São Paulo, sábado, 15 de maio de 2004

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COMBUSTÍVEL

Barril do produto para entrega em junho chegou a ser vendido a US$ 41,56, superando a cotação de outubro de 90

Preço do petróleo bate novo recorde em NY

Ramzi Haidar/France Presse
Iraquiano trabalha em instalação petrolífera ao sul da cidade de Basra; barril subiu de novo


DA REDAÇÃO

O petróleo quebrou novo recorde ontem e foi negociado pelo maior valor da história em Nova York. Durante o pregão na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York, em inglês), o barril para entrega em junho chegou a ser cotado a US$ 41,56, superando a marca "intraday" (que considera a variação durante o dia) de US$ 41,15, que perdurava desde 10 de outubro de 1990, época da invasão do Kuait pelo Iraque.
No fim da tarde, o barril era vendido a US$ 41,38, no terceiro dia consecutivo de preço recorde no fechamento oficial do pregão.
Mais uma vez, a alta foi atribuída por analistas às tensões no Oriente Médio, às preocupações com os baixos estoques de gasolina nos EUA e a incertezas quanto à capacidade da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de elevar sua produção.
Na semana, a alta do barril de petróleo em Nova York foi de 3,6%; no mês, o produto acumula valorização de 10,7%. Desde o início do ano, a cotação subiu 27,2%.
Analista do Instituto de Energia de Cambridge, Jim Burkhard afirmou que os recentes atentados a instalações petrolíferas na Arábia Saudita e no Iraque enervaram ainda mais os mercados, que já estavam tensos.
Burkhard acrescenta que "uma forte demanda sustentada pelo forte crescimento econômico na China e nos EUA" e "riscos geopolíticos na Nigéria e na Venezuela [que são países-membros da Opep]" são razões que ajudam a explicar a alta dos preços.
Para Marshall Steeves, analista da corretora Refco, "os investidores temem que os terroristas tenham decidido passar a atacar locais de produção de petróleo, o que poderá afetar o abastecimento do mercado mundial".
Steeves afirma ainda que o mercado tem reagido de maneira desmedida e "ignorado os fundamentos" dos preços. "O foco tem sido a segurança", completa.
Na Bolsa Internacional do Petróleo, em Londres, o barril do petróleo tipo brent chegou a ser cotado a US$ 38,95, nível não alcançado desde outubro de 1990, mas, depois, caiu para US$ 38,76. Ainda assim, fechou em alta de 0,7% em relação ao dia anterior.
As cotações ficaram ainda mais pressionadas nesta semana com a divulgação, na quarta, de um relatório da Agência Internacional de Energia que aponta o crescimento da demanda mundial.
Segundo o relatório, a atual fase de expansão da economia mundial, especialmente na Ásia, impulsionou o maior aumento da demanda por petróleo no mundo nos últimos 16 anos.
Ainda segundo a agência, a demanda global neste ano subiu para 80,6 milhões de barris por dia. Em termos percentuais, o aumento será de 2,5% sobre 2003.

Impacto da inflação
No entanto, apesar dos recordes nominais dos últimos dias, as cotações ainda ficam distante das registradas em crises passadas -se ajustadas pela inflação.
Um levantamento da agência de notícias Reuters mostra que, se ajustada pela inflação (em termos reais), a cotação do barril do tipo brent chegou à casa de US$ 70 no fim dos anos 70. Era a época da Revolução Islâmica no Irã e, posteriormente, do início da guerra entre o país e o Iraque.
Segundo esse mesmo parâmetro, o preço do petróleo tipo brent chegou a cair para cerca de US$ 13 no fim dos anos 90, quando ocorreu a crise econômica na Ásia.
Os contratos futuros só começaram a ser negociados na Bolsa Mercantil de Nova York em 1983.

Com agências internacionais

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