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EM CENA OUTRA VEZ
Em teleconferência, ex-ministro da Fazenda evita "discussão pública problemática" também sobre juro
Fiel à "escrita", Malan não opina sobre câmbio
DA REPORTAGEM LOCAL
A saída do governo não foi suficiente para o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan alterar seu
discurso. Como em sua época de
ministro, Malan prefere seguir
sem opinar sobre câmbio ou juros. Também adotou a posição de
não atacar o atual governo, que foi
oposição durante os oito anos em
que esteve no comando do Ministério da Fazenda.
Pelo menos foi assim na primeira aparição pública do ex-ministro no país após passar o cargo, no
início do ano, em teleconferência
realizada ontem em Curitiba.
"Já tinha por norma não fazer
comentários sobre câmbio e não
pretendo alterar minha posição a
respeito. É sempre problemática a
discussão pública sobre o câmbio", disse o ex-ministro.
Após o dólar recuar expressivamente nas últimas semanas, ficando abaixo de R$ 2,90, acirrou-se a discussão pública sobre a necessidade ou não de o BC intervir
para conter a queda no valor da
moeda e evitar possíveis efeitos
nocivos sobre as exportações.
"O câmbio é flutuante e o BC
tem como avaliar quando há exageros. O importante é não haver
metas para a taxa de câmbio, nem
pisos ou tetos", afirmou Malan.
A proximidade da reunião do
Copom (Comitê de Política Monetária), que decidirá os rumos da
taxa básica de juros na próxima
semana, não motivou Malan a
opinar sobre o tema. Ele se limitou a dizer que "os juros vão ceder
ao longo do tempo" desde que a
alta da inflação se mostre contida.
Na avaliação de Malan, para discutir cortes de juros é necessário
avaliar as implicações da medida
em outras variáveis da economia,
como a própria inflação.
Após completar sua gestão à
frente do Ministério da Fazenda,
durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, Malan
foi nomeado, há duas semanas,
para assumir a vice-presidência
do conselho de administração do
Unibanco.
Uma viagem pelo interior da Índia e da Europa foi o motivo alegado pelo ex-ministro para não
comentar o programa Fome Zero.
A viagem não teria permitido que
tivesse tempo para acompanhar
as discussões sobre o tema. "Mas
é óbvio que a idéia tem seus méritos. Ninguém, em sã consciência,
pode ser contra um projeto para
combater a fome."
Caminho certo
Além de não soltar farpas contra
o governo, Malan até teceu alguns
elogios à condução da política
econômica. "Tenho certeza que o
Antonio Palocci [Filho, ministro
da Fazenda] e o Henrique Meirelles [presidente do BC" estão lá
para fazer o melhor pelo país."
Malan voltou a ressaltar os pilares que considera essenciais para
a sustentabilidade da economia
brasileira. Entre eles estão a estabilidade macroeconômica, o funcionamento dos regimes fiscal,
cambial e monetário, a produtividade e a melhoria nas condições
de vida da população.
(FABRICIO VIEIRA)
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