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Para Meirelles, risco-país vai cair ainda mais
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, disse ontem
em Nova York, onde se encontrou com investidores, que ainda
considera alto o nível de risco-país do Brasil.
"Já esteve em 2.400 pontos, está
em 900 pontos e vai continuar
caindo. Vai cair devagar, mas vai
cair bastante mais que isso. Mas
isso não quer dizer que seja na semana que vem", afirmou ele, numa opinião que enfatizaria mais
tarde a investidores no Council of
the Americas: "A tendência sem
dúvida é para baixo".
Isso, segundo sinalizou o diretor de Assuntos Internacionais do
Banco Central, Beny Parnes, poderia prorrogar uma emissão de
títulos pelo país. "A gente acha
que as curvas continuam inclinadas, os custos continuam elevados", disse.
Nenhum dos dois, porém, se
dispôs a estabelecer prazos para
uma captação. "Estamos em um
processo decisório", afirmou
Meirelles à Folha pela manhã, antes de uma reunião no banco JP
Morgan. Depois, foi ao Fed de
Nova York, onde se encontrou
também com o presidente do Citibank, William Rhodes, que se
disse otimista em relação a uma
possível captação do Brasil. "Os
mercados vão receber qualquer
emissão de maneira positiva."
Uma questão em aberto ainda,
segundo os dirigentes do BC, é o
uso das "CACs" (cláusulas de
ação coletiva, também chamadas
"cláusulas de calote"), que permitem a renegociação dos títulos
mesmo que o governo não consiga aprovação unânime dos credores -por outro lado, podem aumentar o custo do dinheiro.
"Nós gostamos da idéia da CAC,
é uma idéia interessante. Estamos
avaliando", disse Parnes. "Tem
que ser um processo evolucionário, não revolucionário", repetiu o
presidente do BC diversas vezes
ontem quando questionado sobre
o assunto.
Meirelles contou que tem ouvido dos investidores questionamentos sobre a valorização da
moeda brasileira. "Se no passado
se preocupavam com a excessiva
desvalorização do real, hoje se
preocupam com o real ficando
mais forte. É uma mudança muito
grande. Eu realmente prefiro esse
tipo de preocupação", afirmou.
"Mas todos entendem que num
mercado livre não compete ao BC
fixar valores de moedas."
A investidores, o presidente do
BC relatou as preocupações com a
inflação e mencionou a possibilidade de mudanças nas metas para
este ano caso os preços controlados subam além dos 14% preestabelecidos.
Meirelles mantém hoje sua sequência de reuniões com investidores em Nova York -não irá
nem mesmo ao Brazil Summit,
encontro que debaterá a economia nacional em um hotel da cidade e no qual o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, será
o principal convidado.
Enquanto Palocci discursa, o
presidente do BC irá à Fitch Ratings, agência de classificação de
risco, e ao Deutsche Bank.
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