UOL


São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EM CENA OUTRA VEZ

Em teleconferência, ex-ministro da Fazenda evita "discussão pública problemática" também sobre juro

Fiel à "escrita", Malan não opina sobre câmbio

DA REPORTAGEM LOCAL

A saída do governo não foi suficiente para o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan alterar seu discurso. Como em sua época de ministro, Malan prefere seguir sem opinar sobre câmbio ou juros. Também adotou a posição de não atacar o atual governo, que foi oposição durante os oito anos em que esteve no comando do Ministério da Fazenda.
Pelo menos foi assim na primeira aparição pública do ex-ministro no país após passar o cargo, no início do ano, em teleconferência realizada ontem em Curitiba.
"Já tinha por norma não fazer comentários sobre câmbio e não pretendo alterar minha posição a respeito. É sempre problemática a discussão pública sobre o câmbio", disse o ex-ministro.
Após o dólar recuar expressivamente nas últimas semanas, ficando abaixo de R$ 2,90, acirrou-se a discussão pública sobre a necessidade ou não de o BC intervir para conter a queda no valor da moeda e evitar possíveis efeitos nocivos sobre as exportações.
"O câmbio é flutuante e o BC tem como avaliar quando há exageros. O importante é não haver metas para a taxa de câmbio, nem pisos ou tetos", afirmou Malan.
A proximidade da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que decidirá os rumos da taxa básica de juros na próxima semana, não motivou Malan a opinar sobre o tema. Ele se limitou a dizer que "os juros vão ceder ao longo do tempo" desde que a alta da inflação se mostre contida.
Na avaliação de Malan, para discutir cortes de juros é necessário avaliar as implicações da medida em outras variáveis da economia, como a própria inflação.
Após completar sua gestão à frente do Ministério da Fazenda, durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, Malan foi nomeado, há duas semanas, para assumir a vice-presidência do conselho de administração do Unibanco.
Uma viagem pelo interior da Índia e da Europa foi o motivo alegado pelo ex-ministro para não comentar o programa Fome Zero. A viagem não teria permitido que tivesse tempo para acompanhar as discussões sobre o tema. "Mas é óbvio que a idéia tem seus méritos. Ninguém, em sã consciência, pode ser contra um projeto para combater a fome."

Caminho certo
Além de não soltar farpas contra o governo, Malan até teceu alguns elogios à condução da política econômica. "Tenho certeza que o Antonio Palocci [Filho, ministro da Fazenda] e o Henrique Meirelles [presidente do BC" estão lá para fazer o melhor pelo país."
Malan voltou a ressaltar os pilares que considera essenciais para a sustentabilidade da economia brasileira. Entre eles estão a estabilidade macroeconômica, o funcionamento dos regimes fiscal, cambial e monetário, a produtividade e a melhoria nas condições de vida da população.
(FABRICIO VIEIRA)


Texto Anterior: Venda no varejo cai nos Estados Unidos
Próximo Texto: Energia: Petrobras anuncia descoberta de novo campo gigante na costa do ES
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.