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Iraque e pobreza na Argentina já pesam no bolso
DA REDAÇÃO
A disparada nos preços do
arroz no mercado interno não
se deve apenas à quebra de safra nacional, mas também a
uma conjuntura internacional
desfavorável. A safra mundial,
que atingiu 398 milhões de toneladas em 2001, recuará para
381 milhões neste ano. Os estoques mundiais caem de 148 milhões para 107 milhões de toneladas no mesmo período.
A Argentina, um dos nossos
principais parceiros, ficou mais
pobre depois da grave crise
econômica desde o final de
2001. A população passou a
consumir mais arroz. Nos últimos dois anos, houve aumento
de 7% no consumo. Com produção menor e consumo
maior, os argentinos exportam
menos para o Brasil, sustentando os preços nacionais.
O Brasil terá de buscar produto em outros mercados, como Estados Unidos, Tailândia
e Vietnã. Por ora, apenas o produto norte-americano está
acessível ao Brasil. Mesmo assim, o país vai pagar caro pelo
arroz dos EUA, que elevou os
preços neste ano devido à necessidade de abastecer o Iraque
após a guerra.
A alta no preço do arroz no
campo vai chegar às gôndolas
em breve, diz Romeu Fiod. As
redes de supermercados ainda
estão com estoques a preços
antigos, mas as novas aquisições do produto já são com
preços novos.
Fernando Zaia diz que as vítimas agora são as indústrias,
mas que em breve passarão a
ser os consumidores. José Antônio Ribeiro Nogueira, da Comal, diz que os aumentos de
preços foram rápidos e pegaram as indústrias de surpresa.
Mesmo sem os novos aumentos, o consumidor já está
sentindo no bolso os reajustes
dos últimos meses nos preços
do arroz. Há um ano, a pesquisa do custo da cesta básica do
Procon e do Dieese indicava
que os paulistanos pagavam R$
4,40, em média, por um pacote
de arroz do tipo 2. A pesquisa
de ontem registrou preços médios de R$ 6,74, uma alta de
53% no período. A nova alta de
preços será repassada também
para os índices de inflação.
O setor industrial está preocupado com a participação do
governo no mercado. O programa Fome Zero deverá elevar o consumo de arroz, pressionando ainda mais os preços.
Vilmondes da Silva, do Ministério da Agricultura, diz, no entanto, que o programa ainda
está sendo desenhado e que o
governo não tomará nenhuma
atitude precipitada.
Uma das saídas propostas
pelas indústrias para reduzir os
preços seria a retirada das alíquotas de importação. Zaia diz
que essa medida é boa, mas que
pode ter pouco impacto. Provavelmente os norte-americanos vão elevar os preços porque sabem das necessidades
dos brasileiros.
(MZ)
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