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Para analistas, turbulência deve diminuir
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
As medidas adotadas pelo BC
ontem tiveram impactos positivos e ajudaram a diminuir a
turbulência nos mercados, avaliam analistas ouvidos pela Folha. Eles dizem que, apesar de o
BC ter uma capacidade limitada de atuação, a autoridade
monetária conseguiu diminuir
o nervosismo, ainda que temporariamente.
O dólar fechou em alta, num
dia relativamente mais calmo.
"As medidas devem começar a
ter efeitos mais fortes na próxima semana", diz José Berenger,
diretor do banco BBA.
"Apesar de não terem contido o dólar, [as medidas" acalmaram o mercado. Isso fica
claro se observamos que a turbulência no mercado internacional foi bem maior e não foi
acompanhada pelo mercado
interno", diz Carlos Kawall,
economista-chefe do Citibank.
O BC vendeu dólares, aumentando a oferta da moeda,
para tentar conter a queda do
real. Houve também um leilão
de swap cambial -papéis atrelados ao câmbio. A oferta desses títulos também ajuda a conter a alta da moeda norte-americana. Quando os investidores
temem a desvalorização cambial, a procura por dólares aumenta. Um leilão de papéis que
protegem contra as oscilações
da taxa de câmbio atende à demanda por proteção, evitando
uma alta do dólar.
A intervenção por meio da
venda de dólares foi pequena.
"O BC está tentando conter um
pouco as turbulências. Mas a
capacidade de intervenção é limitada", diz João Luiz Mascolo, da consultoria Foresee. Ele
lembra que, em 1998, tentando
defender o câmbio fixo, o governo perdeu mais de US$ 25
bilhões em reservas em apenas
um mês. "O BC não pode arriscar muito. Se o nervosismo for
muito grande, ele [o BC" pode
se dar mal", diz Mascolo.
O governo trocou títulos que
venciam nos próximos três
anos por papéis que vencem
em outubro. Com essa medida,
a equipe econômica tenta reduzir o temor do mercado em relação a um possível calote, já
que os novos papéis vencem
durante o governo atual.
Com a troca, o governo começou a reduzir o prazo médio
da dívida pública, ou seja, os
vencimentos ficam mais curtos. A medida pode dificultar a
rolagem (refinanciamento) dos
papéis, mas é considerada adequada pelos analistas, que dizem que ela é imprescindível
para tranquilizar os investidores. "[O encurtamento do prazo da dívida" é uma consequência inevitável do cenário
atual", diz Berenger.
O BC aumentou também os
requerimentos de depósitos
compulsórios -a quantidade
de recursos que, obrigatoriamente, os bancos têm de deixar
depositada no BC. A medida é
uma tentativa de enxugar a liquidez no mercado brasileiro,
ou seja, reduzir a quantidade
de dinheiro e crédito disponível. Com menos recursos, diminuiria a capacidade de bancos e investidores comprarem
dólares, o que pode ajudar a
amenizar a pressão no câmbio.
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