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São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2003

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ECONOMIA NA TRINCHEIRA

Fim da guerra trará expansão, diz Consenso de Washington

IIE vê impulso dos EUA no 2º semestre

LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O desfecho rápido da guerra do Iraque, conjugado com o cenário de taxa baixa de juros nos países desenvolvidos, levará a economia dos EUA a uma rápida recuperação no segundo semestre, o que beneficiará a economia global em geral e, em particular, o Brasil.
A avaliação é de um grupo de conceituados economistas americanos, como Michael Mussa (ex-economista-chefe do FMI), Martin Baily (ex-chefe do Conselho de Assessores Econômicos de Bill Clinton) e Fred Bergsten, que integram o Instituto para a Economia Internacional (IIE, em inglês), muito conhecido por ter dado origem ao chamado Consenso de Washington -conjunto de receitas econômicas liberais amplamente adotado por países emergentes na década de 90.
"Estamos otimistas com o fim das incertezas [geradas" por causa da guerra", disse ontem Bergsten, que preside o IIE.
Ele avalia que no segundo semestre a economia dos EUA crescerá a uma taxa anualizada de 3% a 3,5%. "Claro que esse desempenho vai se estender em 2004." Sua estimativa para o ano que vem é uma expansão de até 4%.
A análise de Bergsten se baseia em quatro aspectos fundamentais. Em primeiro lugar, o fim rápido da guerra acaba com as expectativas negativas que travavam a economia americana. Com cenário mais claro (ou menos turvo), empresas e investidores tendem a retomar suas atividades normais, aumentando investimentos na produção e aplicações no mercado financeiro.
O segundo ponto da análise de Bergsten é o preço do petróleo, que tende a cair após a guerra.
O petróleo mais barato não pressiona a inflação. Assim, o Fed (o BC dos EUA) pode manter os juros baixos.
O último elemento mencionado por Bergsten é a política do presidente americano, George W. Bush, de cortar impostos para estimular a economia. "Nossa economia será uma forte locomotiva, puxando a economia mundial."

Brasil
O quadro traçado por Bergsten, se confirmado, beneficiaria o Brasil duplamente. Primeiro porque o país poderia aumentar suas exportações para os EUA e demais países desenvolvidos, se a economia global se fortalecer.
O outro fator são os juros baixos nos países industrializados. Em busca de maior retorno, os investidores estrangeiros continuariam a buscar ativos brasileiros, como os títulos da dívida externa. Isso contribuiria para reduzir os juros cobrados (risco-país menor) do governo e das empresas brasileiras, o que facilitaria a captação de recursos no mercado internacional. Ou seja, ingresso maior de dólares no país.


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