São Paulo, sábado, 15 de abril de 2000


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MERCADO TENSO
Índice da Bolsa paulista cai 4,55%; ação do BC segura cotações do dólar, que fecha em R$ 1,782
NY cai, arrasta Bovespa e pressiona dólar

NEY HAYASHI DA CRUZ
da Reportagem Local

O pânico nas Bolsas dos Estados Unidos teve um efeito arrasador no mercado brasileiro.
A Bovespa despencou e voltou aos patamares de dezembro. O dólar disparou, e o Banco Central ameaçou intervir para segurar a cotação da moeda. Os C-Bonds, títulos da dívida externa brasileira, sofreram uma desvalorização de 1,92%.
Na Bolsa paulista, nenhuma das 44 ações que compõem o Ibovespa teve alta ontem. O índice fechou em 14.794 pontos, queda de 4,55% no dia. Neste ano, ele já acumula perdas de 13,44%.
Na opinião de Roberto Dotta, da Tudor Asset Management, também colaborou para o resultado da Bovespa a questão do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que está sendo julgada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O tribunal começou a julgar anteontem se a Caixa Econômica Federal terá que aplicar expurgos inflacionários sobre os saldos do FGTS entre 1987 e 1991.
Boa parte do julgamento ocorreu depois do fechamento da Bolsa, na quinta-feira, por isso ele ainda refletiu nos negócios de ontem.

Dólar
O Banco Central ameaçou intervir no mercado de câmbio ontem e fez a cotação do dólar recuar. A autoridade monetária fez consultas de taxas a mesas de câmbio de alguns bancos na parte da manhã, quando a moeda dos EUA chegou a ser cotada a R$ 1,795.
Essas consultas são uma indicação de que o Banco Central pode, a qualquer momento, entrar no mercado comprando ou vendendo dólares.
De acordo com operadores ouvidos pela Folha, o BC não chegou a vender dólares. Apenas as consultas de taxas foram suficientes para segurar a cotação do dólar.
No câmbio comercial, a moeda fechou em R$ 1,780 (compra) e R$ 1,782 (venda), as mesmas cotações de quinta-feira.
Segundo Paulo Schiguemi, da corretora Socopa, o objetivo dessas consultas é controlar as oscilações do curto prazo, mas não significa que o governo queira impor um teto para a cotação do dólar.
Na última vez em que o BC interveio no câmbio, em 24 de março, a situação era inversa. A autoridade monetária comprou dólares para impedir que a moeda continuasse a se desvalorizar. Nesse dia, ela chegou a ser cotada a R$ 1,709.
Desde então, a instabilidade do cenário externo e os vencimentos externos, de cerca de US$ 3,5 bilhões, pressionaram a cotação do dólar.
Segundo João Medeiros, da Pioneer Corretora, a situação deve melhorar a partir de maio, quando as exportações da safra de soja começam a se intensificar. "Além disso, só em julho voltaremos a ver uma grande quantidade de vencimentos", afirma.

Segurança
Os C-Bonds já acumulam uma desvalorização de 6,31% neste mês, quando o pânico nas Bolsas dos EUA se intensificou.
Em momentos de incerteza, os investidores procuram sair de investimentos de maior risco e migram para ativos mais seguros, como o ouro e os títulos de Tesouro norte-americano.
Ontem os T-Bonds (títulos do Tesouro dos EUA com vencimento em 30 anos) pagaram uma taxa de 5,78%, contra 5,80% registrados na quinta-feira. Quanto maior a procura pelos títulos, menor é a taxa paga por eles. O ouro negociado em Nova York subiu 0,53%, fechando em US$ 282,60 a onça-troy (31,104 gramas).


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