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São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

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COMUNICAÇÕES

Mesmo grupo poderá ter jornal e televisão em uma só cidade

EUA devem flexibilizar regra da mídia

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O mercado norte-americano de mídia deve sofrer uma reviravolta nos próximos meses com a aprovação, dada como certa para o início de junho, de regras mais flexíveis para as empresas que editam jornais e transmitem notícias por TV e rádio nos EUA.
Pela primeira vez em mais de 30 anos, um jornal poderá comprar uma rede de TV e operar ambos em uma mesma cidade, desde que considerada média ou grande. A restrição, atualmente geral, continuará valendo apenas para cidades muito pequenas.
Companhias que hoje operam apenas uma emissora em uma grande cidade poderão adquirir empresas concorrentes e ampliar para três o número de unidades em atuação na localidade.
Para mercados considerados menores, o limite deve subir de uma para duas. A definição de tamanho das cidades e categorias ainda deve ser tomada.
O grau de cobertura das emissoras também será ampliado.
Hoje, uma mesma empresa só pode ter retransmissoras pelo país até o limite de cobertura de 35% da população americana. O percentual deve subir agora para, no mínimo, 45%.

Votação próxima
A mudança, que deve desencadear uma série de fusões no setor ainda este ano e colocar em risco centenas de jornais e emissoras médias, será votada no dia 3 de junho pela FCC (sigla em inglês para Comissão Federal de Comunicação).
Três dos seus cinco membros são do Partido Republicano, que apóia a medida.
A mudança também tem o aval do presidente da FCC, Michael Powell, filho do secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, que trabalhou durante anos para a AOL, uma das empresas a serem beneficiadas.
O argumento das grandes empresas de comunicação, que há anos articulam o lobby para aprovar as mudanças, é o de que elas precisam de mais emissoras e jornais para se manterem viáveis e para melhorar a qualidade de seus serviços noticiosos.
Segundo a Media Access Project, uma entidade pública que defende os interesses dos consumidores da área, a medida pode levar à extinção de empresas regionais e a uma ""onda de fusões no setor".
"Nossa preocupação fundamental é em relação ao fim da democratização dos meios de comunicação", diz Andrew Schwartzman, presidente do órgão (leia entrevista nesta página).
Alan Frank, presidente da Network Affiliated Stations Alliance, que representa as redes ABC, CBS e NBC, diz ser contra a decisão, que tende a favorecer especialmente as grandes empresas que têm também negócios nas áreas de internet e entretenimento.
Na sua opinião, o público ""certamente vai perder". Segundo Frank, as mudanças tendem a homogeneizar nacionalmente a programação.
Como o Congresso poderá tentar modificar as regras depois de aprovadas as mudanças pela FCC, a expectativa é que as empresas acelerem as suas decisões de fusões, vendas ou aquisições neste ano para não correr riscos.


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