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CURTO-CIRCUITO
Segundo ministra, rombo pode chegar a R$ 5 bilhões neste ano
Sobra energia; geradoras perdem
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A ministra de Minas e Energia,
Dilma Rousseff, afirmou ontem
no Rio de Janeiro que as geradoras terão neste ano um "rombo"
de R$ 5 bilhões decorrente da
sobra de energia. Segundo ela,
20% da capacidade instalada de
geração (ou 7.500 MW) estão
descontratados -ou seja, as geradoras não têm para quem
vender.
Para minimizar o problema, o
governo federal quer que as
companhias vendam diretamente para grandes consumidores industriais a um custo
mais baixo -o valor ainda não
foi definido. Muitas indústrias,
diz a ministra, querem consumir mais energia, mas não fazem isso devido ao preço do insumo.
"Pensamos em resolver o problema [da sobra] da forma mais
barata. Não vamos repassar para a tarifa [ao consumidor]. Vamos considerar a sobra de curto
prazo e tomar uma providência:
vender para quem está apresentando uma recuperação [do
consumo", que é o setor industrial", afirmou Dilma
Dos 7.500 MW excedentes, a
ministra estima que 2.000 MW
poderiam ser "colocados" no
setor industrial. O objetivo principal é vender a energia mais barata no horário de pico do consumo, quando o preço chega a
custar seis vezes mais. Hoje, a
tarifa média industrial é de R$
100 o MWh, de acordo com a
Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica).
Os contratos seriam firmados
com os grandes consumidores
por um período de, no máximo,
dois anos. Depois desse prazo, o
ministério diz esperar que não
haja mais energia descontratada, prevendo o crescimento do
consumo com uma maior expansão econômica.
A sobra é resultado de uma infeliz conjugação de fatores: 25%
da energia antes contratada entre geradores e distribuidoras
teve de ser liberada no início
deste ano por força da lei, num
momento de fraca demanda
quando o mercado ainda não
havia se recuperado na fase posterior ao racionamento de energia elétrica. Hoje, a estimativa é
que o consumo de energia esteja
no mesmo nível de 1999.
Para a indústria, a proposta é
interessante. "Qualquer empresa tem interesse porque a tarifa
na ponta [horário de pico, das
17h às 20h] é seis ou sete vezes
maior. O que o industrial faz hoje? Desliga nesse horário", afirmou Paulo Ludmer, diretor-executivo da Abrace (associação
dos grandes consumidores). A
entidade representa 50% do
consumo industrial do país.
O presidente da Abrage (associação das distribuidoras), Flávio Antônio Neiva, disse que é
favorável à medida, principalmente num período em que "as
geradoras nunca sofreram tanto
na história com a sobra de energia". Mas diz que ela terá pequeno impacto: "Não será um incremento significativo."
Neiva afirmou ainda que só
será vantajoso para geradoras se
o preço for próximo ao dos contratos firmados com as distribuidoras -cerca de R$ 59.
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