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PRODUÇÃO
Juros e inflação enfraquecem demanda interna
Exportações garantem expansão de 2,8% da indústria em janeiro
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar da retração do consumo
interno, janeiro foi um mês positivo para a indústria. Impulsionada pelas exportações, a produção
cresceu 2,8% em relação a janeiro
de 2002. Foi a oitava alta seguida
nesse tipo de comparação, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
No indicador com ajuste sazonal, que exclui efeitos típicos de
cada período, a expansão foi menor: 0,7% em relação a dezembro.
"A produção cresceu sustentada por setores exportadores. Já os
que abastecem o mercado interno
puxaram a indústria para baixo",
afirmou Sílvio Sales, do Departamento de Indústria do IBGE.
Sales disse ainda que os sinais
de recuperação da demanda doméstica -apontados pelo aumento da produção de bens duráveis (carros e eletrodomésticos) e
não-duráveis (alimentos) no final
de 2002- se dissiparam em janeiro. Os motivos são a alta dos
juros e o final do pagamento do
expurgo do FGTS para as camadas de renda menor, segundo ele.
Juan Pedro Janssen, economista
da Tendências Consultoria, tem
outra explicação: a disparada da
inflação. "A queda do poder de
compra dos salários por causa da
alta da inflação reduziu o consumo. As pessoas estão com menos
dinheiro para gastar, e os produtos estão mais caros. Isso afeta,
claro, a produção."
O economista Luís Fernando
Cezario, da consultoria LCA, afirmou que existe um movimento
em sentido oposto influenciando
a produção industrial: de um lado, o câmbio ajuda a indústria a
exportar mais e substituir importações. Do outro, a inflação corrói
a renda do trabalhador, diminuindo a demanda interna.
Prova disso é a retração de 5,7%
na produção de bens de consumo
semi e não-duráveis -alimentos,
roupas e calçados.
Segundo Cezario, os ramos
mais beneficiados tanto pelo crescimento das exportações como
pela substituição de produtos exportados são os de matérias-primas para a fabricação de produtos alimentares, papel e celulose e
siderurgia. Foram justamente esses segmentos que impulsionaram a produção de bens intermediários -alta de 4,9% em relação
a janeiro de 2002.
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