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PACOTE CALMANTE
Banco Central aumenta de 10% para 15% a alíquota de recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo
Compulsório tira R$ 6,5 bi de circulação
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Menos de 24 horas depois de o
governo anunciar um minipacote
econômico com o objetivo de
conter o nervosismo do mercado,
o Banco Central precisou atuar de
maneira agressiva, desde a manhã
de ontem, numa nova tentativa de
acalmar os investidores.
O BC vendeu dólares no mercado para segurar as cotações e retirou R$ 6,5 bilhões do mercado para conter a especulação, mas não
conseguiu frear a alta da moeda
norte-americana.
Pouco depois do início das operações no mercado de câmbio, o
BC já anunciava o aumento, de
10% para 15%, da alíquota de recolhimento compulsório sobre
depósitos a prazo. Isso quer dizer
que, de agora em diante, de cada
R$ 100 que os bancos captam por
meio de CDBs (Certificado de Depósito Bancário), R$ 15 precisam
ser depositados no BC.
A medida deve retirar cerca de
R$ 6,5 bilhões do mercado. Com
menos dinheiro em caixa, os bancos terão menos recursos disponíveis para, por exemplo, comprar dólares, o que pode frear a alta da cotação da moeda. Segundo
o chefe do Departamento de Operações Bancárias do BC, José Antônio Marciano, o objetivo da medida é retirar dos bancos recursos
que "poderiam ser usados em
ações especulativas".
A mesma medida já havia sido
adotada em outubro de 2001. Na
época, a cotação do dólar chegou
a ultrapassar os R$ 2,80, e o BC
elevou a alíquota do compulsório
de zero para 10%.
Além de reduzir a pressão sobre
a cotação do dólar, o aumento do
compulsório provoca a alta dos
juros praticados pelos bancos:
com menos recursos disponível,
as instituições financeiras passam
a cobrar taxas maiores para fazer
empréstimos.
Ainda de manhã, segundo operadores, o BC já havia feito sua
primeira intervenção no câmbio
desde dezembro, quando eram
vendidos diariamente US$ 50 milhões. A venda de dólares só foi
confirmada pelo BC no final da
tarde. O valor da intervenção deve
ser divulgado na quarta-feira.
Mesmo com a ação do BC, o dólar encerrou a manhã cotado a R$
2,718, praticamente estável em relação a quarta-feira.
À tarde, o BC passou a atuar
com títulos públicos pós-fixados,
comprando papéis que vencem
entre 2004 e 2006 e substituindo-os por outros que vencem em outubro deste ano. Desde 1999 o governo não vendia títulos pós-fixados com vencimento tão curto.
Recuperação
Ao trocar papéis com vencimento em até quatro anos por outros de prazo mais curto, o BC
tenta estimular a recuperação das
cotações dos títulos públicos que
vencem a partir de 2003. Esses títulos têm se desvalorizado, em
parte, por causa da ansiedade trazida ao mercado pelas eleições.
A preocupação com o cenário
político tem dificultado a rolagem
da dívida pública, pois o mercado
está exigindo juros muito elevados para investir em papéis do governo. Ontem, o Tesouro cancelou o leilão semanal de títulos públicos que deveria ser realizado na
próxima terça-feira. Em nota divulgada no final da tarde, o Tesouro informou que o cancelamento foi decidido por causa "da
volatilidade que o mercado financeiro vem apresentando".
A uma hora do encerramento
dos negócios, o BC anunciou ainda que irá fazer um leilão de linha
externa na próxima segunda-feira. Esse tipo de leilão faz parte do
conjunto de medidas anunciadas
pelo governo na última quarta.
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