São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2004

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Avanço chinês pode ser danoso, alerta o Fundo

DE WASHINGTON

Apesar de todo o otimismo em relação ao espantoso crescimento da China e suas conseqüências para a economia global, o FMI afirma que países com características semelhantes às dos chineses poderão perder mercado e emprego nos próximos anos.
O alerta serve para o Brasil, que se encaixa na categoria de países definidos pelo Fundo como "donos de abundante força de trabalho desqualificada em setores que usam mão-de-obra intensiva".
O rápido aumento da competitividade chinesa em setores como o têxtil e o de calçados, por exemplo, deverá diminuir a fatia das exportações de outros países emergentes para as economias mais desenvolvidas.
Além disso, os países emergentes dependentes de fontes de energia e de alimentos poderão ter de competir cada vez mais com os chineses se a demanda interna e o crescimento do país persistirem no ritmo atual.
Um terceiro efeito negativo do crescimento chinês -calculado em 9% ao ano nos últimos 20 anos- será a diminuição do fluxo de investimentos produtivos diretos para outros países emergentes.
O FMI afirma que a China vem se tornando irresistível para investidores e que deve superar em breve o Japão como principal motor de negócios na região.
Mas os efeitos positivos do crescimento chinês para países produtores de matérias-primas e alimentos (como o Brasil) também devem se sustentar.

Concentração
O Fundo pondera, no entanto, que a maior parte dos ganhos gerados pela China ficará concentrada nos países asiáticos.
As economias avançadas também terão resultados positivos, porém restritos, com o aumento do comércio com a China.
O Fundo ainda demonstrou preocupação com o ritmo de crescimento da economia chinesa. "Existem alguns sinais de superaquecimento", disse o economista-chefe do FMI, Raghuram Rajan, para quem não está claro se o governo tem a situação sob controle. "Há uma quantidade enorme de investimento, o crédito tem crescido muito e as autoridades chinesas estão tentando controlá-lo [o superaquecimento]."
Também ontem, o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, pediu que o governo chinês libere o yuan. Os EUA dizem que a moeda chinesa está artificialmente desvalorizada ante o dólar, prejudicando as exportações do país.


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