São Paulo, Quinta-feira, 15 de Abril de 1999
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POLÍTICA MONETÁRIA
Sinalização da trajetória declinante da taxa, que era de 39,5%, é dada pela manutenção do "viés de baixa"
Juro cai para 34%; BC indica novo corte

da Sucursal de Brasília

O Banco Central promoveu ontem nova redução nos juros básicos da economia, que passaram de 39,5% para 34% anuais, e indicou que novas quedas poderão ocorrer na taxa nas próximas semanas.
A decisão foi tomada em reunião do Copom (Comitê de Política Monetária, no qual diretores do BC se reúnem periodicamente para fixar os juros).
A sinalização da trajetória declinante foi dada com a manutenção do chamado "viés de baixa". Esse mecanismo permite que o presidente do BC, Armínio Fraga, determine a redução da taxa quando achar conveniente.
Foi a terceira redução dos juros básicos desde a desvalorização do real, em janeiro passado, mas as taxas continuam mais altas do que antes da crise cambial.
Até o início da desvalorização, que começou em 13 de janeiro, os juros básicos -os praticados pelo BC, que servem de referência para o resto da economia- estavam fixados em 29% anuais.
O BC sobe e reduz os juros usando a meta para a taxa Selic, que é a média dos empréstimos de um dia entre bancos garantidos por títulos federais. O BC participa desse mercado, tomando ou concedendo empréstimos aos bancos garantidos por títulos. Como o BC negocia grandes volumes, tem poder para influenciar a média da Selic.
Essa taxa é considerada básica por ser referência para definir os juros dos empréstimos bancários e a remuneração dos depósitos.
Com a baixa da Selic, a tendência é que as aplicações financeiras paguem juros menores. Mas taxas de cheques especiais, cartões de crédito e financiamentos ao consumidor costumam não acompanhar de perto a queda dos juros básicos.
O governo elevou a taxa em janeiro passado para conter a pressão inflacionária que a equipe econômica esperava a partir da desvalorização do real.
O receio era que a alta da cotação da moeda norte-americana encarecesse os produtos importados e abrisse flancos para que os preços de produtos nacionais subissem.
O BC elevou os juros em quatro movimentos, de 29% para 45% anuais, para aprofundar a recessão e conter a inflação.
A política de juros altos começou a ser afrouxada em 24 de março passado, quando a taxa básica foi reduzida de 45% para 42% anuais. Na semana passada, Fraga reduziu a taxa para 39% anuais.
Segundo o BC, os juros começaram a cair porque não se confirmaram as expectativas de alta de inflação -pelo contrário, os principais índices indicam que a alta de preços será menor que a esperada.
O diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, também aponta o início da retomada do fluxo de dólares para o país e a queda da cotação do dólar como um sinal positivo.
Ontem, a média da cotação do dólar fechou em R$ 1,66. No seu pior dia, em 3 de março passado, a cotação média bateu em R$ 2,16.
Figueiredo também cita os leilões de títulos federais prefixados, que têm sido bem-sucedidos. Nesses leilões, o Tesouro tem aceito taxas menores que os juros do BC.


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