São Paulo, sábado, 15 de maio de 2004

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BALANÇO

No 1º trimestre de 2003, desvalorização do dólar beneficiou empresas

Despesa financeira e câmbio derrubam lucro da siderurgia

DA REPORTAGEM LOCAL

Embora tenha aumentado a oferta de quase todos seus produtos no primeiro trimestre deste ano, o setor siderúrgico brasileiro fechou o período com lucro líquido menor que no ano passado.
O lucro líquido do setor, considerando as dez principais empresas, foi 9% menor de janeiro a março, em relação a iguais meses de 2003, segundo dado da consultoria Economática. No primeiro trimestre do ano passado, o lucro consolidado das empresas ficara em R$ 1,763 bilhão. Agora, totalizou R$ 1,603 bilhão.
A explicação: ao contrário de 2003, quando a rubrica despesas financeiras foi favorecida pela apreciação do real diante do dólar (ou seja, tinham que despender menos reais para pagar o mesmo montante de dívida em dólares), no primeiro trimestre deste ano esse fator não mais existia devido à maior estabilidade cambial.
E, embora parcela considerável das receitas do setor seja proveniente das exportações (representaram 45% de todas as vendas no ano passado, quando a média histórica não supera os 38%), as siderúrgicas têm que arcar com seus insumos cotados em dólares.
"As empresas têm que importar coque [carvão utilizado nos fornos siderúrgicos] e carvão mineral, que, além de serem em dólares, tiveram os preços elevados depois do aumento da demanda mundial provocado pela expansão da China", diz Germano Mendes de Paula, do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia. Somente em 2003, o preço por tonelada do coque subiu de US$ 80 para US$ 220.
Se no primeiro trimestre de 2003 as despesas financeiras totalizaram R$ 554,8 milhões, no primeiro trimestre deste ano o conjunto das empresas teve despesas financeiras de R$ 1,209 bilhão. Em termos nominais, os maiores aumentos de despesas financeiras couberam à CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e à Usiminas. No caso da CSN, de R$ 174 milhões, em 2003, para R$ 371,2 milhões (variação de 113%) no ano passado. As das Usiminas subiram de R$ 143,7 milhões para R$ 298,8 milhões (+108%).
A maior variação em termos percentuais coube à Cosipa: se em 2003 a empresa acumulara apenas R$ 20,7 milhões em despesas financeiras, no ano passado elas representaram R$ 179,3 milhões (aumento de 571%).
Somente três das principais companhias do setor registraram lucro líquido maior do que o obtido no mesmo trimestre do ano passado: a Gerdau, cujo lucro cresceu 46,7% (de R$ 260 milhões para R$ 382 milhões), a Acesita, cujo lucro subiu 72,2% (de R$ 58,1 milhões para R$ 100,1 milhões), e a Aços Villares, cujo lucro aumentou 40,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
Impulsionada pela demanda internacional, a produção de aço aumentou em todos os segmentos em 2003. Mas, no primeiro trimestre deste ano, esse movimento não foi uniforme: houve aumento de produção (e de exportações) de aço bruto e laminados. A produção desses elementos aumentou, respectivamente, 6% e 13,7% no trimestre.
Por sua vez, a produção de semi-acabados (um produto intermediário) recuou 15%, segundo dados do IBS -e as exportações, 17%. Há uma explicação: a CST priorizou o aumento da produção de bobinas a quente -usadas em setores como a indústria automobilística- e diminuiu a disponibilidade de placas (semi-acabado e menor valor). (JOSÉ ALAN DIAS)


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