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Com inflação acima do previsto, analistas já projetam elevação da taxa em agosto; déficit comercial cai
Mercado já espera alta dos juros antes da eleição nos EUA
DA REDAÇÃO
O despertar da inflação nos
EUA, somado a outros bons indicadores econômicos, reflete a aceleração na atividade do país. Segundo analistas, o Federal Reserve (banco central) terá de agir,
elevando a taxa de juros antes do
que se imaginava. Os juros futuros fecharam ontem em alta, atingindo os maiores retornos do ano.
A expectativa embutida nas taxas praticadas ontem nos mercados futuros é que o Fed aumente
em agosto a sua taxa básica, que
está hoje em 1% ao ano. A elevação ocorreria, portanto, antes das
eleições presidenciais no país,
marcadas para novembro.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) registrou alta de 0,5% no mês passado,
segundo números divulgados pelo Departamento de Trabalho dos
EUA. Em fevereiro, havia ocorrido elevação de 0,3%.
O aumento registrado pelo núcleo do índice, no qual não entram alimentos e energia (incluindo combustíveis), foi especialmente preocupante. Menos volátil, esse é o índice mais observado.
De acordo com o Departamento de Trabalho, o núcleo do CPI
subiu para 0,4% em março, o dobro do que esperavam os analistas. Trata-se do maior índice desde novembro de 2001, quando
também tinha ficado em 0,4%.
Raramente o núcleo atinge nível
tão elevado nos EUA. Nos últimos
dez anos, tinha ficado em 0,4%
apenas em quatro oportunidades.
A última vez em que subiu acima
disso foi em 1992.
"Parece que o núcleo da inflação
está de volta", disse John Lonski,
economista-chefe da Moody's Investors Service. "O núcleo subiu
em média 0,3% ao mês neste ano.
Isso indica que o aumento nos juros virá antes do que se espera."
O aquecimento inflacionário
não deixa de ser um aspecto positivo, ao atestar a recuperação econômica dos EUA. Afasta ainda o
receio, presente até o ano passado, de que o país pudesse sofrer
um processo deflacionário. Por
outro lado, juros mais elevados
podem fechar o fluxo de capitais
para os mercados emergentes.
Repasse aos preços
Até recentemente, os preços dos
combustíveis eram o único motivo de preocupação. Mas os reajustes ocorreram em uma base
ampla no mês passado, com destaque para vestuário e hotelaria.
Para os economistas, os custos
maiores com energia estão sendo
finalmente repassados aos consumidores, porque, com a retomada
econômica, as empresas conseguiram ampliar as margens. O
preço das roupas avançou 0,9%, o
maior aumento em cinco anos.
"Os números confirmam meu
maior receio: a inflação está crescendo", disse Stephen Cecchetti,
professor da Universidade Brandeis. "O aumento não ocorreu em
um lugar específico, nem é conseqüência de um fato isolado."
Para Mark Zandi, economista-chefe da consultoria Economy.com, o Fed deverá apertar a
política monetária antes do final
do verão. O consultor Joel Naroff
disse que "o dia em que o Fed aumentará os juros chegará mais cedo do que muitos imaginam".
A atual taxa básica de juros nos
EUA, de 1% ao ano, é a menor
desde 1958. Até o início de 2001,
antes do período de recessão, a taxa estava em 6,5% ao ano.
Devido à desaceleração ocorrida há três anos e ao estouro da bolha nos mercados financeiros, o
Fed adotou uma agressiva política
de corte nos juros. O último corte,
em junho passado, derrubou a taxa para o 1% atual.
Estima-se que a taxa de equilíbrio (que não estimula nem freia a
economia) seria algo em torno de
3%. O Fed não adota uma meta de
inflação explícita, mas, segundo
economistas, a instituição considera ideal algo entre 1% e 2%.
Déficit menor
O déficit comercial do país recuou em fevereiro, graças a um
expressivo avanço das exportações. Segundo o Departamento
de Comércio, o déficit comercial
caiu para US$ 42,1 bilhões em fevereiro. Em janeiro, o saldo negativa havia atingido um patamar
recorde de US$ 43,5 bilhões.
As exportações registraram um
crescimento de 4% e alcançaram
um valor recorde de US$ 92,4 bilhões. As importações cresceram
em ritmo mais lento (1,6%).
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