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CONTA-GOTAS
Selic cai ao nível mais baixo desde abril de 2001; país deixa a liderança no ranking das maiores taxas do planeta
BC faz o previsto e reduz juros para 16%
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central reduziu ontem
os juros básicos da economia em
0,25 ponto percentual, para 16%
ao ano. Foi o segundo corte promovido pelo Copom (Comitê de
Política Monetária do BC) na taxa
Selic neste ano.
Diferentemente do que aconteceu no mês passado, a decisão foi
unânime. No mês passado, os juros também sofreram um corte de
0,25 ponto, mas três dos nove
membros da diretoria do BC votaram pela manutenção da taxa.
A redução para 16%, menor taxa desde abril de 2001 (15,75%), já
era esperada pelo mercado, embora houvesse pressões, dentro e
fora do governo, por corte maior.
Com o corte, a taxa real (descontada a inflação) passa a 9,97%. De
primeiro, o país passa a segundo
entre os maiores juros reais do
mundo, atrás da Turquia (10,1%).
Em nota distribuída à imprensa
no início da noite, o BC se limitou
a informar que, "avaliando as
perspectivas para a trajetória da
inflação, o Copom decidiu por
unanimidade reduzir a taxa Selic
para 16% ao ano, sem viés". Viés é
o instrumento que permite ao BC
reduzir os juros antes das reuniões mensais do Copom.
O BC diz que fixa as taxas de juros de maneira a permitir o cumprimento das metas de inflação.
Seus críticos afirmam que os preços estão sob controle e que o excesso de cautela na condução da
política monetária é um obstáculo
à retomada do crescimento.
Inflação
Segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas),
a primeira prévia do IPC (Índice
de Preços ao Consumidor) deste
mês indica alta de 0,06% nos preços em São Paulo, contra 0,12%
em março.
Já o IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) subiu 0,47%
em março. A alta acumulada no
primeiro trimestre foi de 1,85%
-a meta de inflação do governo
para este ano foi fixada em 5,5%,
com margem de tolerância de 2,5
pontos para cima ou para baixo.
Pesquisa de mercado feita pelo
BC mostra que a maioria das projeções aponta para alta de cerca de
6% do IPCA neste ano, próximo
da meta central do governo. Há
divergências sobre a velocidade
da recuperação da economia.
O governo diz que o PIB (Produto Interno Bruto) deve crescer
cerca de 3,5% neste ano. Até agora, porém, indicadores do nível de
atividade mostram que a retomada do crescimento não chegou a
todos os setores da economia.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
por exemplo, mostram que a produção industrial caiu 1,8% em fevereiro, quando comparada com
janeiro. Por outro lado, a indústria paulista cresceu 2,6% em fevereiro na comparação com o
mesmo mês de 2003.
A Selic é a taxa que remunera
empréstimos feitos entre bancos e
o BC e serve de referência para os
juros praticados nas demais modalidades de crédito oferecidas
pelo sistema financeiro. Em tese,
juros mais altos desestimulam o
consumo e os investimentos. Isso
favorece o desaquecimento da
economia, o que ajuda no controle da inflação.
Ao comentar a decisão do Copom, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP),
defendeu uma redução maior dos
juros no próximo mês.
""É positivo que tenha sido mantida a trajetória de queda. Mas espero que nas próximas decisões
nós possamos ter redução mais
substancial, para estimular a retomada do crescimento econômico
e o alívio das finanças."
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