São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2004

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COMUNICAÇÕES

Direção não quis se manifestar sobre decisão

Empresa Gazeta Mercantil tem falência decretada pela Justiça

DA REPORTAGEM LOCAL

A Gazeta Mercantil S.A. Editora Jornalística teve sua falência decretada ontem pela juíza Ana Luíza Liarte, da 8ª Vara Cível de São Paulo. A falência foi requerida pela Samab Cia. Indústria e Comércio de Papel, que diz ter crédito de R$ 272.328,55 com a empresa.
A direção da Gazeta Mercantil não quis se manifestar. O presidente do conselho administrativo da empresa, Luiz Fernando Levy, informou, por meio de sua secretária, desconhecer a decisão.
Segundo a juíza, a Gazeta Mercantil foi citada, mas "não apresentou defesa". A falência foi decretada "tendo em vista o não-pagamento de títulos vencidos e protestados".

Surpresa
No início da noite de ontem, Aílton Trevisan, vice-presidente da editora JB -que licenciou a marca Gazeta Mercantil-, disse que a empresa "foi pega de surpresa" pela decisão da juíza. Ele não soube explicar por que a Gazeta não apresentou defesa.
"Atribuo isso à mudança de endereço e a outras transformações que ocorreram no grupo nos últimos meses."
Segundo Trevisan, a Gazeta Mercantil deverá tomar conhecimento dos termos da sentença para, então, decidir quais as providências cabíveis.
"Em princípio -como houve uma decisão à revelia da empresa-, vamos entrar com agravo pedindo que seja concedido efeito suspensivo da sentença", disse Trevisan.
O executivo afirmou que "a decretação da falência atinge apenas o jornal e não afeta a editora JB, licenciada da marca".

Síndico
Em seu despacho, a juíza cita como responsáveis pela empresa, além de Levy, Antonio Costa Filho (diretor) e Carlos Takeshi Yamashita (conselheiro fiscal). Costa Filho não trabalha mais na Gazeta Mercantil, segundo informação da empresa, e Yamashita não foi localizado.
A juíza fixou em 20 dias o prazo para declarações de crédito e nomeou a Samab Cia. Indústria e Comércio de papel como síndica.

Crise
A crise da Gazeta se arrasta há vários anos. A associação de funcionários e ex-funcionários da empresa calcula em R$ 90 milhões o passivo trabalhista.
Já cálculos da empresa estimam em R$ 60 milhões os débitos com os funcionários.
Em dezembro passado, a Gazeta Mercantil anunciou a assinatura de contrato de licenciamento das marcas do grupo para a editora JB, do empresário Nelson Tanure. Segundo o contrato, a editora JB paga 3% do faturamento anual das marcas da Gazeta -incluindo o jornal e o InvestNews- a título de royalties. A associação dos funcionários contesta, na Justiça, a concessão da licença das marcas do grupo Gazeta Mercantil.
O acordo firmado com Tanure prevê que a editora JB poderá antecipar até R$ 60 milhões do valor dos royalties, em cinco anos.


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