UOL


São Paulo, sábado, 15 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VAREJO

Rede francesa vai abrir novas lojas no Brasil; Pão de Açúcar investirá R$ 540 mi neste ano para manter posição

Carrefour muda time e, com R$ 600 mi, vai à luta por liderança

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Carrefour vai tentar abrir uma nova frente de expansão no país dois anos após ter perdido a posição de liderança no setor para o grupo Pão de Açúcar, seu arqui-rival. No bolso, para serem gastos nessa estratégia, a rede conta com R$ 600 milhões -quase o triplo do investido em 2002-, quer abrir sete hipermercados neste ano (em 2002 foram só dois) e cinco supermercados (em 2002, a rede não abriu nenhum).
O líder Pão de Açúcar defenderá a posição -alcançada em 2001, após anos seguidos no segundo lugar- com menos recursos, porém já diz que quer abrir mais lojas que o concorrente em 2003.
A rede de Abílio Diniz desembolsará R$ 540 milhões em investimentos durante este ano e fará 19 inaugurações de pontos-de-venda -sete a mais que o Carrefour- entre supermercados e hipermercados.
No total, na avaliação de analistas de varejo, no ano haverá um investimento recorde do setor: R$ 1,1 bilhão, as duas cadeias juntas. Ambas não querem pouco: falam em elevar o faturamento bruto em mais de 10% neste ano.
O mercado de alimentos espera expansão de 3%, no máximo. O varejo de São Paulo acredita, na melhor das hipóteses, em alta de 1% em 2003.
"Essas duas redes são monstruosas. A regra que vale para elas, não vale para todo o mercado", diz Antonio Carlos Borges, diretor da Fecomercio-SP, entidade do setor.

Equipe nova
Para levar a empreitada à frente, o Carrefour se mexeu: trocou de presidente há 40 dias. Colocou no lugar de Frank Witek o executivo Eric Urzan, que comandava a sede do México.
A rede ainda fechou -sem fazer nenhum estardalhaço-, só em janeiro, 14 lojas que não eram rentáveis. Antigas lojas estão sendo visitadas, pessoalmente, pelo presidente da rede neste mês, que já se reuniu com fornecedores para conversar e pretende se aproximar de líderes do governo para manter "contatos".
O Pão de Açúcar segue cartilha parecida. Dos R$ 540 milhões, cerca de R$ 240 milhões serão destinados à abertura de novas lojas e aquisição de terrenos estratégicos; R$ 200 milhões em reformas de lojas e R$ 100 milhões em tecnologia, logística e outros investimentos. E o volume pode ser maior.
Não é raro as redes anunciarem um montante e elevarem os gastos durante o ano por conta de aquisições, por exemplo. Em 2002, o Pão de Açúcar previu gastos de R$ 450 milhões, mas o volume foi quase 52% maior.

Obstáculos
"As posições de liderança e de vice-liderança mudam muito rapidamente. E é claro que queremos maior participação de mercado, mas não vou sair comprando empresas para dizer que estamos na liderança. Minha preocupação é melhorar o desempenho de vendas", disse ontem Urzan, que tem como plano ampliar a atuação da marca de supermercados Champion em 2004 -a concorrente direta do supermercado Pão de Açúcar.
Se recursos não faltam para as redes alcançarem as metas de expansão, pode faltar consumidor, ressaltam os consultores. Com renda em queda e desemprego elevado -além do recente repique inflacionário-, a receita das lojas não tem sido originada do volume maior com vendas físicas.
Isso porque os balancetes mostram que houve até uma alta do valor tíquete médio (gasto em cada compra) nos últimos meses, mas foi vendida uma menor quantidade de produtos nos supermercados.
O que, entretanto, não assusta as lojas. "O ideal é ficarmos mais eficazes para reduzir custo e repassar isso para o preço. Com preço baixo, não tem como não vender", diz Urzan.


Texto Anterior: Dívida da AES com o BNDES não afetará relações com os EUA, diz Alencar
Próximo Texto: Telefonia: Miro quer mudar contrato no lugar da Anatel
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.