|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCADO TENSO
Índice da Bolsa paulista cai 4,55%; ação do BC segura cotações do dólar, que fecha em R$ 1,782
NY cai, arrasta Bovespa e pressiona dólar
NEY HAYASHI DA CRUZ
da Reportagem Local
O pânico nas Bolsas dos Estados
Unidos teve um efeito arrasador
no mercado brasileiro.
A Bovespa despencou e voltou
aos patamares de dezembro. O
dólar disparou, e o Banco Central
ameaçou intervir para segurar a
cotação da moeda. Os C-Bonds,
títulos da dívida externa brasileira, sofreram uma desvalorização
de 1,92%.
Na Bolsa paulista, nenhuma das
44 ações que compõem o Ibovespa teve alta ontem. O índice fechou em 14.794 pontos, queda de
4,55% no dia. Neste ano, ele já
acumula perdas de 13,44%.
Na opinião de Roberto Dotta,
da Tudor Asset Management,
também colaborou para o resultado da Bovespa a questão do
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço), que está sendo julgada pelo STF (Supremo
Tribunal Federal).
O tribunal começou a julgar anteontem se a Caixa Econômica
Federal terá que aplicar expurgos
inflacionários sobre os saldos do
FGTS entre 1987 e 1991.
Boa parte do julgamento ocorreu depois do fechamento da Bolsa, na quinta-feira, por isso ele
ainda refletiu nos negócios de ontem.
Dólar
O Banco Central ameaçou intervir no mercado de câmbio ontem
e fez a cotação do dólar recuar. A
autoridade monetária fez consultas de taxas a mesas de câmbio de
alguns bancos na parte da manhã,
quando a moeda dos EUA chegou
a ser cotada a R$ 1,795.
Essas consultas são uma indicação de que o Banco Central pode,
a qualquer momento, entrar no
mercado comprando ou vendendo dólares.
De acordo com operadores ouvidos pela Folha, o BC não chegou a vender dólares. Apenas as
consultas de taxas foram suficientes para segurar a cotação do dólar.
No câmbio comercial, a moeda
fechou em R$ 1,780 (compra) e R$
1,782 (venda), as mesmas cotações de quinta-feira.
Segundo Paulo Schiguemi, da
corretora Socopa, o objetivo dessas consultas é controlar as oscilações do curto prazo, mas não significa que o governo queira impor
um teto para a cotação do dólar.
Na última vez em que o BC interveio no câmbio, em 24 de março, a situação era inversa. A autoridade monetária comprou dólares para impedir que a moeda
continuasse a se desvalorizar.
Nesse dia, ela chegou a ser cotada
a R$ 1,709.
Desde então, a instabilidade do
cenário externo e os vencimentos
externos, de cerca de US$ 3,5 bilhões, pressionaram a cotação do
dólar.
Segundo João Medeiros, da Pioneer Corretora, a situação deve
melhorar a partir de maio, quando as exportações da safra de soja
começam a se intensificar. "Além
disso, só em julho voltaremos a
ver uma grande quantidade de
vencimentos", afirma.
Segurança
Os C-Bonds já acumulam uma
desvalorização de 6,31% neste
mês, quando o pânico nas Bolsas
dos EUA se intensificou.
Em momentos de incerteza, os
investidores procuram sair de investimentos de maior risco e migram para ativos mais seguros,
como o ouro e os títulos de Tesouro norte-americano.
Ontem os T-Bonds (títulos do
Tesouro dos EUA com vencimento em 30 anos) pagaram uma taxa
de 5,78%, contra 5,80% registrados na quinta-feira. Quanto
maior a procura pelos títulos, menor é a taxa paga por eles. O ouro
negociado em Nova York subiu
0,53%, fechando em US$ 282,60 a
onça-troy (31,104 gramas).
Texto Anterior: Vozes do pânico Próximo Texto: Armínio Fraga diz que agora Brasil está menos vulnerável Índice
|