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PÚBLICO X PRIVADO
Lula assina decreto que põe sindicalistas nos conselhos de Sesi, Senai, Sesc e Senac; empresas mantêm maioria
Trabalhador terá poder reduzido no Sistema S
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo vai abrir a gestão do
Sistema S para os trabalhadores.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva assinará amanhã decretos
que criam mais de 300 vagas para
sindicalistas nos conselhos (nacional, fiscal e regional) do Sesi,
do Senai, do Sesc e do Senac
-que hoje são controlados por
representantes dos patrões. Neste
ano, essas quatro entidades movimentarão cerca de R$ 8,7 bilhões.
Os novos assentos serão ocupados por sindicalistas a serem indicados pelas centrais sindicais ou
confederações de trabalhadores.
Atualmente, o governo já integra
a estrutura de alguns conselhos
do sistema, mas o poder de decisão está nas mãos do empresariado, com a maioria das cadeiras.
A inclusão dos trabalhadores na
gestão não será generalizada.
Ocorrerá somente nos conselhos
ligados à indústria -Sesi e Senai- e ao comércio -Senac e
Sesc- porque o governo não
conseguiu chegar a um acordo
com as demais entidades.
Bandeira antiga do movimento
sindical, a gestão compartilhada
vem sendo negociada há quase
dois anos entre entidades, trabalhadores e governo. Na avaliação
do chefe-de-gabinete do Ministério do Trabalho e coordenador do
FNT (Fórum Nacional do Trabalho), Osvaldo Bargas, a abertura
para os trabalhadores é uma conquista, mas não atende a todas as
reivindicações dos sindicalistas.
"Está longe de atender as reivindicações do movimento sindical,
pois a gestão não é paritária. A
maioria dos assentos é dos empregadores e continuará sendo.
Os trabalhadores, porém, passarão a influir nas decisões. Poderá
haver muito barulho", afirma
Bargas, que foi o articulador do
governo nas negociações.
Bargas é enfático ao desvincular
a decisão do presidente Lula de
componentes eleitorais. "Não é
porque o presidente pediu e as
centrais sindicais queriam que a
mudança será feita. Foi difícil negociar isso dentro do sistema."
Para ele, os ocupantes de assentos nos conselhos do Sistema S
não são remunerados para exercer a função. Apenas os conselheiros fiscais de algumas entidades
recebem jeton quando são realizadas reuniões.
Critérios
Para a escolha dos representantes dos trabalhadores, o governo
definiu os seguintes critérios: no
caso dos conselhos nacionais, serão seis titulares e seis suplentes.
No Sesi e no Senai, eles poderão
ser indicados pelas confederações
de trabalhadores e centrais sindicais que contarem com pelo menos 20% de sindicalizados em relação ao número total dos trabalhadores do setor em âmbito nacional. Duas ou mais entidades
poderão se unir para obter o percentual mínimo.
Já para o Sesc e o Senac, as indicações serão feitas diretamente
pelas centrais sindicais.
O coordenador do FNT adianta
que um decreto será editado em
maio para definir regras gerais
para a indicação de trabalhadores
nos colegiados de órgãos públicos. Essa norma geral valerá para
os conselhos nacionais ligados ao
comércio.
Para os conselho fiscais -que
não existem na indústria, mas fazem parte do Sesc e Senac-, será
um titular e um suplente, indicados pelas centrais, no caso do
Sesc. No Senac, serão escolhidos
dois titulares e dois suplentes
também pelas centrais.
A notícia foi bem recebida pelos
principais líderes sindicais. João
Felício, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores),
acha que medida representa uma
democratização nas decisões sobre o destino dos recursos, que,
na sua opinião, são públicos, e
não privados.
Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, acredita que
a medida dará a possibilidade de
as centrais sindicais fiscalizarem o
destino do dinheiro arrecadado
pelo Sistema S, que, na sua opinião, vem sendo empregado de
forma irregular em alguns casos.
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