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São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2003

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Para Meirelles, risco-país vai cair ainda mais

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem em Nova York, onde se encontrou com investidores, que ainda considera alto o nível de risco-país do Brasil.
"Já esteve em 2.400 pontos, está em 900 pontos e vai continuar caindo. Vai cair devagar, mas vai cair bastante mais que isso. Mas isso não quer dizer que seja na semana que vem", afirmou ele, numa opinião que enfatizaria mais tarde a investidores no Council of the Americas: "A tendência sem dúvida é para baixo".
Isso, segundo sinalizou o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Beny Parnes, poderia prorrogar uma emissão de títulos pelo país. "A gente acha que as curvas continuam inclinadas, os custos continuam elevados", disse.
Nenhum dos dois, porém, se dispôs a estabelecer prazos para uma captação. "Estamos em um processo decisório", afirmou Meirelles à Folha pela manhã, antes de uma reunião no banco JP Morgan. Depois, foi ao Fed de Nova York, onde se encontrou também com o presidente do Citibank, William Rhodes, que se disse otimista em relação a uma possível captação do Brasil. "Os mercados vão receber qualquer emissão de maneira positiva."
Uma questão em aberto ainda, segundo os dirigentes do BC, é o uso das "CACs" (cláusulas de ação coletiva, também chamadas "cláusulas de calote"), que permitem a renegociação dos títulos mesmo que o governo não consiga aprovação unânime dos credores -por outro lado, podem aumentar o custo do dinheiro.
"Nós gostamos da idéia da CAC, é uma idéia interessante. Estamos avaliando", disse Parnes. "Tem que ser um processo evolucionário, não revolucionário", repetiu o presidente do BC diversas vezes ontem quando questionado sobre o assunto.
Meirelles contou que tem ouvido dos investidores questionamentos sobre a valorização da moeda brasileira. "Se no passado se preocupavam com a excessiva desvalorização do real, hoje se preocupam com o real ficando mais forte. É uma mudança muito grande. Eu realmente prefiro esse tipo de preocupação", afirmou. "Mas todos entendem que num mercado livre não compete ao BC fixar valores de moedas."
A investidores, o presidente do BC relatou as preocupações com a inflação e mencionou a possibilidade de mudanças nas metas para este ano caso os preços controlados subam além dos 14% preestabelecidos.
Meirelles mantém hoje sua sequência de reuniões com investidores em Nova York -não irá nem mesmo ao Brazil Summit, encontro que debaterá a economia nacional em um hotel da cidade e no qual o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, será o principal convidado.
Enquanto Palocci discursa, o presidente do BC irá à Fitch Ratings, agência de classificação de risco, e ao Deutsche Bank.


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