da empresa seja usada para indenizar desalojados

Manifestantes invadem sede da Eletropaulo

Tuca Vieira/Folha Imagem
Manifestantes do Movimento dos Atingidos por Barragem protestam na sede da Eletropaulo


ALESSANDRA MILANEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 200 manifestantes do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) invadiram ontem a sede da Eletropaulo, distribuidora de energia que é controlada pela empresa americana AES.
O movimento quer que a AES pague sua dívida com o governo e que o dinheiro seja usado para indenizar os que foram desalojados para a construção de barragens. A AES tem uma dívida de quase US$ 2 bilhões com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Em nota divulgada ontem, a Eletropaulo diz que os manifestantes ocuparam o saguão do prédio e passaram a subir as escadas. A empresa afirma, no entanto, que a reivindicação dos manifestantes era outra: exigiam da Eletropaulo que não fossem mais construídas barragens do Vale do Ribeira (SP) e que as tarifas de luz na região fossem mais baixas.
O problema, diz a Eletropaulo, é que a empresa não atende essa região e, como é uma distribuidora (não uma geradora), não constrói barragens.
A Eletropaulo informou que a Polícia Militar concentrou os manifestantes no saguão do prédio. Segundo a PM e os próprios manifestantes, não houve feridos. Houve, porém alguns danos materiais. A porta da frente do prédio, que é de vidro, foi quebrada.
De acordo com a coordenação do MAB, o protesto em frente ao prédio da Eletropaulo, que fica no bairro do Brooklin, zona sul de São paulo, reuniu cerca de 1.000 pessoas. Elas teriam vindo em 18 ônibus de várias regiões do país.
Segundo Helio Mecca, um dos coordenadores nacionais do movimento, o MAB existe há 14 anos e reúne pessoas que tiveram suas terras desapropriadas para a construção de barragens em cinco Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e São Paulo.

Programação
O movimento diz que há atos programados para esta semana e a próxima em mais 11 Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Rondônia, Mato Grosso, Sergipe, Ceará, Paraíba, Tocantins, Maranhão e Goiás.
Mecca diz que o MAB tem três reivindicações. 1) Que a dívida das elétricas seja usada para indenizar quem foi desalojado para a construção das barragens; 2) Que o governo adote formas de geração de energia que não causem tanto impacto sobre o ambiente e sobre a população; 3) Que o setor de energia seja controlado por brasileiros e as privatizações, revistas. "Não é possível que um bem do Brasil seja controlado por americanos", disse Mecca.


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