São Paulo, sábado, 15 de maio de 2004

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Receita e ganho de empresas sobem

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas de capital aberto no país (ações em Bolsa de Valores) tornaram-se mais lucrativas em sua operação e ampliaram as vendas, mas ainda carregam margens de lucro estreitas. Levantamento com 128 companhias abertas no primeiro trimestre do ano, sobre igual período de 2003, mostra que, enquanto a receita líquida operacional do setor privado aumentou 6% de janeiro a março, alcançando R$ 75,7 bilhões, a margem caiu mais de dois pontos.
De acordo com esse levantamento da consultoria Economática, entre os 16 setores analisados, apenas quatro apresentaram retração na receita. O restante registrou alta. Quanto à margem líquida -a porcentagem de lucro em relação ao faturamento-, houve queda de 10,8% de janeiro a março de 2003 para 8,6% em igual período de 2004, em média.
Há pressão na margem porque determinados setores ainda não conseguem obter maiores ganhos com seus produtos. Isso ocorre por causa do consumo no mercado interno. Ainda há forte rejeição a aumentos nas margens provenientes de reajustes de preços.
Além dessa questão, os números mostram uma forte subida nas despesas financeiras. Elas disparam se as companhias gastam muito dinheiro pagando juros, por exemplo. Como a maioria dos grupos privados ainda negocia contratos de empréstimos e financiamentos no exterior a taxas salgadas, os custos apertam.
Além disso, tropeços do dólar podem pressionar esse indicador também. Em março, o dólar estava 0,7% mais caro do que em janeiro. O estudo mostra que as despesas financeiras passaram de R$ 862 milhões em março de 2003 para R$ 3,8 bilhões neste ano.
A Economática ressalta que, no geral, os resultados são positivos. "As empresas abertas não podem reclamar. Um certo aquecimento no mercado interno em determinados setores ajudou no resultado da receita", diz Fernando Exel, presidente da consultoria.
Não só as exportadoras, afirma, como companhias da área de serviço, (telefonia e energia elétrica) elevaram o faturamento.
Quanto ao lucro operacional, ele passou de R$ 11,9 bilhões nos primeiros três meses de 2003 para R$ 13,4 bilhões em igual período de 2004.
Além disso Exel lembra que melhorou a relação entre lucro operacional e dívida: de cada R$ 100 que caem no caixa das companhias foram gerados R$ 9,4 de lucro com a operação neste ano. Esse valor era de R$ 7,7 para cada R$ 100 em março de 2003.
As empresas exportadoras -com um ritmo de expansão elevado há tempos- tiveram um aumento nas vendas menor que outros segmentos no período.

Campeões
Segundo os dados, os campeões em expansão -maior variação sobre o ano passado- foram construção e eletroeletrônicos. Isso, basicamente, porque possuíam uma base de comparação fraca em 2003. Ambos foram fortemente atingidos pela retração econômica no mercado interno que forçou consumidores a reduzirem o consumo no último ano.
De janeiro a março, empresas de eletrônicos, como a Gradiente, ampliaram a receita -que no setor passou de R$ 410 milhões para R$ 506 milhões (alta de 23,4%).
Grupos privados da área de siderurgia e metalurgia tiveram expansão, porém menor, de 5,5%. No entanto, é importante ressaltar que ambos crescem em cima de uma base forte de vendas.


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