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COMUNICAÇÕES
Mesmo grupo poderá ter jornal e televisão em uma só cidade
EUA devem flexibilizar regra da mídia
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O mercado norte-americano de
mídia deve sofrer uma reviravolta
nos próximos meses com a aprovação, dada como certa para o início de junho, de regras mais flexíveis para as empresas que editam
jornais e transmitem notícias por
TV e rádio nos EUA.
Pela primeira vez em mais de 30
anos, um jornal poderá comprar
uma rede de TV e operar ambos
em uma mesma cidade, desde
que considerada média ou grande. A restrição, atualmente geral,
continuará valendo apenas para
cidades muito pequenas.
Companhias que hoje operam
apenas uma emissora em uma
grande cidade poderão adquirir
empresas concorrentes e ampliar
para três o número de unidades
em atuação na localidade.
Para mercados considerados
menores, o limite deve subir de
uma para duas. A definição de tamanho das cidades e categorias
ainda deve ser tomada.
O grau de cobertura das emissoras também será ampliado.
Hoje, uma mesma empresa só
pode ter retransmissoras pelo
país até o limite de cobertura de
35% da população americana. O
percentual deve subir agora para,
no mínimo, 45%.
Votação próxima
A mudança, que deve desencadear uma série de fusões no setor
ainda este ano e colocar em risco
centenas de jornais e emissoras
médias, será votada no dia 3 de junho pela FCC (sigla em inglês para Comissão Federal de Comunicação).
Três dos seus cinco membros
são do Partido Republicano, que
apóia a medida.
A mudança também tem o aval
do presidente da FCC, Michael
Powell, filho do secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, que
trabalhou durante anos para a
AOL, uma das empresas a serem
beneficiadas.
O argumento das grandes empresas de comunicação, que há
anos articulam o lobby para aprovar as mudanças, é o de que elas
precisam de mais emissoras e jornais para se manterem viáveis e
para melhorar a qualidade de seus
serviços noticiosos.
Segundo a Media Access Project, uma entidade pública que
defende os interesses dos consumidores da área, a medida pode
levar à extinção de empresas regionais e a uma ""onda de fusões
no setor".
"Nossa preocupação fundamental é em relação ao fim da democratização dos meios de comunicação", diz Andrew
Schwartzman, presidente do órgão (leia entrevista nesta página).
Alan Frank, presidente da Network Affiliated Stations Alliance,
que representa as redes ABC, CBS
e NBC, diz ser contra a decisão,
que tende a favorecer especialmente as grandes empresas que
têm também negócios nas áreas
de internet e entretenimento.
Na sua opinião, o público ""certamente vai perder". Segundo
Frank, as mudanças tendem a homogeneizar nacionalmente a programação.
Como o Congresso poderá tentar modificar as regras depois de
aprovadas as mudanças pela FCC,
a expectativa é que as empresas
acelerem as suas decisões de fusões, vendas ou aquisições neste
ano para não correr riscos.
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