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ÁGUIA ABATIDA
Déficit com o exterior, indústria estagnada e consumidor sem confiança elevam temor de nova recessão
Indicadores revivem pessimismo nos EUA
DA REDAÇÃO
Ao mesmo tempo em que o
presidente George W. Bush constrói, obstinado, seu teatro de
guerra, a economia norte-americana dá mais sinais de debilidade.
Alguns indicadores já caíram aos
patamares da época da Guerra do
Golfo (1991).
Para ficar nos indicadores divulgados ontem: a confiança dos
consumidores caiu ao nível mais
baixo em uma década; os preços
de energia aumentaram no maior
ritmo em 12 anos; o déficit nas
transações com o exterior atingiu
um recorde sem precedentes e a
produção industrial permaneceu
estagnada.
Para os analistas, cresce o temor
de que os EUA, responsáveis por
aproximadamente um terço de
toda a atividade econômica do
planeta, caiam novamente em recessão. Os efeitos seriam sentidos
em todos os cantos.
"Meu entusiasmo com a economia está minguando", disse Robert Gay, economista-chefe do
Commerzbank em Nova York,
para quem aumentaram drasticamente as chances de uma nova recessão, ainda no próximo trimestre. "Metade do mês de março já
ficou para trás, e as coisas parecem que não vão melhorar."
De acordo com a Universidade
de Michigan, a prévia de seu índice de confiança dos consumidor
para este mês foi a 75 pontos, a
menor leitura desde 1992, quando
os EUA ainda viviam os efeitos da
recessão de 91. No mês passado, o
índice ficou em 79,9 pontos.
O consumo é responsável por
dois terços do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA. Como o nível
de confiança indica a propensão
que as famílias têm a gastar, os
analistas consideram o indicador
um dos mais importantes.
Já a indústria voltou a frear, segundo o Federal Reserve (banco
central norte-americano), e permaneceu virtualmente estagnada
no mês passado. Houve um magro avanço de 0,1%, ante uma expansão de 0,8% em janeiro.
Num reflexo das tensões geopolíticas, os preços de energia estão
crescendo a uma velocidade não
vista desde a invasão do Kuait pelo Iraque, em 90, quando a cotação do barril de petróleo chegou a
passar de US$ 40. No mês passado, a gasolina ficou 18,8% mais
cara no atacado.
O índice de preços ao produtor,
de uma maneira geral, subiu 1%
no mês passado. O núcleo da taxa
(em que não entram alimentos e
energia, categorias mais voláteis)
teve queda de 0,5%.
O Departamento de Comércio
dos EUA, por sua vez, informou
que o déficit na conta corrente
atingiu US$ 503,43 bilhões no ano
passado, um salto de 28% em relação ao ano anterior. Em números absolutos, nunca antes houve
um buraco de tal volume. O déficit equivale a 5% do PIB, algo não
visto em três décadas.
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