CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Volkswagen começa a produzir a partir de 2005 na unidade Anchieta, em São Bernardo do Campo, o modelo exportação do novo carro da montadora. Chamado de "Tupi" pelos funcionários e de P-249 pela empresa, o carro é um veículo intermediário entre o Polo e o Gol, que será exportado para a Europa e provavelmente para a Ásia.
A fábrica do ABC, que disputava desde o ano passado a produção do carro com unidades de Portugal, Espanha e Eslováquia, anunciou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que venceu a concorrência internacional. O presidente da Volkswagen do Brasil, Paul Fleming, telefonou para Lula, ontem pela manhã, para informá-lo sobre o resultado da disputa.
Sem detalhar a produção inicial nem o custo para desenvolver o modelo no país, a Volks informa que o projeto prevê um grande volume de exportação. Nos cálculos de representantes dos trabalhadores, ligados ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da comissão de fábrica, deverão ser fabricados cerca de 600 carros por dia -ou uma produção anual estimada em 100 mil veículos. Para ter uma idéia desse volume, a Volks produz atualmente cerca de 400 modelos do Polo por dia.
A empresa informa que, de cada quatro veículos fabricados pela montadora no Brasil, um é exportado. De janeiro a março deste ano, a Volks exportou 31.603 veículos contra 24.834 no mesmo período de 2002 -crescimento de 27% nas exportações. Desse total, o campeão de vendas ao mercado externo foi o Gol, e o maior comprador, o México.
A unidade do ABC era a única fábrica do Brasil que não tinha produtos para exportação. A Volks em Rezende (RJ) exporta ônibus e caminhões, em São Carlos (interior de SP) são fabricados e comercializados motores para o mercado externo, a unidade de Taubaté (SP) exporta o Gol, e a de São José dos Pinhais (PR), o Golf.
Na unidade do ABC também são fabricados os modelos Polo, Gol, Kombi, Santana e Saveiro. A versão nacional do Tupi será fabricada em São José dos Pinhais.

Terceirização
Para reduzir custos com pessoal e conseguir vencer a concorrência para produzir o "Tupi", a montadora assinou acordo ontem com o sindicato que prevê a terceirização do setor de peças e acessórios.
No total serão terceirizadas 1.500 funções em cinco áreas da empresa. "Os funcionários serão realocados e não haverá redução de salários", diz Hélio Honorato, da comissão de fábrica.
A terceirização foi aprovada em assembléia na semana passada por 95% dos funcionários e estava prevista em acordo assinado no final em 2001 para garantir os empregos dos trabalhadores até 2006 e evitar a demissão de cerca de 3.000 operários.
Os metalúrgicos do setor de peças e acessórios, ligados à oposição ao sindicato, resistiram à terceirização porque temiam que o processo pudesse significar o início de demissões na empresa.
Para a comissão de fábrica, a vinda do Tupi exportação significa a manutenção dos 14,5 mil empregos na unidade. "Na produção do Polo estão envolvidos 7.000 funcionários. Se não tivéssemos ganhado essa disputa, cerca de 7.500 empregos poderiam estar ameaçados", disse Honorato.
Para ele, com a produção do novo modelo, fica mais fácil também discutir a renovação do acordo para a manutenção de empregos.