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São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2003

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Iraque e pobreza na Argentina já pesam no bolso

DA REDAÇÃO

A disparada nos preços do arroz no mercado interno não se deve apenas à quebra de safra nacional, mas também a uma conjuntura internacional desfavorável. A safra mundial, que atingiu 398 milhões de toneladas em 2001, recuará para 381 milhões neste ano. Os estoques mundiais caem de 148 milhões para 107 milhões de toneladas no mesmo período.
A Argentina, um dos nossos principais parceiros, ficou mais pobre depois da grave crise econômica desde o final de 2001. A população passou a consumir mais arroz. Nos últimos dois anos, houve aumento de 7% no consumo. Com produção menor e consumo maior, os argentinos exportam menos para o Brasil, sustentando os preços nacionais.
O Brasil terá de buscar produto em outros mercados, como Estados Unidos, Tailândia e Vietnã. Por ora, apenas o produto norte-americano está acessível ao Brasil. Mesmo assim, o país vai pagar caro pelo arroz dos EUA, que elevou os preços neste ano devido à necessidade de abastecer o Iraque após a guerra.
A alta no preço do arroz no campo vai chegar às gôndolas em breve, diz Romeu Fiod. As redes de supermercados ainda estão com estoques a preços antigos, mas as novas aquisições do produto já são com preços novos.
Fernando Zaia diz que as vítimas agora são as indústrias, mas que em breve passarão a ser os consumidores. José Antônio Ribeiro Nogueira, da Comal, diz que os aumentos de preços foram rápidos e pegaram as indústrias de surpresa.
Mesmo sem os novos aumentos, o consumidor já está sentindo no bolso os reajustes dos últimos meses nos preços do arroz. Há um ano, a pesquisa do custo da cesta básica do Procon e do Dieese indicava que os paulistanos pagavam R$ 4,40, em média, por um pacote de arroz do tipo 2. A pesquisa de ontem registrou preços médios de R$ 6,74, uma alta de 53% no período. A nova alta de preços será repassada também para os índices de inflação.
O setor industrial está preocupado com a participação do governo no mercado. O programa Fome Zero deverá elevar o consumo de arroz, pressionando ainda mais os preços. Vilmondes da Silva, do Ministério da Agricultura, diz, no entanto, que o programa ainda está sendo desenhado e que o governo não tomará nenhuma atitude precipitada.
Uma das saídas propostas pelas indústrias para reduzir os preços seria a retirada das alíquotas de importação. Zaia diz que essa medida é boa, mas que pode ter pouco impacto. Provavelmente os norte-americanos vão elevar os preços porque sabem das necessidades dos brasileiros. (MZ)


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