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São Paulo, sábado, 15 de março de 2003

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PRODUÇÃO

Juros e inflação enfraquecem demanda interna

Exportações garantem expansão de 2,8% da indústria em janeiro

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar da retração do consumo interno, janeiro foi um mês positivo para a indústria. Impulsionada pelas exportações, a produção cresceu 2,8% em relação a janeiro de 2002. Foi a oitava alta seguida nesse tipo de comparação, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No indicador com ajuste sazonal, que exclui efeitos típicos de cada período, a expansão foi menor: 0,7% em relação a dezembro.
"A produção cresceu sustentada por setores exportadores. Já os que abastecem o mercado interno puxaram a indústria para baixo", afirmou Sílvio Sales, do Departamento de Indústria do IBGE.
Sales disse ainda que os sinais de recuperação da demanda doméstica -apontados pelo aumento da produção de bens duráveis (carros e eletrodomésticos) e não-duráveis (alimentos) no final de 2002- se dissiparam em janeiro. Os motivos são a alta dos juros e o final do pagamento do expurgo do FGTS para as camadas de renda menor, segundo ele.
Juan Pedro Janssen, economista da Tendências Consultoria, tem outra explicação: a disparada da inflação. "A queda do poder de compra dos salários por causa da alta da inflação reduziu o consumo. As pessoas estão com menos dinheiro para gastar, e os produtos estão mais caros. Isso afeta, claro, a produção."
O economista Luís Fernando Cezario, da consultoria LCA, afirmou que existe um movimento em sentido oposto influenciando a produção industrial: de um lado, o câmbio ajuda a indústria a exportar mais e substituir importações. Do outro, a inflação corrói a renda do trabalhador, diminuindo a demanda interna.
Prova disso é a retração de 5,7% na produção de bens de consumo semi e não-duráveis -alimentos, roupas e calçados.
Segundo Cezario, os ramos mais beneficiados tanto pelo crescimento das exportações como pela substituição de produtos exportados são os de matérias-primas para a fabricação de produtos alimentares, papel e celulose e siderurgia. Foram justamente esses segmentos que impulsionaram a produção de bens intermediários -alta de 4,9% em relação a janeiro de 2002.


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