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VAREJO
Rede francesa vai abrir novas lojas no Brasil; Pão de Açúcar investirá R$ 540 mi neste ano para manter posição
Carrefour muda time e, com R$ 600 mi, vai à luta por liderança
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Carrefour vai tentar abrir
uma nova frente de expansão no
país dois anos após ter perdido a
posição de liderança no setor para
o grupo Pão de Açúcar, seu arqui-rival. No bolso, para serem gastos
nessa estratégia, a rede conta com
R$ 600 milhões -quase o triplo
do investido em 2002-, quer
abrir sete hipermercados neste
ano (em 2002 foram só dois) e
cinco supermercados (em 2002, a
rede não abriu nenhum).
O líder Pão de Açúcar defenderá
a posição -alcançada em 2001,
após anos seguidos no segundo
lugar- com menos recursos, porém já diz que quer abrir mais lojas que o concorrente em 2003.
A rede de Abílio Diniz desembolsará R$ 540 milhões em investimentos durante este ano e fará
19 inaugurações de pontos-de-venda -sete a mais que o Carrefour- entre supermercados e hipermercados.
No total, na avaliação de analistas de varejo, no ano haverá um
investimento recorde do setor: R$
1,1 bilhão, as duas cadeias juntas.
Ambas não querem pouco: falam
em elevar o faturamento bruto
em mais de 10% neste ano.
O mercado de alimentos espera
expansão de 3%, no máximo. O
varejo de São Paulo acredita, na
melhor das hipóteses, em alta de
1% em 2003.
"Essas duas redes são monstruosas. A regra que vale para elas,
não vale para todo o mercado",
diz Antonio Carlos Borges, diretor da Fecomercio-SP, entidade
do setor.
Equipe nova
Para levar a empreitada à frente,
o Carrefour se mexeu: trocou de
presidente há 40 dias. Colocou no
lugar de Frank Witek o executivo
Eric Urzan, que comandava a sede do México.
A rede ainda fechou -sem fazer nenhum estardalhaço-, só
em janeiro, 14 lojas que não eram
rentáveis. Antigas lojas estão sendo visitadas, pessoalmente, pelo
presidente da rede neste mês, que
já se reuniu com fornecedores para conversar e pretende se aproximar de líderes do governo para
manter "contatos".
O Pão de Açúcar segue cartilha
parecida. Dos R$ 540 milhões,
cerca de R$ 240 milhões serão
destinados à abertura de novas lojas e aquisição de terrenos estratégicos; R$ 200 milhões em reformas de lojas e R$ 100 milhões em
tecnologia, logística e outros investimentos. E o volume pode ser
maior.
Não é raro as redes anunciarem
um montante e elevarem os gastos durante o ano por conta de
aquisições, por exemplo. Em
2002, o Pão de Açúcar previu gastos de R$ 450 milhões, mas o volume foi quase 52% maior.
Obstáculos
"As posições de liderança e de
vice-liderança mudam muito rapidamente. E é claro que queremos maior participação de mercado, mas não vou sair comprando empresas para dizer que estamos na liderança. Minha preocupação é melhorar o desempenho
de vendas", disse ontem Urzan,
que tem como plano ampliar a
atuação da marca de supermercados Champion em 2004 -a concorrente direta do supermercado
Pão de Açúcar.
Se recursos não faltam para as
redes alcançarem as metas de expansão, pode faltar consumidor,
ressaltam os consultores. Com
renda em queda e desemprego
elevado -além do recente repique inflacionário-, a receita das
lojas não tem sido originada do
volume maior com vendas físicas.
Isso porque os balancetes mostram que houve até uma alta do
valor tíquete médio (gasto em cada compra) nos últimos meses,
mas foi vendida uma menor
quantidade de produtos nos supermercados.
O que, entretanto, não assusta
as lojas. "O ideal é ficarmos mais
eficazes para reduzir custo e repassar isso para o preço. Com
preço baixo, não tem como não
vender", diz Urzan.
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