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Receita e ganho de empresas sobem
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As empresas de capital aberto
no país (ações em Bolsa de Valores) tornaram-se mais lucrativas
em sua operação e ampliaram as
vendas, mas ainda carregam margens de lucro estreitas. Levantamento com 128 companhias abertas no primeiro trimestre do ano,
sobre igual período de 2003, mostra que, enquanto a receita líquida
operacional do setor privado aumentou 6% de janeiro a março,
alcançando R$ 75,7 bilhões, a
margem caiu mais de dois pontos.
De acordo com esse levantamento da consultoria Economática, entre os 16 setores analisados,
apenas quatro apresentaram retração na receita. O restante registrou alta. Quanto à margem líquida -a porcentagem de lucro em
relação ao faturamento-, houve
queda de 10,8% de janeiro a março de 2003 para 8,6% em igual período de 2004, em média.
Há pressão na margem porque
determinados setores ainda não
conseguem obter maiores ganhos
com seus produtos. Isso ocorre
por causa do consumo no mercado interno. Ainda há forte rejeição a aumentos nas margens provenientes de reajustes de preços.
Além dessa questão, os números mostram uma forte subida
nas despesas financeiras. Elas disparam se as companhias gastam
muito dinheiro pagando juros,
por exemplo. Como a maioria dos
grupos privados ainda negocia
contratos de empréstimos e financiamentos no exterior a taxas
salgadas, os custos apertam.
Além disso, tropeços do dólar
podem pressionar esse indicador
também. Em março, o dólar estava 0,7% mais caro do que em janeiro. O estudo mostra que as
despesas financeiras passaram de
R$ 862 milhões em março de 2003
para R$ 3,8 bilhões neste ano.
A Economática ressalta que, no
geral, os resultados são positivos.
"As empresas abertas não podem
reclamar. Um certo aquecimento
no mercado interno em determinados setores ajudou no resultado da receita", diz Fernando Exel,
presidente da consultoria.
Não só as exportadoras, afirma,
como companhias da área de serviço, (telefonia e energia elétrica)
elevaram o faturamento.
Quanto ao lucro operacional,
ele passou de R$ 11,9 bilhões nos
primeiros três meses de 2003 para
R$ 13,4 bilhões em igual período
de 2004.
Além disso Exel lembra que melhorou a relação entre lucro operacional e dívida: de cada R$ 100
que caem no caixa das companhias foram gerados R$ 9,4 de lucro com a operação neste ano. Esse valor era de R$ 7,7 para cada R$
100 em março de 2003.
As empresas exportadoras
-com um ritmo de expansão
elevado há tempos- tiveram um
aumento nas vendas menor que
outros segmentos no período.
Campeões
Segundo os dados, os campeões
em expansão -maior variação
sobre o ano passado- foram
construção e eletroeletrônicos. Isso, basicamente, porque possuíam uma base de comparação
fraca em 2003. Ambos foram fortemente atingidos pela retração
econômica no mercado interno
que forçou consumidores a reduzirem o consumo no último ano.
De janeiro a março, empresas
de eletrônicos, como a Gradiente,
ampliaram a receita -que no setor passou de R$ 410 milhões para
R$ 506 milhões (alta de 23,4%).
Grupos privados da área de siderurgia e metalurgia tiveram expansão, porém menor, de 5,5%.
No entanto, é importante ressaltar que ambos crescem em cima
de uma base forte de vendas.
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