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BALANÇO
No 1º trimestre de 2003, desvalorização do dólar beneficiou empresas
Despesa financeira e câmbio
derrubam lucro da siderurgia
DA REPORTAGEM LOCAL
Embora tenha aumentado a
oferta de quase todos seus produtos no primeiro trimestre deste
ano, o setor siderúrgico brasileiro
fechou o período com lucro líquido menor que no ano passado.
O lucro líquido do setor, considerando as dez principais empresas, foi 9% menor de janeiro a
março, em relação a iguais meses
de 2003, segundo dado da consultoria Economática. No primeiro
trimestre do ano passado, o lucro
consolidado das empresas ficara
em R$ 1,763 bilhão. Agora, totalizou R$ 1,603 bilhão.
A explicação: ao contrário de
2003, quando a rubrica despesas
financeiras foi favorecida pela
apreciação do real diante do dólar
(ou seja, tinham que despender
menos reais para pagar o mesmo
montante de dívida em dólares),
no primeiro trimestre deste ano
esse fator não mais existia devido
à maior estabilidade cambial.
E, embora parcela considerável
das receitas do setor seja proveniente das exportações (representaram 45% de todas as vendas no
ano passado, quando a média histórica não supera os 38%), as siderúrgicas têm que arcar com seus
insumos cotados em dólares.
"As empresas têm que importar
coque [carvão utilizado nos fornos siderúrgicos] e carvão mineral, que, além de serem em dólares, tiveram os preços elevados
depois do aumento da demanda
mundial provocado pela expansão da China", diz Germano Mendes de Paula, do Instituto de Economia da Universidade Federal
de Uberlândia. Somente em 2003,
o preço por tonelada do coque subiu de US$ 80 para US$ 220.
Se no primeiro trimestre de
2003 as despesas financeiras totalizaram R$ 554,8 milhões, no primeiro trimestre deste ano o conjunto das empresas teve despesas
financeiras de R$ 1,209 bilhão. Em
termos nominais, os maiores aumentos de despesas financeiras
couberam à CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e à Usiminas.
No caso da CSN, de R$ 174 milhões, em 2003, para R$ 371,2 milhões (variação de 113%) no ano
passado. As das Usiminas subiram de R$ 143,7 milhões para R$
298,8 milhões (+108%).
A maior variação em termos
percentuais coube à Cosipa: se em
2003 a empresa acumulara apenas R$ 20,7 milhões em despesas
financeiras, no ano passado elas
representaram R$ 179,3 milhões
(aumento de 571%).
Somente três das principais
companhias do setor registraram
lucro líquido maior do que o obtido no mesmo trimestre do ano
passado: a Gerdau, cujo lucro
cresceu 46,7% (de R$ 260 milhões
para R$ 382 milhões), a Acesita,
cujo lucro subiu 72,2% (de R$ 58,1
milhões para R$ 100,1 milhões), e
a Aços Villares, cujo lucro aumentou 40,1% em relação ao mesmo
período do ano passado.
Impulsionada pela demanda internacional, a produção de aço
aumentou em todos os segmentos em 2003. Mas, no primeiro trimestre deste ano, esse movimento não foi uniforme: houve aumento de produção (e de exportações) de aço bruto e laminados. A
produção desses elementos aumentou, respectivamente, 6% e
13,7% no trimestre.
Por sua vez, a produção de semi-acabados (um produto intermediário) recuou 15%, segundo
dados do IBS -e as exportações,
17%. Há uma explicação: a CST
priorizou o aumento da produção
de bobinas a quente -usadas em
setores como a indústria automobilística- e diminuiu a disponibilidade de placas (semi-acabado
e menor valor).
(JOSÉ ALAN DIAS)
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