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PACOTE CALMANTE
Cai de US$ 2 bilhões para US$ 1,4 bilhão o volume de recursos de fora que entraram no país no mês passado
Cai investimento estrangeiro em maio
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O total de investimento direto
estrangeiro no Brasil atingiu a cifra de pouco mais de US$ 1,4 bilhão em maio, um volume 30%
menor do que os US$ 2 bilhões registrados em abril.
Nos primeiros cinco meses do
ano, o total de investimento direto estrangeiro (IDE) soma cerca
de US$ 8,1 bilhões.
A informação foi confirmada
ontem à Folha pelo diretor de Política Econômica, Ilan Goldfajn.
Segundo ele, apesar da queda em
relação a abril, o número de maio
pode ser considerado positivo, já
que, se esse valor for mantido
mensalmente até o final do ano,
será atingida com folga a meta de
US$ 18 bilhões projetada pelo
Banco Central.
Goldfajn acha que as turbulências observadas no mercado financeiro nas últimas semanas
não devem se refletir nos números do IDE. Segundo ele, um investidor estrangeiro quando decide pôr dinheiro no país não pensa
no curto prazo, mas num horizonte mais longo. Por isso, ele
acha que o volume de entrada de
recursos para investimentos diretos não deverá cair.
O economista Paulo Leme, da
Goldman Sachs, considera o número de US$ 1,4 bilhão um ponto
fora da curva traçada para o IDE
deste ano. Segundo ele, o IDE poderá se recuperar à medida que o
presidenciável do PSDB, José Serra, reduzir a distância que o separa do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, nas pesquisas
eleitorais. Ele acha que essa distância deve encurtar em breve.
O economista Antônio Corrêa
de Lacerda, presidente da Sobeet
(Sociedade Brasileira de Estudos
de Empresas Transnacionais e
Globalização Econômica), diz que
o número de IDE de maio, apesar
de ser um sinal de queda, não
compromete sua previsão de US$
17,7 bilhões para este ano.
Adiamentos?
Para Lacerda, o mais importante é saber como irão se comportar
os investimentos diretos, a partir
de agora até as eleições. Ele acha
que, se o mercado continuar agitado, é possível que investimentos
externos sejam adiados.
Apesar da queda dos investimentos diretos em maio, o resultado ainda não compromete a expectativa de que o Brasil não terá
problemas para fechar as contas
externas no final do ano.
O Brasil apresenta déficit na
chamada conta de transações correntes, que registra o resultado de
todas as operações feitas com o
exterior.
Por isso, a conta de investimentos diretos é importante para o
Brasil. Além do impacto positivo
que têm sobre o setor produtivo
da economia, esses recursos ajudam a compensar o déficit em
transações correntes e a equilibrar
o balanço de pagamentos.
Segundo Sandra Utsumi, economista-chefe da BES Securities,
o déficit em transações correntes
brasileiro acumulado em 12 meses deve ter atingido US$ 20,9 bilhões em maio.
Com o US$ 1,4 bilhão de investimentos diretos recebidos de fora
no mês passado, o fluxo total desses recursos alcança US$ 23,75 bilhões nos últimos 12 meses. O resultado é suficiente para cobrir o
rombo das transações correntes.
Nas contas de Alexandre
Schwartsman, economista-chefe
da BBA Corretora, ainda que seja
mantida uma média de US$ 1 bilhão de investimentos diretos de
agora até o fim do ano, as contas
externas do país ficam cobertas.
O perigo, advertem especialistas, é que esse valor entre numa
trajetória de forte queda daqui para a frente.
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