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Avanço chinês pode ser danoso, alerta o Fundo
DE WASHINGTON
Apesar de todo o otimismo em
relação ao espantoso crescimento
da China e suas conseqüências
para a economia global, o FMI
afirma que países com características semelhantes às dos chineses
poderão perder mercado e emprego nos próximos anos.
O alerta serve para o Brasil, que
se encaixa na categoria de países
definidos pelo Fundo como "donos de abundante força de trabalho desqualificada em setores que
usam mão-de-obra intensiva".
O rápido aumento da competitividade chinesa em setores como
o têxtil e o de calçados, por exemplo, deverá diminuir a fatia das
exportações de outros países
emergentes para as economias
mais desenvolvidas.
Além disso, os países emergentes dependentes de fontes de
energia e de alimentos poderão
ter de competir cada vez mais
com os chineses se a demanda interna e o crescimento do país persistirem no ritmo atual.
Um terceiro efeito negativo do
crescimento chinês -calculado
em 9% ao ano nos últimos 20
anos- será a diminuição do fluxo de investimentos produtivos
diretos para outros países emergentes.
O FMI afirma que a China vem
se tornando irresistível para investidores e que deve superar em
breve o Japão como principal motor de negócios na região.
Mas os efeitos positivos do crescimento chinês para países produtores de matérias-primas e alimentos (como o Brasil) também
devem se sustentar.
Concentração
O Fundo pondera, no entanto,
que a maior parte dos ganhos gerados pela China ficará concentrada nos países asiáticos.
As economias avançadas também terão resultados positivos,
porém restritos, com o aumento
do comércio com a China.
O Fundo ainda demonstrou
preocupação com o ritmo de crescimento da economia chinesa.
"Existem alguns sinais de superaquecimento", disse o economista-chefe do FMI, Raghuram Rajan,
para quem não está claro se o governo tem a situação sob controle.
"Há uma quantidade enorme de
investimento, o crédito tem crescido muito e as autoridades chinesas estão tentando controlá-lo
[o superaquecimento]."
Também ontem, o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, pediu que o governo chinês libere o
yuan. Os EUA dizem que a moeda
chinesa está artificialmente desvalorizada ante o dólar, prejudicando as exportações do país.
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