São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2004

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Para Fiesp, redução dos juros está aquém do que o cenário atual permite; sindicalistas criticam "cortes simbólicos"

Empresários ainda vêem "conservadorismo"

DA REPORTAGEM LOCAL

As principais entidades representativas da indústria lamentaram ontem o "conservadorismo" do Copom ao cortar em 0,25 ponto percentual a taxa Selic. Para os representantes da indústria, há espaço para um recuo maior.
"A redução foi a esperada pela maioria dos analistas de mercado, mas nos parece aquém da que poderia ser efetivada diante dos indicadores da economia interna e de um ambiente externo que, no momento, se mantém sereno", disse Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Para o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto, "a decisão mostra um excesso de cautela em relação à trajetória da inflação". Segundo Monteiro, o setor industrial espera quedas mais expressivas dos juros nos próximos meses porque considera que não existem pressões de demanda, que a taxa de câmbio permanece estável e que o cenário internacional ainda é favorável.

Frustração
Julio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), diz que as condições da economia e a situação externa permitiriam um corte entre 0,5 e 1 ponto percentual.
"É lamentável. Perseguir uma meta de inflação é necessário, mas é importante buscar outras medidas para controlar a alta de preços", disse Luiz Marinho, presidente da Central Única dos Trabalhadores. O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, disse que o BC "acertou no remédio, mas errou na dose". "Esse excesso de gradualismo, com cortes simbólicos, frustra qualquer projeto de crescimento."
Para Marcos Andrade, presidente da Abiesv (Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos e Serviços para o Varejo), "a decisão foi um tiro no pé da economia nacional". Como não há indícios de que as taxas praticadas no mercado cederão, o setor varejista permanece cético.
"O importante é que se reduza o juro da ponta para empresas e consumidores", disse Guilherme Afifi, presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
"A recuperação da confiança só será conquistada com ações concretas", afirmou o presidente da Fecomercio, Abram Szajman.
Segundo José Augusto Marques, presidente da Abdib (associação da infra-estrutura e da indústria de base), "o conservadorismo do governo faz com que a economia ande mais lenta".


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