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MEMÓRIA
Corrida por lucro fácil infla preços de ações
Crises de 29 e 87 foram em outubro
da Reportagem Local
Os investidores são pródigos
em encontrar metáforas para explicar os solavancos das Bolsas.
Ontem, os analistas falavam em
"banho de sangue" na Nasdaq, referindo-se à queda de 9,6% do índice da Bolsa eletrônica.
Em 1929, os norte-americanos
tiveram uma quinta-feira negra
no mês de outubro. Em 1987 foi
uma segunda-feira, do mesmo
mês, que ganhou o adjetivo.
Quando o índice Dow Jones
caiu 12,8%, em 24 de outubro de
1929, os investidores norte-americanos entraram em pânico. Todos correram para a Bolsa para
tentar vender as ações que, algumas semanas antes, acreditavam
ser a garantia de um futuro sem
problemas financeiros.
A maioria esmagadora perdeu
muito dinheiro. Não faltaram histórias de suicídios de grandes investidores desesperados, para que
os historiadores pudessem demonstrar a seus leitores como o
pânico tomou conta de Wall
Street, o centro financeiro de Nova York -na quinta-feira, 24 de
outubro de 1929, 11 investidores
cometerem suicídio.
Os anos que se seguiram ao
crash da Bolsa foram denominados por historiadores de "abismo
econômico": as fontes de financiamento das empresas norte-americanas secaram, milhares de
bancos faliram e o desemprego
atingiu níveis recordes.
Em 1987, o dia negro foi uma
segunda-feira, 19 de outubro,
quando o Dow Jones amargou
uma queda de 22%. O desespero novamente tomou conta
dos investidores.
As duas crises têm uma história muito parecida: os investidores ficam eufóricos com a
valorização das ações, endividam-se para comprar mais papéis e fazem o valor dessas
ações subir ainda mais.
Nas épocas de euforia, poucos lembram-se de verificar
aquilo que os economistas chamam de fundamentos econômicos. A pergunta que os investidores deveriam fazer é: o
preço que estou pagando pela
ação de uma empresa é proporcional ao lucro que ela poderá ter no futuro? Ou: existem
razões para tamanha euforia?
Em 1987, por exemplo, bastaria uma análise sensata para verificar que os gastos do governo norte-americano eram excessivos. Cedo ou tarde os EUA
amargariam uma recessão para resolver os problemas com
seus déficits orçamentários.
Mas não são só os investidores que acabam ignorando a
economia real quando fazem
previsões acerca do futuro da
economia. No final de 1928,
menos de um ano antes do
crash, o presidente dos EUA
afirmava: "O país pode encarar
o presente com satisfação e o
futuro com otimismo".
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