São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 2006

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Ex-gerente envolve dona da Daslu em fraude

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma ex-gerente da Daslu, maior loja de luxo do país, em investigação há oito meses por suspeita de sonegação fiscal, acusou a dona da butique, Eliana Tranchesi, de estar diretamente envolvida em um suposto esquema de subfaturamento de importações para fugir do pagamento de impostos.
Tranchesi nega a acusação.
O depoimento ocorreu ontem à juíza Maria Izabel do Prado, da 2ª Vara Federal de Guarulhos, que deve ouvir nesta semana mais sete testemunhas de acusação no processo contra a Daslu.
Em dezembro, a Justiça acatou denúncia do Ministério Público Federal contra a dona da loja, seu irmão e diretor financeiro Antonio Carlos Piva de Albuquerque, e os donos de quatro importadoras: Multimport, Kinsberg, By Brasil e Todos os Santos. No processo criminal, eles são acusados de crimes de fraudes nas importações da loja, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
"É uma testemunha relevante. Como funcionária da loja, informou que assistiu ao nascimento do esquema de subfaturamento", disse o procurador Matheus Baraldi Magnani. "Ela confirmou as denúncias e afirmou que a dona da loja viajava ao exterior para efetuar a compra das mercadorias, além de pedir pessoalmente [às grifes] que emitissem faturas em nome das importadoras."
A ex-funcionária, que não quer se identificar, trabalhou na Daslu de 94 a 2002. Formada em arquitetura, foi admitida como assistente-administrativa e chegou a gerente do setor de importações. Após ser demitida, abriu uma ação trabalhista contra a loja.
O depoimento da ex-gerente é importante, segundo o procurador, porque contradiz os argumentos dos donos da Daslu. Eles responsabilizam as importadoras pelas irregularidades. Os advogados das importadoras preferiram não se pronunciar.
Para Arnaldo Malheiros Filho, advogado de Tranchesi, a testemunha não é isenta. "Ela tem um sentimento de mágoa e de rancor. Disse que foi exposta à humilhação no processo trabalhista. Isso prova que ela não tem isenção."
Tranchesi, que acompanhou o depoimento, preferiu não se pronunciar. Em ocasiões anteriores, ela negou ter cometido as fraudes.


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