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Fiscais do trabalho autuam Jirau por irregularidades
Ministério aponta descumprimento de normas de segurança e da lei trabalhista
Equipamentos são interditados e fiscais produzem 330 autos de infração; consórcio não comenta a operação
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma fiscalização no canteiro
de obras da usina hidrelétrica
de Jirau, em Rondônia, flagrou
o descumprimento de normas
de segurança e da legislação
trabalhista. A varredura realizada pelos fiscais produziu 330
autos de infração.
O empreendimento no rio
Madeira é um dos mais caros
do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e conta
com financiamento do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Além das autuações, segundo
a Folha apurou, foi determinada a interdição de uma série de
equipamentos que, segundo a
fiscalização, apresentavam riscos aos trabalhadores: lanchas
e balsas usadas na travessia do
rio, veículos para transporte de
explosivos e guindastes usados
na elevação de cargas pesadas.
A fiscalização também determinou a paralisação do corte
da mata para a instalação da
usina, processo conhecido como "supressão vegetal".
No canteiro de obras atuam
12.992 trabalhadores. Eles estão subordinados a 35 empresas, a maioria delas subcontratadas pelo consórcio responsável pela obra, Energia Sustentável do Brasil -formado pela
multinacional Suez, pela Camargo Corrêa e pelas estatais
Eletrosul e Chesf.
O grupo do Ministério do
Trabalho especializado em
obras de infraestrutrura passou dez dias no canteiro de
obras. A visita será refeita em
junho, para checar eventuais
providências tomadas pelas
empresas.
Apesar dos autos de infração,
as multas ainda não foram definidas, já que isso ocorre num
segundo momento, com a análise administrativa dos relatórios de campo.
Vitrine
A usina hidrelétrica de Jirau
é uma das principais obras do
PAC, selo criado pelo governo
Lula para obras de infraestrutura e usada pelos petistas como peça de propaganda da pré-candidatura presidencial da
petista Dilma Rousseff, que
coordenou o programa como
ministra da Casa Civil.
Com data de conclusão prevista para 2012, a obra está orçada em R$ 9,3 bilhões -o financiamento do BNDES é de
R$ 7,6 bilhões.
Jirau terá capacidade instalada de 3.450 MW, com energia
média de 2.000 MW (o suficiente para atender cerca de 10
milhões de residências).
Informado sobre o teor da reportagem, o consórcio não comentou o resultado da fiscalização até as 19h de ontem. Segundo sua assessoria, os dirigentes do consórcio que poderiam falar sobre o caso estavam
em viagem.
Precedentes
Esse não foi o primeiro flagrante de irregularidades trabalhistas em obras do PAC.
No ano passado, também no
rio Madeira e em Rondônia, fiscais detectaram irregularidades na usina de Santo Antônio.
Na ocasião, foram lavrados 49
autos de infração, o que representa apenas 15% do registrado
agora em Jirau. Também em
2009, no canteiro de obras de
uma usina em Goiás, fiscais do
governo encontraram e resgataram trabalhadores em regime análogo à escravidão.
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