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São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

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Para entidade, deve haver "nova onda de fusões"

DE WASHINGTON

Andrew Schwartzman, presidente da Media Access Project, entidade sem fins lucrativos que representa grupos de direitos civis, consumidores e sindicatos na área de comunicação nos Estados Unidos, diz esperar ""uma onda de fusões" no mercado de mídia americano nos próximos meses como resultado das mudanças na área.
Segundo ele, o poder da mídia americana é muito grande para ficar concentrado nas mãos de poucas empresas. Isso, combinado com outras atividades relacionadas ao setor dá a essas empresas "mais poder do que qualquer companhia deveria ter", diz.
Leia a seguir entrevista concedida ontem por Andrew Schwartzman à Folha. (FCz)

Folha - As mudanças devem mesmo ser aprovadas? Quais as consequências no curto prazo?
Andrew Schwartzman -
Vão passar. Isso vai resultar em uma reação contrária no Congresso que apenas vai acelerar a velocidade com que as empresas vão consolidar suas transações.
Nós nunca tivemos nos Estados Unidos emissoras estatais de TV, apenas empresas comerciais que até agora representavam uma multiplicidade de fontes de informação e notícias. Nossa preocupação fundamental é em relação ao fim dessa democratização dos meios de comunicação.
O poder que emissoras de televisão e jornais diários possuem nos Estados Unidos é muito grande para estar concentrado em poucas empresas. Se você combinar isso a outras atividades, como transmissão de dados por satélite e fornecimento de serviços de internet, creio que é mais poder do que qualquer companhia deveria ter.

Folha - As empresas argumentam que os custos estão aumentando e que precisam da consolidação para sobreviver.
Schwartzman -
Todas essas empresas são altamente lucrativas. O fato de as empresas dizerem que os seus custos vão ficar muito altos em um futuro próximo não justifica a medida.
Há 30 anos eles prevêem um colapso em seus negócios e os seus resultados vem melhorando ao longo do tempo.
O que está em jogo aqui é uma questão de política pública.
Os Estados Unidos tinham um comprometimento com a localidade, em ter jornais e emissoras servindo comunidades médias ou mesmo grandes de forma mais focalizada em seus problemas.
Obviamente essas empresas locais têm laços mais fortes com as comunidades onde operam. Mesmo que isso seja menos eficiente em termos econômicos, essa foi uma decisão tomada no passado em favor da sociedade e da democracia.
É o mesmo caso da escolha que os Estados Unidos fizeram em relação a propriedade agrícolas menores, que não são tão eficientes e que recebem subsídios do governo americano. É algo como isso o que vai acabar.


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