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São Paulo, sábado, 15 de março de 2003

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ÁGUIA ABATIDA

Déficit com o exterior, indústria estagnada e consumidor sem confiança elevam temor de nova recessão

Indicadores revivem pessimismo nos EUA

DA REDAÇÃO

Ao mesmo tempo em que o presidente George W. Bush constrói, obstinado, seu teatro de guerra, a economia norte-americana dá mais sinais de debilidade. Alguns indicadores já caíram aos patamares da época da Guerra do Golfo (1991).
Para ficar nos indicadores divulgados ontem: a confiança dos consumidores caiu ao nível mais baixo em uma década; os preços de energia aumentaram no maior ritmo em 12 anos; o déficit nas transações com o exterior atingiu um recorde sem precedentes e a produção industrial permaneceu estagnada.
Para os analistas, cresce o temor de que os EUA, responsáveis por aproximadamente um terço de toda a atividade econômica do planeta, caiam novamente em recessão. Os efeitos seriam sentidos em todos os cantos.
"Meu entusiasmo com a economia está minguando", disse Robert Gay, economista-chefe do Commerzbank em Nova York, para quem aumentaram drasticamente as chances de uma nova recessão, ainda no próximo trimestre. "Metade do mês de março já ficou para trás, e as coisas parecem que não vão melhorar."
De acordo com a Universidade de Michigan, a prévia de seu índice de confiança dos consumidor para este mês foi a 75 pontos, a menor leitura desde 1992, quando os EUA ainda viviam os efeitos da recessão de 91. No mês passado, o índice ficou em 79,9 pontos.
O consumo é responsável por dois terços do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA. Como o nível de confiança indica a propensão que as famílias têm a gastar, os analistas consideram o indicador um dos mais importantes.
Já a indústria voltou a frear, segundo o Federal Reserve (banco central norte-americano), e permaneceu virtualmente estagnada no mês passado. Houve um magro avanço de 0,1%, ante uma expansão de 0,8% em janeiro.
Num reflexo das tensões geopolíticas, os preços de energia estão crescendo a uma velocidade não vista desde a invasão do Kuait pelo Iraque, em 90, quando a cotação do barril de petróleo chegou a passar de US$ 40. No mês passado, a gasolina ficou 18,8% mais cara no atacado.
O índice de preços ao produtor, de uma maneira geral, subiu 1% no mês passado. O núcleo da taxa (em que não entram alimentos e energia, categorias mais voláteis) teve queda de 0,5%.
O Departamento de Comércio dos EUA, por sua vez, informou que o déficit na conta corrente atingiu US$ 503,43 bilhões no ano passado, um salto de 28% em relação ao ano anterior. Em números absolutos, nunca antes houve um buraco de tal volume. O déficit equivale a 5% do PIB, algo não visto em três décadas.


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