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São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2003

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CURTO-CIRCUITO

Segundo ministra, rombo pode chegar a R$ 5 bilhões neste ano

Sobra energia; geradoras perdem

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, afirmou ontem no Rio de Janeiro que as geradoras terão neste ano um "rombo" de R$ 5 bilhões decorrente da sobra de energia. Segundo ela, 20% da capacidade instalada de geração (ou 7.500 MW) estão descontratados -ou seja, as geradoras não têm para quem vender.
Para minimizar o problema, o governo federal quer que as companhias vendam diretamente para grandes consumidores industriais a um custo mais baixo -o valor ainda não foi definido. Muitas indústrias, diz a ministra, querem consumir mais energia, mas não fazem isso devido ao preço do insumo.
"Pensamos em resolver o problema [da sobra] da forma mais barata. Não vamos repassar para a tarifa [ao consumidor]. Vamos considerar a sobra de curto prazo e tomar uma providência: vender para quem está apresentando uma recuperação [do consumo", que é o setor industrial", afirmou Dilma
Dos 7.500 MW excedentes, a ministra estima que 2.000 MW poderiam ser "colocados" no setor industrial. O objetivo principal é vender a energia mais barata no horário de pico do consumo, quando o preço chega a custar seis vezes mais. Hoje, a tarifa média industrial é de R$ 100 o MWh, de acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Os contratos seriam firmados com os grandes consumidores por um período de, no máximo, dois anos. Depois desse prazo, o ministério diz esperar que não haja mais energia descontratada, prevendo o crescimento do consumo com uma maior expansão econômica.
A sobra é resultado de uma infeliz conjugação de fatores: 25% da energia antes contratada entre geradores e distribuidoras teve de ser liberada no início deste ano por força da lei, num momento de fraca demanda quando o mercado ainda não havia se recuperado na fase posterior ao racionamento de energia elétrica. Hoje, a estimativa é que o consumo de energia esteja no mesmo nível de 1999.
Para a indústria, a proposta é interessante. "Qualquer empresa tem interesse porque a tarifa na ponta [horário de pico, das 17h às 20h] é seis ou sete vezes maior. O que o industrial faz hoje? Desliga nesse horário", afirmou Paulo Ludmer, diretor-executivo da Abrace (associação dos grandes consumidores). A entidade representa 50% do consumo industrial do país.
O presidente da Abrage (associação das distribuidoras), Flávio Antônio Neiva, disse que é favorável à medida, principalmente num período em que "as geradoras nunca sofreram tanto na história com a sobra de energia". Mas diz que ela terá pequeno impacto: "Não será um incremento significativo."
Neiva afirmou ainda que só será vantajoso para geradoras se o preço for próximo ao dos contratos firmados com as distribuidoras -cerca de R$ 59.


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