São Paulo, sábado, 15 de abril de 2000


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MEMÓRIA
Corrida por lucro fácil infla preços de ações
Crises de 29 e 87 foram em outubro

da Reportagem Local

Os investidores são pródigos em encontrar metáforas para explicar os solavancos das Bolsas. Ontem, os analistas falavam em "banho de sangue" na Nasdaq, referindo-se à queda de 9,6% do índice da Bolsa eletrônica.
Em 1929, os norte-americanos tiveram uma quinta-feira negra no mês de outubro. Em 1987 foi uma segunda-feira, do mesmo mês, que ganhou o adjetivo.
Quando o índice Dow Jones caiu 12,8%, em 24 de outubro de 1929, os investidores norte-americanos entraram em pânico. Todos correram para a Bolsa para tentar vender as ações que, algumas semanas antes, acreditavam ser a garantia de um futuro sem problemas financeiros.
A maioria esmagadora perdeu muito dinheiro. Não faltaram histórias de suicídios de grandes investidores desesperados, para que os historiadores pudessem demonstrar a seus leitores como o pânico tomou conta de Wall Street, o centro financeiro de Nova York -na quinta-feira, 24 de outubro de 1929, 11 investidores cometerem suicídio.
Os anos que se seguiram ao crash da Bolsa foram denominados por historiadores de "abismo econômico": as fontes de financiamento das empresas norte-americanas secaram, milhares de bancos faliram e o desemprego atingiu níveis recordes.
Em 1987, o dia negro foi uma segunda-feira, 19 de outubro, quando o Dow Jones amargou uma queda de 22%. O desespero novamente tomou conta dos investidores.
As duas crises têm uma história muito parecida: os investidores ficam eufóricos com a valorização das ações, endividam-se para comprar mais papéis e fazem o valor dessas ações subir ainda mais.
Nas épocas de euforia, poucos lembram-se de verificar aquilo que os economistas chamam de fundamentos econômicos. A pergunta que os investidores deveriam fazer é: o preço que estou pagando pela ação de uma empresa é proporcional ao lucro que ela poderá ter no futuro? Ou: existem razões para tamanha euforia?
Em 1987, por exemplo, bastaria uma análise sensata para verificar que os gastos do governo norte-americano eram excessivos. Cedo ou tarde os EUA amargariam uma recessão para resolver os problemas com seus déficits orçamentários.
Mas não são só os investidores que acabam ignorando a economia real quando fazem previsões acerca do futuro da economia. No final de 1928, menos de um ano antes do crash, o presidente dos EUA afirmava: "O país pode encarar o presente com satisfação e o futuro com otimismo".


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